Boa Midia

Novacki, ministro; não!

Eumar Roberto Novacki, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no lugar da ministra Tereza Cristina, Isso é o que leio em grupos de WhatsApp considerados influentes em Cuiabá, e com postagens de figuras que sempre gravitam à sombra do poder e, consequentemente têm algum tipo de informação de bastidores. Caso isso aconteça, será mais um destempero do imprevisível presidente Jair Bolsonaro. Enquanto cidadão sou totalmente contrário ao que dizem os grupos em tom eufórico, repetindo aqui, o que a mídia nacional revela sem destaque.

O Ministério da Agricultura é altamente estratégico, por várias razões, tanto da porteira das propriedades pra dentro quanto pra fora incluindo – e principalmente – o exterior.

A Ministra Tereza Cristina (DEM)  é deputada federal reeleita pelo vizinho Mato Grosso do Sul. Naquele Estado exerceu funções relevantes  na esfera do agro, tendo sido secretária de Agricultura. Além de liderança ruralista que presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), é agrônoma e tem berço político: bisneta de Pedro Celestino Corrêa da Costa e neta de Fernando Corrêa da Costa, que foram governadores de Mato Grosso antes da divisão que criou Mato Grosso do Sul.

Novacki é coronel da reserva remunerada da Polícia Militar. No duplo governo de Blairo Maggi (2003 a março de 2010) exerceu vários cargos no secretariado. As promoções de Novacki a major, tenente-coronel e coronel geraram questionamentos, inclusive na esfera judicial, sob o argumento de que as mesma atropelavam o interstício da corporação. Blairo se elegeu senador e Novacki foi o chefe de seu gabinete. Blairo assumiu o Ministério da Agricultura e Novacki foi o secretário-executivo. Depois, por quatro meses, foi chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal.  Novacki não tem militância política, não é liderança ruralista e não tem berço político.

Nada tenho contra Novacki, mas caso o presidente resolva nomeá-lo ministro estará dando um chute no traseiro na cadeia do agronegócio mato-grossense, que além de ser a maior do Brasil, tem em sua composição figuras de peso político, lideranças empresariais, nomes que pesam na composição do PIB agrícola nacional e na balança comercial, além de renomados pesquisadores, pecuaristas, empresários do setor  sucroalcooleiro e dos demais elos da grande cadeia no agro.

Novacki é bem articulado e sabe ocupar espaços com muita rapidez. Se tal propósito existe, ele o agarrará com as duas mãos.  Na sua curta passagem pelos meios políticos deixou cabeças coroadas pelo caminho. Chegou com cara de quem não queria nada. Era um jovem oficial indicado ao governador Blairo Maggi para sua ajudância, pelo chefe da Casa Militar, coronel PM Walter de Fátima. Em pouco tempo criou um bordão no Palácio Paiaguás, que era dito por quase todos, claro que na ausência dos citados: Blairo é o dono poder; Novacki, o sócio.

Bolsonaro é o imprevisível em pessoa. Não é estadista, não tem habilidade política e sequer sabe que existe o rito do cargo que exerce. A farda de Novacki poderá pesar favoravelmente ao cargo, mas é preciso levar em conta que o presidente mesmo a um passo da linha da loucura – como demonstra em algumas ocasiões – de doido não tem nada.

A faixa sombria onde Bolsonaro vagueia é preocupante. A qualquer momento sua caneta azul poderá despachar com bilhete de igual cor a ministra Tereza Cristina e nomear a farda de Novacki, ou melhor o Novacki e sua farda, ou ainda jogar o Ministério do colo do Centrão, já que essa banda podre da política chegou ao governo com suas primeiras nomeações.

Imagino que o ideal seria a continuidade da ministra Tereza Cristina no cargo. Mas, em caso de mudança, que o presidente leve em conta o Norte do Ministério e indique para sua titularidade um representante do Estado mais importante na agricultura, pecuária, esmagamento de soja e exportação de commodities agrícolas, que no caso é o  velho e bom Mato Grosso.

