Neurilan recua de candidatura e Wellington compõe com Júlio Campos

Júlio Campos e Wellington Fagundes juntos e misturados. Isso mesmo! 

Candidato ao Senado pelo Democratas, Júlio terá em sua chapa um suplente do PL do senador Wellington Fagundes. Essa coligação é o fato novo da disputa pela vaga da senadora cassada Selma Arruda (Podemos), na eleição suplementar de 26 de abril. O casório político dos dois acontece após a desistência de Neurilan Fraga em disputar mandato pela legenda liberal. Neurilan confirmou que está forá do páreo. José Márcio Guedes, o Zé Márcio (PL), assessor de Wellington, passa a compor a chapa encabeçada por Júlio e que tem enquanto primeiro suplente o deputado estadual democrata Dilmar Dal’Bosco.

Composição entre Júlio e Wellington é quase redundância, pois os dois sempre foram aliados ou quase isso em alguns momentos. A indicação de Zé Márcio é natural, pois o PL não tem deputados federais nem estaduais em Mato Grosso, e em suas fileiras não há figuras eleitoralmente expressivas, a não ser Wellington e Neurilan, além de alguns prefeitos que não estariam dispostos a esse desafio. O estranho nessa questão não é somente a desistência de Neurilan, mas a forma sigilosas como o caso foi conduzido nos dois lados da coligação.

Na quarta-feira, à noite, numa coletiva antes da convenção que o escolheu candidato, Júlio revelou que no dia seguinte Wellington indicaria o segundo suplente de sua chapa. Nos meios jornalísticos as apostas eram sobre a escolha de Neurilan, o que não aconteceu.

Ontem, 12, último dia para realização de convenções, o PL se reuniu em Cuiabá, mas Neurilan e Zé Márcio não deram as caras. Nos bastidores se ouvia que Wellington estaria negociando com Júlio e também com Nilson Leitão, que é o candidato tucano. Ora se dizia que Neurilan se abraçaria a Júlio; ora, a Leitão. Nem uma coista nem outra: Zé Márcio saltou no colo político de Júlio.

A articulação do PL sobre a desistência de Neurilan e a indicação de Zé Márcio não foram discutidas sequer com prefeitos e vereadores do partido, conforme alguns disseram durante a convenção, que foi esvaziada.

Enquanto as conversações eram travadas, a ata que homologou Júlio permanecia em aberto. Aberta também estavam as atas do PSDB e do PL. Nem Deus sabia quem iria para onde.

ZÉ MÁRCIO – Ex-vereador por Rondonópolis, Zé Márcio foi secretário-adjunto de Pavimentação Urbana da Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana do Governo de Mato Grosso quando Silval Barbosa governou. É funcionário de Wellington e responde por seu escritório político em Cuiabá.

NEURILAN – Por duas vezes prefeito de Nortelândia e cumprindo o terceiro mandato consecutivo de presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga se filiou ao PL em 18 de outubro do ano passado, para ser candidato ao Senado. Antes militou em alguns partidos, inclusive no PSD, quando essa legenda era controlada pelo então mandachuva da Assembleia Legislativa, José Riva.

Com a cassação de Selma Arruda, Neurilan entrou em cena enquanto pré-candidato. Em janeiro ele se orgulhava de uma lista com apoio de 102 dos 141 prefeitos mato-grossenses. Sua virtual candidatura era apresentada enquanto municipalista e até mesmo acima dos partidos. A arrancada foi ao estilo cavalo paraguaio – perdeu força com o passar do tempo. Na convenção que escolheu Júlio, alguns prefeitos que o apoiavam estavam entre os que vibravam com o democrata.

O que acontecerá na AMM após o recuo de Neurilan é uma grande incógnita. A eleição dividiu os prefeitos e Neurilan está em meio a um fogo-cruzado dos interesses partidários. Além da natural resistência que deverá sofrer dos prefeitos que não o apoiariam, enfrentará dificuldades para se justificar perante os companheiros que apostavam todas as fichas em seu nome.

Chapa regionalizada

A chapa de Júlio é regionalizada. Ele, é de Cuiabá/Várzea Grande. Dilmar, de Sinop, a principal cidade do Nortão. E Zé Márcio, de Rondonópolis.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Agência AMM – Arquivo

2 – Arquivo blogdoeduardogomes