Boa Midia

Pela municipalização do Corpo de Bombeiros

Bombeiros em ação
Bombeiros em ação

Nenhuma instituição brasileira goza de tanto prestígio quanto o Corpo de Bombeiros Militar. Em todas as cidades e vilas, no campo, nas esquinas, o cidadão sempre tem a melhor avaliação sobre essa organização militar que é formada por heróis sempre prontos em defesa da vida e do patrimônio.  Nesse caso, cabe a pergunta: qual a razão do título deste editorial? A resposta é simples: o chamarisco para a leitura teria que ser forte, pra atrair o maior número possível de internautas, pois o tema sobre os Bombeiros é extremamente relevante.

A vida dura do bombeiro militar
A vida dura do bombeiro militar

Independentemente de conhecimento acadêmico na área agronômica, o cidadão sabe que a poda é excelente procedimento para revigorar a árvore frutífera e ornamental. Também independentemente do saber universitário, o Brasil tem consciência que os tempos mudaram, que essa mudança é permanente e que ela não exclui os Bombeiros – fiquem no caso específico de Mato Grosso.

Somos um Estado quase continental, com 903 mil km² com mais de 90% cobertos por vegetal primitiva ou ocupado por lavouras (e sua munha na entressafra) e pastagem. Portanto temos um ambiente propício ao fogo, que em meados do ano tem dois componentes facilitadores de sua propagação: ventos fortes associados ao clima quente e a baixa umidade relativa do ar, e a topografia plana. Nessa vastidão politica e administrativamente dividida em 141 municípios, os Bombeiros se fazem presentes em apenas 21 cidades: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Barra do Garças, Cáceres, Tangará da Serra, Nova Xavantina, Nova Mutum, Primavera do Leste, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Jaciara, Sorriso, Campo Verde, Colíder, Lucas do Rio Verde, Juína, Alto Araguaia, Confresa e Guarantã do Norte.

Consideremos que em alguns municípios a presença dos Bombeiros é quase simbólica. Levemos em conta que oito municípios têm áreas maiores do que Sergipe ou Israel. São eles: Aripuanã, Colniza, Juína, Juara, Cáceres, Paranatinga, Comodoro e Apiacás, e que outros se aproximam desse dimensão, a exemplo de Brasnorte, São Félix do Araguaia, Gaúcha do Norte, Peixoto de Azevedo, Poconé e Cocalinho.

Considerações e ponderações à parte. Podemos o Corpo de Bombeiros Militar.

A importância do cão no trabalho do Corpo de Bombeiros
A importância do cão em algumas operações de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar

Avalio que o Corpo de Bombeiros não pode continuar estadualizado nos moldes atuais. Entendo que sua municipalização seja o melhor caminho, sem prejuízo da continuidade daquela corporação, mas para atendimento exclusivo à região metropolitana de Cuiabá (oficialmente ainda não chegamos a esse rótulo), para formação de bombeiros municipais e atuações pontuais em casos raros de vazamento de gás empresarial, acidente com carretas transportadoras de produtos tóxicos, remoção de vítimas de acidentes aéreos, rompimento de barragem etc. Corporação constitucionalmente reserva e força auxiliar do Exército Brasileiro, seu encolhimento a Cuiabá e Várzea Grande não lhe retiraria essa atribuição.

Sem o Corpo de Bombeiros Militar a prefeitura terá que criar estrutura mínima de atuação. Por menor que seja o município seu orçamento e a participação popular garantirão a aquisição de barcos e caminhões. Na cidades médias e maiores, com edifícios, será preciso a aquisição de escadas, mas nessas localidades, normalmente a receita orçamentária é maior do que nas pequenas.  Somem-se a isso o fato de Mato Grosso concentrar a maior frota da aviação aeroagrícola nacional. O engajamento empresarial com o município permitiria a cidades iguais a Primavera do Leste, Sapezal, Campo Verde, Rondonópolis, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Campos de Júlio, Querência, Campo Novo do Parecis e outras a contarem com estratégica força aérea para combate a incêndios florestais, nas lavouras e pastagens.

Observemos que os prefeitos e as câmaras municipais das pequenas cidades utilizam modernas camionetes em sua viagens a Cuiabá. Se ao invés dessa mordomia a dinheirama para a compra desses veículos fosse destinado aos bombeiros municipais haveria bom recurso com rubrica para tanto.

Lembrem-se que em 11 de outubro dezenas de prefeitos irão a São Félix do Araguaia para um encontro regional  da AMM (entidade que representa os municípios) que coincidentemente acontece paralelamente a um festival de pesca esportiva. Se o dinheiro que será gasto com o turismo institucional àquele evento fosse canalizado para estruturar os bombeiros municipais, certamente contribuiria e muito para a municipalização dos Bombeiros.

Sejamos práticos e objetivos. Ninguém cuida melhor da cidade do que sua gente. Evoluir sempre. Observem exemplos nos Estados Unidos e outros países, onde Bombeiros e policiais são municipais. Isso, sem prejuízo (adaptando-se a nós) da existência da Polícia Militar, Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Judiciária Civil, Corpo de Bombeiros Militar e outras instituições de segurança.

