No Estado Contábil governo não fala sobre hanseníase
Mato Grosso lidera o triste ranking nacional da hanseníase, que é estigmatizante e tem citações bíblicas no Velho e no Novo Testamentos. Além do problema de Saúde Pública em si, o mato-grossense agora também passa a conviver com a indiferença do governo estadual quanto a essa doença, que por seu longo período de incubação é de difícil enfrentamento.
Neste domingo, Dia Mundial de Combate à Hanseníase, o governo de Mauro Mendes não se manifesta sobre essa doença e não faz campanha de conscientização sobre a necessidade de diagnóstico e tratamento. Mauro e sua equipe estão com os olhos voltados somente para o oficial estado de calamidade pública por ele decretado, para o planejamento do aumento da carga tributária, para a política de atraso salarial, a demissão de comissionados e a contratação de outros com a mesma função ou rotulação.
Pobre Mato Grosso onde o secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, foi nomeado por afinidade com Mauro, muito embora em seu currículo não haja nenhum título ou experiência na gestão de Saúde Pública, uma vez que o mesmo é professor de Ensino Médio, ocupou a Secretaria de Educação de Mauro quando esse foi prefeito de Cuiabá, e exerce mandato (licenciado agora) de vereador pela capital.
A Saúde em Mato Grosso é a área de pior desempenho do governo desde o mandato de Pedro Taques (2015-18) que prossegue com seu ex-liderado Mauro. O novo governador não teve sensatez administrativa nem sensibilidade humana ao nomear Gilberto para a Secretaria de Saúde. Preferiu ficar ao lado de um companheiro político deixando de lado a lógica que sugere alguém com amplo conhecimento da área, para tentar a reversão do problema.
Janeiro Roxo é o mês dedicado à conscientização sobre aquela doença; e este domingo pode ser considerado o Dia D para sua massificação, mas a data ficou fora do calendário do novo governador de Mato Grosso. Essa incômoda realidade é um fator a mais de intranquilidade para os profissionais da Saúde Pública, para os pacientes, para a rede credenciada e enfim, para a população.
A indiferença de Mauro para com a hanseníase merece repulsa popular e os mais vigorosos protestos da parcela séria da classe política. Infelizmente estamos enrodilhados por um Estado Contábil, que se debruça somente sobre a frieza dos números e os apresenta do modo que melhor lhe interessa. A hanseníase, que no passado, quando se chamava lepra, escreveu uma dolorosa página de nossa história social, na medida em que empurrava suas vítimas para o isolamento perpétuo nos lazaretos de triste memória, agora ganha novo enfoque: o silêncio do governo de Mato Grosso, tão devastador quanto a forma silenciosa como ela age sobre as pessoas.
Que Mato Grosso reflita sobre essa realidade.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
FOTO: Ilustrativa da Organização Mundial de Saúde
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