A semana em que Janaína quase foi governadora. Este foi o título da manchete postada em 25 deste maio e que foi acessada por 170 internautas. O conteúdo (reproduzido no rodapé desta matéria) revelava que Janaína Riva (MDB) na presidência interina da Assembleia Legislativa teria convencido o governador democrata Mauro Mendes a viajar pra Bolívia em busca de entendimento para a retomada da venda de gás boliviano para Mato Grosso. A viagem coincidiria com a ausência do vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), que se encontrava na Inglaterra. Com os dois fora do país ela assumiria o Palácio Paiaguás, por dois dias. Mauro teria costurado o entendimento com La Paz, mas alguns gurus o desanimaram de fazê-lo no momento sugerido, em razão do caos administrativo instalado em seu governo. Ontem, 30 a Comunicação do Paiaguás e sites amigos noticiaram que o governante foi a Santa Cruz de la Sierra para se encontrar com o cocalero presidente Evo Morales. Essa viagem não teria o desgaste que poderia acontecer com a jogada com Janaína e, de quebra, ocuparia espaço na mídia enquanto a Educação cruza os braços em greve.

Não é fácil fazer jornalismo independente na abençoada e ensolarada Terra do Patrono das Comunicações, nosso herói Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Nenhum político repercutiu a informação. As mídias sociais ficaram em silêncio tanto quanto a mídia amiga.

Para agradar a deputada, Mauro tentou o encontro e o conseguiu, mas teve que adiá-lo à espera do regresso de Pivetta do exterior. A dilatação do prazo se estendeu a ontem, data em que Evo cumpriu agenda em Santa Cruz. O presidente boliviano não foi àquela cidade para receber o governador de Mato Grosso e tratar sobre gás: estava lá para cumprir extensa agenda. Santa Cruz faz oposição a ele, e por razões políticas, os assuntos internacionais – principalmente no tocante ao Brasil – são tratados em La Paz.

Não resultou em nada a ida de Mauro à frente de um trenzinho da alegria formado pelos secretários Mauro Carvalho (Casa Civil) e Rogério Gallo (Fazenda); pelo presidente do MT Gás, Rafael Reis  e do diretor comercial daquela empresa, Juliano Calçada; e pelo consultor Vanderlei Reck Júnior.

A questão do gás é complexa. A Bolívia não produz o suficiente para atender às demandas externas da Petrobrás e Argentina. Mato Grosso tem um gasoduto exclusivo, mas é o menor dos importadores, o que lhe toma competitividade comercial.

Duas situações deveriam ser esmiuçadas pela Assembleia Legislativa: a tentativa de transformar Janaína em governadora, independentemente do custo dessa jogada; e a viagem de Mauro.

Claro que esse assunto não terá repercussão. Todos preferem o silêncio em situações delicadas assim

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS: Governo Boliviano

(Matéria de 25 de maio de 2019)

A semana em que Janaína quase foi governadora

Quase governadora. Depois de tudo pronto, devidamente costurado, o governador democrata Mauro Mendesrecuou e o sonho de Janaína Riva (MDB) de ser governadora constitucional foi por águas abaixo. Isso foi o que aconteceu no começo da semana que neste 25 de maio chega ao fim.

O detalhe: aconteceu longe do olhar do cidadão e de praticamente toda a classe política mato-grossense.

Presidente em exercício da Assembleia Legislativa, Janaína é o segundo nome na linha sucessória  de Mauro. Na semana passada – também sem alarde e longe do conhecimento popular – o vice-governador Otaviano Pivetta (PDT) embarcou para a Europa e no dia 19 proferiu palestra sobre sustentabilidade num evento sobre esse tema na Universidade de Oxford, na cidade do mesmo nome, na Inglaterra.

Bem antes do embarque de Pivetta, Janaína sabia sobre a viagem e procurou Mauro pra que ele se ausentasse do Brasil por dois dias – nesse período ela seria governadora. Não há informações sobre o teor da conversa dela com ele. Mas, pode ser algo na base da Oração de São Francisco – eu assumo o Paiaguás e visto sem ressalva sua camisa na Assembleia.

A fonte que revelou esse fato disse que Mauro teria concordado e que teria procurado a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) – a Petrobras dos hermanos na terra do cocalero Evo Morales para discutir a questão da ruptura da entrega plena e constante do gás boliviano a Mato Grosso.

Aparentemente estava tudo combinado. Pivetta na Inglaterra, Mauro na Bolívia e Janaína no Paiaguás. Com os noivos ao pé da altar alguns conselheiros do governador ponderaram que não soaria bem a manobra diante do caos administrativo, com salários escalonados, retenção da RGA e à vésperas de uma greve decretada pelo Sintep – o sindicato dos profissionais da educação – para começar no próximo dia 27.

Os gurus alertaram que mesmo com toda docilidade da mídia amiga, os afagos da Assembleia Legislativa e a afinidade de Mauro com Bolsonaro, não faltaria crítica.

Resumo:  O governador recuou. Pivetta voltou para Mato Grosso nesse final de semana. Janaína ficou chateada, porque armou bem, mas sua jogada bateu na trave.

Pra quem não tem boa memória vale acrescentar que Mato Grosso teve uma mulher à frente de seu governo. Foi a vice-governadora Iraci França (PPS), que na ausência do titular Blairo Maggi/PPS (2003/06)), o substituía.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTO: Marcos Lopes – Assembleia Legislativa