Municipalistas articulam para ocupar vaga de Selma

Uma cadeira no Senado, ainda que em mandato manga curta não seja algo que se despreze. Por isso, e ainda que extemporaneamente, políticos se articulam na surdina de olho na eventual vaga que poderá se abrir com a possível cassação da chapa da senadora Selma Arruda (PSL), que sofreu condenação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por unanimidade, por crimes de caixa 2 e de abuso de poder econômico na campanha que a elegeu. Um grupo de prefeitos defende a criação de uma chapa municipalista em caso de eleição suplementar, com o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga (PSD) à sua frente.
Neurilan não aceitou comentar sobre o caso. Dois prefeitos revelaram a articulação, mas o fizeram sob a condição de omissão de seus nomes. Mesmo em silêncio ao ser procurado para esta reportagem, o presidente da AMM sempre cita em suas falas que a bancada federal tem representantes de vários segmentos, mas não conta com um congressista essencialmente municipalista – pode ser mera coincidência, ou quem sabe se trate de um chamado para mobilização em defesa de um nome que represente as prefeituras.
Selma atravessa um conturbado momento e não poupa críticas ao TRE que cassou seu mandato nem à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que no apagar das luzes de sua presença à frente do Ministério Público Federal deu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) parecer favorável à cassação de sua chapa que se completa com os suplentes e seus correligionários Beto Possamai (primeiro) e Clerie Fabiana. Sob fogaréu a senadora consegue tirar o foco da Imprensa sobre sua situação e ocupa espaço ao anunciar que deixará o partido do presidente Jair Bolsonaro pelo Podemos, que é de sua base de sustentação e tem no deputado federal José Medeiros seu principal líder em Mato Grosso. Sua filiação está marcada para amanhã.
Juristas avaliam que dificilmente a senadora conseguirá reverter o quadro na Justiça Eleitoral e que sua cassação deverá ocorrer no primeiro semestre de 2020.
Os prefeitos que defendem o nome de Neurilan ao Senado sustentam que se trata de movimento municipalista suprapartidário. Eles não querem que a eventual candidatura seja vista enquanto uma disputa do PSD, nem que ela se traduza em disputa entre o presidente da AMM com o ex-vice-governador Carlos Fávaro, presidente regional daquele partido, e que assume a condição de pré-candidato.
Neurilan é mato-grossense, engenheiro agrônomo, por duas vezes foi prefeito de Nortelândia, dirige a AMM desde dezembro de 2014 e cumpre o terceiro mandato consecutivo, sendo que os últimos dois, sem que seja prefeito.
INÉDITO – Caso a chapa de Selma seja cassada, Mato Grosso terá a primeira eleição suplementar ao Senado – o que também nunca aconteceu para o governo.
Em vários municípios mato-grossenses foram realizadas eleições suplementares municipais nas últimas décadas. Em abril deste ano, Luzia Nunes Brandão (SD) conquistou a prefeitura de Ribeirão Cascalheira; e Ronaldo Rosa (DEM), foi eleito prefeito de Bom Jesus do Araguaia. Em novembro de 2017, Leonardo Bortolin (MDB) venceu a disputa para prefeito de Primavera do Leste.
Eduardo Gomes publicado no jornal Diário de Cuiabá edição de 17 setembro 2019 Pág. A4 e na sua versão digital www.diariodecuiaba.com.br
FOTO: Arquivo Assessoria da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)
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