Boa Midia

Memorando entre AstraZenica e Fiocruz impõe restrições à produção de vacina

O acordo da AstraZeneca com o governo brasileiro revela que a companhia farmacêutica britânica impôs condições para a produção de uma eventual vacina contra a COVID-19 no país.

Apesar de a empresa ter prometido não lucrar com o possível imunizante “durante a pandemia”, ela tem o direito de determinar uma data final para o surto já a partir de julho de 2021.

A informação foi revelada nesta quinta-feira (8) pelo jornal americano Financial Times, que teve acesso ao Memorando de Entendimento assinado em 31 de julho entre a Fiocruz e a AstraZeneca.

O acordo para a produção de pelo menos 100 milhões de doses da vacina, avaliado em mais de US$ 300 milhões (R$ 1,685 bilhão na cotação atual), define que o “Período de Pandemia” acabaria em 1º de julho de 2021 e poderia ser estendido apenas se a empresa, “agindo de boa-fé, considerar que a pandemia de SARS-COV-2 não acabou”.

Com base em declarações anteriores de Pascal Soriot, diretor-executivo da AstraZeneca, vários fatores poderiam influenciar na decisão da companhia para determinar quando seria o fim da pandemia. Essa postura tem reflexos no preço, pois muitas companhias alegam que o fornecimento de doses a preço de custo só seria possível enquanto a pandemia durar, e que os valores terão de ser renegociados depois.

O custo futuro de uma eventual vacina é uma questão controversa, já que diversas farmacêuticas, entre elas a AstraZeneca, receberam milhões de dólares de recursos públicos em incentivos para acelerar o seu desenvolvimento. Algumas companhias disseram que só poderiam produzir uma vacina se obtivessem lucro com a mesma, enquanto outras, como a AstraZeneca e a Johnson & Johnson, aceitaram fornecer doses a preço de custo enquanto a pandemia durar.

O jornalista Jamil Chade, do portal Uol, também teve acesso a trechos do memorando que revelam condições sobre a futura vacina.

Segundo o colunista, fica claramente estabelecido no documento que a produção realizada pela Fiocruz só poderia atender ao mercado doméstico brasileiro, sem a possibilidade de uma eventual exportação dos produtos.

Além disso, o memorando prevê que toda a propriedade intelectual do imunizante permanecerá com a farmacêutica britânica, e que um acordo ainda estabeleceria um pagamento de royalties. O documento também determina que se a vacina não der resultados, não haverá reembolso.

O Financial Times questionou a AstraZeneca a respeito de sua definição de “Período Pandêmico” e sobre o acordo com a Fiocruz, mas empresa não quis comentar.

“Desde o início, a abordagem da AstraZeneca tem sido tratar o desenvolvimento da vacina como uma resposta a uma emergência global de saúde pública, não uma oportunidade comercial”. “Continuamos a operar com esse espírito público e buscaremos orientação especializada, inclusive de organizações globais, para saber quando podemos dizer que a pandemia já passou”, disse a companhia em nota.

Sputnik Brasil com foto referencial

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies