Mauro Mendes dispara em Pedro Taques e acerta companheiros
Mauro Mendes não começou bem sua caminhada ao governo pelo Democratas em coligação. Nesta quinta, 16, no lançamento de sua campanha, seu pronunciamento atingiu em cheio alguns de seus companheiros, causando mal-estar no comitê, em Cuiabá, onde falava a jornalistas e políticos. Mauro disse que quer,“virar a página das prisões e ações contra agentes da vida pública deste Estado”. Ao seu lado, Zeca Viana, Adriano Silva, Eduardo Botelho e Cidinho dos Santos se assustaram com o discurso. Afinal, eles e outros integrantes da cúpula da aliança liderada por Mauro, estão nas garras da lei sob o crivo do Ministério Público (MP), que os acusa por supostos crimes diversos.
O candidato democrata ao governo conduzia bem sua fala. Em determinado trecho destacou que a história da civilização e dos países nos mostra que as mudanças que levam ao desenvolvimento são alicerçadas no trabalho e planejamento. Não disse, mas deu recado ao governador tucano Pedro Taques, seu concorrente ao cargo, ao qual criticou em outros trechos por responder pelo governo em curso, que estaria à deriva. Porém ao disparar sobre prisões e improbidade administrativa de figuras ligadas a Pedro, atingiu em cheio candidatos a deputado estadual e deputado federal em seu grupo, seu companheiro de chapa Otaviano Pivetta (PDT), e o coordenador de sua campanha, Cidinho dos Santos.
Mesmo pregando que não baixaria o nível da campanha, que não colocaria apelidos em adversários (Pedro o chamou de Cunhado Folgado) e que não faria piadinhas infames, Mauro sem citar nomes botou no paredão da execração moral os irmãos Paulo e Pedro Taques, presos preventivamente desde 9 de maio por suspeita de integrarem uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran; os dois são irmãos e são primos do governador, sendo que Paulo coordenou a campanha de Pedro ao governo em 2010 e foi chefe da Casa Civil. De igual modo reacendeu o escândalo na Secretaria de Educação (Seduc), que resultou na prisão do ex-secretário de Educação, Permínio Pinto, réu confesso. Também botou na guilhotina o núcleo de secretários da área de Segurança e Direitos Humanos, que se envolveu com o escândalo dos grampos clandestinos chamado de Grampolândia Pantaneira. Pelo mesmo ataque também foram atingidos outros servidores do governo e figuras a ele ligadas, que foram parar atrás das grades ou respondem a ações por improbidade ou grampo telefônico – Paulo Taques é um dos atingidos pelo caso Grampolândia, e inclusive foi preso duas vezes por seu suposto envolvimento nesse episódio.
No entusiasmo da fala em início da campanha, Mauro não se lembrou que foi aliado de primeira hora de Pedro e que boa parte do secretariado do governador também o secretariou quando prefeito de Cuiabá (2013/16). Mais: não levou em conta que a ruptura do grupo de Pedro levou para a aliança liderada por ele, no Democratas, nomes de detentores de mandato ou em suplência, que estão atolados até a medula com escândalos. O tiro disparado contra aliados de Pedro atingiu em cheio boa parte de sua base de sustentação política, a exemplo de:
Eduardo Botelho (DEM), presidente da Assembleia e candidato à reeleição; dos deputados estaduais que tentam novo mandato: Nininho (PSD), Romoaldo Júnior (MDB), Pedro Satélite (PSD), Wagner Ramos (PSD), Dilmar Dal’Bosco (DEM), Sebastião Rezende (PHS), Zeca Viana (PDT) e Silvano Amaral (MDB), que estão atolados em escândalos investigados pelo MP.
Mauro Savi (DEM), deputado estadual preso preventivamente desde 9 de maio por suspeita de integrar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran.
Gilmar Fabris (PSD), deputado estadual, candidato a reeleição, investigado em vários escândalos e que foi mantido preso por 40 dias, por acusação de obstrução de Justiça.
Adriano Silva (DEM), suplente de deputado estadual e candidato a deputado federal, que tornou-se réu no processo que julgará a contratação de empresas supostamente fantasmas prestar serviços à Unemat, entre 2010 e 2014, período em que Adriano foi seu reitor. Adriano foi denunciado pelo Ministério Público e a denuncia aceita pela juíza Joseane Carla Viana Quinto, da Quarta Vara Cível de Cáceres, que é a sede da Unemat.
Pivetta, que foi denunciado pelo MP no escândalo da Máfia das Ambulâncias, que veio a público em 2006.
Cidinho dos Santos, o coordenador, que esteve envolvido na Máfia das Ambulâncias. Cidinho é primeiro suplente do senador Blairo Maggi (PP) e um dos investigados pela Polícia Federal na Operação Registro Espúrio, deflagrada em maio, para apurar a atuação de uma organização criminosa que atua na concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho.
NO PÉ – O tiro disparado pelo candidato pegou seu próprio pé. Mauro é réu numa ação na Justiça Federal, que julga o rocambolesco caso da compra de um apartamento em Cuiabá, que seria leiloado numa ação trabalhista. Esse escândalo resultou na aposentadoria compulsória da juíza do Trabalho Carla Reita Faria Leal, que também é ré na mesma ação.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Idem
Comentários estão fechados.