Longe de paixão por farda e bem distante do Centrão, em caso de mudança no Ministério, Bolsonaro deveria ouvir um colegiado mato-grossense que representasse o agro em todos os elos de sua engrenagem. Cito alguns nomes, sem prevalência na ordem de citação – à exceção de Blairo Maggi, que considero o mais expressivo e inclusive apto a ser novamente ministro. São figuras que cultivam, lidam com gado, abatem, industrializam, leiloam, exportam, pesquisam, prestam assessoramento jurídico, lideram, que ora estão bem financeiramente e ora quebrados, exercem mandatos eletivos inclusive no Congresso Nacional, que foram ministros da Agricultura. A essa lista e com igual dimensão poderiam ser incluídos dezenas de outros nomes. Creio que Novacki seja um corpo estranho no ambiente do agronegócio, apesar do cargo devidamente apadrinhado que exerceu no Ministério.

A ministra Tereza Cristina merece respeito – e creio – deve continuar no cargo, mas se Bolsonaro levar adiante o processo de fritura ministerial que o move nos últimos dias, que ele  antes de qualquer canetada ouça a cadeia do agro mato-grossense. Que ele se  reúna com esses ou alguns desses vultos e lhes peça um nome: Blairo Maggi, Eraí Maggi Scheffer, Otaviano Pivetta, Alberto Schlatter, Luiz Carlos Freitas, Roland Trentini, Gilberto Eberhardt, Anilson Rotta, Gilson Ferrúcio Pinesso, Etso Rosolin, Rogério Salles,  Elói Brunetta, Carlos Sfreddo, Luiz Carlos Ticianel, Rita de Cássia Pinto Hachiya, Romão Ribeiro Flor, Otávio Palmeira, Paulo Bilego, João Carlos Facholi, Adilton Sachetti,  Ida Beatriz Machado de Miranda Sá, Jair Mariano, Pedro Bonetti, Shiro Nishimura, Ricardo Tomczyk, André Guilherme Sucolotti, Fernando Tulha,  Paulo Sérgio Aguiar, Gilberto Goellner, Eloi Vitório Marchett, Hortêncio Paro, Iedo Souza Lima, Odílio Balbinotti, Celso Griesang, Kleiber Leite Pereira, Carlos Alberto Guimarães – o Carlito, Ângelo Carlos Maronezzi,  Edeon Vaz,  Alexandre De Marco, Maurício Tonhá, deputado federal Neri Geller, senador  Jayme Campos,  Milton Garbugio, suplente de senadora Cândida Farias, Alex Nobuyoshi Utida, Sérgio Stefanelo, Aréssio Paquer, Carlos Ernesto Augustin, João Carlos de Souza Meirelles, Orlando Cesar Júlio, Décio Coutinho, senador Wellington Fagundes, Luiz Carlos Meister, deputado federal Nelson Barbudo, Paulo Bellincanta, Guilherme Nolasco, Rui Prado, Jorge Pires de Miranda,  Arno Schneider, Marcos da Rosa, Augustinho Freitas Martins, Orcival Guimarães, Itamar Locks,  Jones Pagno, Orlando Polatto, Helmute Lawisch, Reinaldo Moraes, prefeito Fernando Gorgen, Zeca D’Ávila, Valter José Peters, Inácio Camilo Ruaro, Rudolf Thomas Aernoudts, Dilceu Rossato, Beto Possamai,  Mário Cândia, Chico da Paulicéia, vice-prefeito César Maggi, Dante Petroni, deputado estadual Xuxu Dal Molin, Nery Ribas, prefeito Francis Maris, Cidinho dos Santos, Amarildo Merotti, Luiz Castelo, Marco Túlio Soares, José Nardes, Jeremias Pereira Leite, Noslen Junyor Bonfim e José Lino – Cabeção.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista

eduardogomes.ega@gmail.com

 

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