Boa Midia

Mauro Mendes, Fórum Sindical e buraco negro

Mato Grosso ainda não foi engolido por um buraco negro, mas está bem próximo dessa fatalidade. Isso, por duas razões – ou falta delas. Primeiro, pela incapacidade administrativa, a insensibilidade política e o fatiamento do poder por parte do recém-empossado governador democrata Mauro Mendes, que teima em dar continuidade ao desastroso mandato de seu antecessor, o tucano Pedro Taques. Segundo, por falta de legitimidade da quase totalidade da classe sindical que representa ou deveria representar o servidor público estadual.

Mauro recebeu a faixa governamental com uma crise instalada no governo, cuja profundidade ainda não está clara, muito embora seja preciso reconhecer sua existência. Ao invés de dar a mão à palmatória em mea culpa reconhecendo que parte do caos leva as digitais de burocratas por ele indicados ao governo anterior, e conclamar Mato Grosso para uma grande recomposição administrativa acima das questões políticas, optou pela perigosa investida sobre o contribuinte e o servidor, criando e aumentando alíquotas tributárias, ampliando base de arrecadação, criando insegurança jurídica quanto a RGA, atrasando 13º salário e escalonando a folha salarial.

Em seus primeiros passos Mauro redesenha no governo o mesmo insucesso na condução de seu grupo empresarial Bimetal.

O Fórum Sindical, que poderia fazer o contraponto político, social e sindical aos desmandos do governador, infelizmente não tem credibilidade junto ao povo mato-grossense, mesmo tendo em sua composição alguns sindicalistas que gozam do respeito popular, mas que são nivelados aos demais, que são figuras entranhadas no sindicalismo e via de regra rejeitados nas urnas, onde sempre buscam mandatos eletivos políticos.

O cidadão mato-grossense rende homenagem ao professor que alfabetiza e ensina seu filho. É grato ao profissional de saúde, que o atende nos momentos de dor. Respeita o policial que zela por sua segurança. Valoriza o profissional da área técnica que lhe presta assistência agronômica ou orientação sobre mineração. É grato ao fiscal que zela peça lisura do recolhimento tributário. Aplaude a presença do pessoal do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) monitorando o trânsito animal, inclusive nos postos dispersos no ermo da fronteira. Enaltece o papel da Universidade do Estado (Unemat). Vibra com o planejamento que brota da dedicação e o saber de servidores desconhecidos do grande público. Enfim, Mato Grosso se veste de orgulho – no melhor sentido da palavra – por seus honrados servidores que atuam em todas as áreas. Porém, não há razão para crer ou ser solidário com o Fórum Sindical, mesmo com as exceções à parte.

Se as negociações dos servidores com o destemperado governador Mauro fossem conduzidas no mesmo nível em que os servidores exercem suas funções – alto, digno, elogiável – o desfecho seria outro, porque ninguém, independentemente do cargo que ocupe no governo, se sentiria confortável  num confronto assim.

Na quarta-feira, 16, em primeira de duas votações a Assembleia Legislativa aprovou parte do pacote que indispõe Mauro com Mato Grosso. Deputados chancelaram a nova roupagem do Fethab e asseguraram o pontapé no pagamento da RGA. Ao invés dessas decisões ganharem manchetes, a imprensa – em quase sua totalidade – optou por narrar protestos de servidores nas galerias da Assembleia. O casamento do cofre do governo com o bolso do empresário da Comunicação costuma resultar em ‘abafa’ da realidade.

Mato Grosso tem que se livrar do risco do buraco negro. Para tanto, o servidor público precisa rever sua representação sindical, a Imprensa tem que se desatrelar do poder e a população precisa se manifestar. Essa manifestação nos remete a uma definição antológica do Dr. Ulysses Guimarães, que exige mudança de figura retórica para ser repetida aqui. O grande líder político dos velhos tempos do primeiro MDB certa vez disse que, “Quando dois corruptos brigam, a gente dá razão a ambos”. Busquemos sua adaptação, a começar pelo Fórum Sindical, que pode e deve ser dissolvido para em seguida ser recomposto com outros nomes. Assim, o servidor teria força para se contrapor ao governador, que por ordem constitucional tem que ser engolido até que as urnas lhe devolvam ao lugar comum.

Se tivéssemos um Fórum Sindical legitimado pela dignidade dos servidores que representa, teríamos Mato Grosso ao seu lado e ele seria forte, independente e altivo para fazer Mauro recuar. Assim – com a devida vênia do Dr. Ulysses Guimarães – daríamos razão a ambos: ao primeiro por sua fibra ao guerrear, e ao político, por recuar. 

Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes

FOTO: Ilustrativa de buraco negro, na internet

1 comentário
  1. Anderson Diz

    Meu caro quem é que iria defender os servidores públicos é vc? Acho que não né! O fórum sindical é um organismo que representa em sua totalidade os sindicatos que compõe o serviço público de MT, antes de vc escrever bobagem seria bom estudar um pouco,para entender como é o funcionamento do Fórum Sindical.

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