Municipalizar não significa se isolar. Em cidades vizinhas, seria possível ação conjunta das prefeituras. Nortelândia e Arenápolis; Jaciara, São Pedro da Cipa e Juscimeira; Matupá e Peixoto de Azevedo; Barra do Garças, Pontal do Araguaia e a goiana Aragarças, e Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia (GO) são exemplos para operações municipais – nesse caso intermunicipais, e mais ainda, interestaduais considerando-se Aragarças e Santa Rita do Araguaia.

A Assembleia Legislativa deveria se debruçar sobre essa sugestão incluindo a ela o desmonte da Superintendência de Proteção e Defesa Civil transferindo sua estrutura aos Bombeiros, demitindo seus comissionados e remanejando para outras áreas seu pessoal concursado, se é que o mesmo existe.

A municipalização dos Bombeiros em nome da praticidade funcional, da melhora do tempo de resposta e da modernização do Estado pode parecer algo intempestivo  que fere o histórico da instituição, tanto quanto foi quando de sua criação com seu desmembramento da Polícia Militar em 1994, quando pela primeira vez seu comando foi exercido por um Bombeiro efetivamente Bombeiro, o segundo tenente Amilton Sá Corrêa.

Por um novo tempo. Tempo da municipalização dos Bombeiros. Tempo da extinção da Defesa Civil, Tempo de praticidade e economicidade administrativa. Tempo de mentalidade aberta, sem reserva de mercado. Tempo em que Mato Grosso poderá definitivamente entrar na área da modernização longe do gigantismo do Estado, do inchaço da máquina pública. Por tudo isso, que a Assembleia Legislativa,  as instituições e as forças democráticas populares analisem essa modesta sugestão.

Eduardo Gomes de Andrade

Editor de blogdoeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

FOTOS:

1 e 2 – Christiano Antonucci – Governo de Mato Grosso – Divulgação

3 – Soldado BM Vieira

 

 

10 Comentários
  1. Alexandre Coronel Diz

    Nao fala merda, somos Militares Estaduais nenhuma prefeitura aguenta bancar e estrutura de um Corpo de Bombeiros. A primeira viatura de combate a incêndio que forem comprar vai quebrar a prefeitura uma VTR custa mais de 1 milhão de reais.

  2. Eduardo Diz

    Defenda seu posicionamento sem baixar o nível. Respeito é bom.

  3. Rita Dalastra Diz

    Parabéns eu moro em Brasnorte e aqui não tem bombeiros
    Rita Dalastra – Brasnorte

  4. Carlos José Diz

    O interesse em municipalizar os BMs é puramente politiqueiro. Nenhum Bombeiro honrado concorda com uma idiotice dessas.

  5. Gabriel Diz

    Interessante, uma idéia que deve ser discutida, avaliar os pontos positivos e os negativos. E debates abertos a sociedade sobre custos, repasses entre outros

  6. Vinícius Diz

    Peço que o autor e os leitores deem uma olhada no Decreto 63.058/17 que Regulamenta o Sistema de Atendimento de Emergências no Estado de São Paulo, esse dispositivo disciplina a questão de bombeiros municipais e até mesmo voluntários.
    Na minha visão é o melhor texto sobre o assunto, pois ele indica um parâmetro em relação a quais cidades devem obrigatoriamente ter uma corporação de bombeiros militares, municipais e voluntários e ainda indica que independente da forma, todos terão que ter a supervisão dos militares, assim garantindo o profissionalismo e a qualidade do atendimento.

  7. Yuri Diz

    Concordo com Alexandre! Tb sou BM militar e é ridiculo uma prefeitura achar q pode aparelhar ou pelo menos manutenir as viaturas de um CBM. Outra coisa Eduardo, quem fala o que quer, tem que estar preparado para ouvir o que não quer. Entenda primeiro como funciona um CB e depois reescreva essa futilidade

  8. Eustelo Diz

    O quê impede a criação de brigadas municipais? Com uso de recursos mistos de grandes propriedades rurais e municípios. Poda meu amigo, só em culturas agrícolas que o desenvolvimento vegetativo e de reprodução necessita ou poda corretiva. O quê não é o caso do CBM, que é vistoso e produtivo, esse tipo de corte poderia acabar com essa excelência, o SAMU, Serviço Atendimento Móvel de Urgência, muito mais barato, quê é administrado pelos municípios está sucateado em muitos locais, inclusive alguns foram assumidos pelos Bombeiros, então concordo com o Coronel, não fala besteira.

  9. Cristiano Monteiro Diz

    Em primeiro lugar o Sr. Alexandre Coronel não baixou o nível….tambem vejo muita merda dita nessa matéria, ta achando que o bombeiro militar é ONG ou escoteiros pois é isso que essa materia quiz dizer de forma análoga. Apesar de ter tido boas intenções o Sr Eduardo G. de Andrade fala sem conheci.ebto de causa. Muito bonita a fala… mas eu discordo, o bombeiro militar deveria ser era Federalizado ou continuar Estadual, mas se submeter as arbitrariedades de cada município seria despersonalisar a corporação e coloca la aos caprichos de cada município que sabemos cada qual individualmente tem suas mazelas… Sem falar do desmanche da hierarquia e discillina submetidas aos mandos e desmandos de prefeitos locais e o pagamento seria certamente desvalorizado, sem falar da operacionalidade que seria tambem comprometida… pois como disse os amigos nao é barato… e as prefeituras em sua grande maioria são carentes de recursos…

  10. Arilton Ferreira Diz

    Brigada municipal, sem apoio é piada

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