Boa Midia

O lado obscuro da greve do Sintep, que a Imprensa não aborda

Hoje, 29, funcionários desmontam as tendas na Assembleia
Hoje, 29, funcionários desmontam as tendas na Assembleia

Tomou Doril. O radicalismo do movimento grevista de profissionais da Educação em Mato Grosso liderado pelo Sintep – o sindicato da categoria – sumiu. Isso mesmo. Quem passar, hoje, 29, nas imediações da Assembleia Legislativa não verá as tendas armadas pelos sindicalistas, nem o caminhão de som, nem os banheiros químicos, nem as barracas de camping, nem a movimentação de pessoas, No sábado, 27, o site alertou para um suposto esquema entre deputados da base governista e sindicalistas, para que a greve da Educação – que já agonizava – fosse mantida até a votação da minirreforma proposta pelo governador democrata Mauro Mendes, com a finalidade de majorar alíquotas, criar impostos e aumentar a arrecadação tributária anual em R$ 1 bilhão.

Na semana passada, fila para almoço na barraca do Sintep
Na semana passada, fila para almoço na barraca do Sintep

Em 27 de maio o Sintep declarou greve geral por tempo indeterminado (boxe). Uma das formas de protesto era manifestada no pátio e nas galerias da Assembleia. Um fonte revelou ao site que parte da cúpula grevista estaria pronta para jogar a toalha, suspender o movimento e buscar amparo na Justiça, mas que no começo da semana passada, um grupo de deputados ligados ao governador teria negociado com sindicalistas pra que o protesto se estendesse até que o projeto da minirreforma fosse votado. O texto com o alerta do site sustentava:

“… Não se discute a razão do professor em protestar contra Mauro Mendes, mas o longo período em greve esvaziou o movimento, que poderia ter murchado na semana que chegou ao fim neste sábado, 27. Uma fonte da Assembleia, no entanto, faz uma revelação preocupante: deputados atrelados ao governo teriam negociado com alguns líderes da greve, pra que o protesto avançasse e de modo mais radical, por duas razões: primeiro era preciso retirar do plenário a votação do segundo turno do PL 53 e levá-la para um ambiente mais discreto; e segundo, a greve serviria para diluir a atenção da opinião pública sobre o projeto do governador. Coincidência ou não, a votação em segundo turno aconteceu na sala do Colégio de Líderes, longe do olhar da opinião pública, que poderia aplaudir ou criticar o posicionamento dos deputados sobre essa ou aquela tese apresentada…”.

Hoje, 29, o pátio da Assembleia está vazio
Hoje, 29, o pátio da Assembleia está vazio

Bastou a minirreforma ser aprovada em segundo turno, na manhã do sábado, 27, pra que o movimento dobrasse a curva da esquina e se afastasse da Assembleia como diabo corre da cruz. Hoje, o discurso do Sintep e do governo é sobre a construção de um diálogo que bote fim ao protesto.

Para hoje estaria agendada uma rodada de negociação entre o presidente do Sintep, Valdeir Pereira; o chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho; o secretário de Fazenda, Rogério Gallo; a deputada federal Rosa Neide (PT); e os deputados estaduais Lúdio Cabral e Valdir Barranco (ambos PT); e possivelmente, um representante do Ministério Público do Trabalho. Tudo indica que amanhã a greve estará na galeria do esquecimento.

Grevistas fazem vigília na Assembleia em barracas de camping
Grevistas fazem vigília na Assembleia em barracas de camping

Muitos são os prejudicados por essa estranha aliança entre sindicalistas e deputados, que tanto interessava a Mauro Mendes. Mato Grosso tem 390 alunos em 767 escolas nos 141 municípios. Não é possível saber, agora, quantas escolas funcionam plena e parcialmente, e por isso não se pode quantificar com exatidão quantos matriculados estão fora das salas de aula. Sempre que há greve, grevistas e governo apresentam números diferentes.

O que é possível saber?

É possível saber que alunos perderam, no mínimo, uma semana de aula, que poderia ter sido produtiva, mas que não o foi por conta dos tais entendimentos entre deputados e grevistas.

É possível saber que a Assembleia aprovou a minirreforma de Mauro Mendes, que segundo governo e Assembleia resultará numa facada no contribuinte de mais um bilhão de reais em impostos.

Boxe

 

Silval criou a lei do realinhamento
Silval criou a lei do realinhamento

HISTÓRICO – Em 11 de novembro de 2013 o governador Silval Barbosa sancionou uma lei complementar (510) de sua autoria, aprovada pela Assembleia Legislativa que cria um realinhamento para efeito de ganho real. A mesma estabelecia aumento de 5% em 2014; de 6% em 2015; de 7% em 2016; e de 7,69% entre os anos de 2017 e 2023. Sua aprovação foi duramente negociada com o Sintep, mas sua sanção pacificou o espírito grevista que tomava conta de dirigentes da categoria à época. Em dezembro de 2014 o mandato de Silval terminou. O governador Pedro Taques assumiu o governo com um discurso de Estado falido, roubado, assaltado. Aos trancos e barrancos o governador cumpriu a tal lei, mas enfiou os pés pelas mãos travando queda de braço com os servidores para não lhes pagar a RGA O funcionalismo foi para as ruas, ocupou a Assembleia, cercou o Palácio Paiaguás. Taques mastigoumastigou e bancou o camelô: no apagar das luzes de seu mandato parcelou a RGA de 2018, de 4,19%  em duas vezes: a primeira, de 2% em outubro, e a outra, de 2,19% em dezembro.

No apagar das luzes de seu governo, Taques parcelou e não pagou RGA
No apagar das luzes de seu governo, Taques parcelou e não pagou RGA

Candidato à reeleição em 2018 e enxotado pelas urnas no primeiro turno, Taques deu uma banana para a segunda parcela da RGA. Seu secretário de Fazenda era Rogério Gallo, o mesmo de Mauro Mendes, agora

Mauro Mendes assumiu com um discurso tão ou mais tétrico do que aquele que se ouvia de seu guru Taques. 

De repente os 40 mil professores estaduais se viram nus no baile: sem RGA, sem receber o resíduo da RGA parcelada de 2018, com salário escalonado, com o 13º empurrado para o final do ano.

Mais: o professor quer a profissionalização do magistério, com a convocação de aprovados em concurso público e a eliminação dos professores contratados.

Mais ainda, mas sem muita convicção – pra rechear a pauta da greve – o professor quer reforma de centenas de escolas e alguns penduricalhos que nem mesmo ele sabe de cor quantos e quais são.

DURA LEX? – Mauro Mendes responde por um governo que gasta mais de 58% de sua receita corrente líquida com a folha salarial, enquanto a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) fixa o teto em 49%. Além de seu decreto de calamidade financeira o governador também se escora na LRF pra dizer não aos professores.

O governador avalia que se Mato Grosso fosse uma empresa estaria insolvente, mas assim continua driblando a RGA e outros direitos do servidor e permanece generoso nomeando barnabés comissionados. Sua Casa Civil tem mais de 265 cabeças coroadas. Sua caneta que contrata gasta mais tinha do que aquela que exonera. E que a RGA não o ouça.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS: blogdoeduardogomes

FOTOS: 1 e 3 de 29 de julho de 2019

 

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies