Boa Midia

Mato Grosso sem memória não se lembra de Julier

Julier e a recíproca
Julier e a recíproca

Não sei se Mato Grosso sofre de amnésia coletiva, se optou pelo debate político de superficialidade, se enquadra em ambos os casos ou se passou a adotar a porra-louquice por parâmetro de vida quando se trata de questão política. Digo isso, após o presidente Jair Bolsonaro em sua visita aos Estados Unidos liberar os cidadãos daquele país, do Japão. Austrália e Canadá, do visto de entrada no Brasil. Essa citação me leva por uma viagem imaginária ao gabinete do ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva.

Devorei mídias sociais e sites. Olhei atentamente as folhas impressas que nos restam. Prestei atenção ao noticiário da TV e do rádio. Não vi nada sobre o abre as pernas de Bolsonaro e a firmeza de Julier. Diante disso, pergunto: formadores de opinião ou de quê?

Formadores de nada. Diria: somos povo numa terra de memória curta ou de conveniência.

Bolsonaro ao dispensar o visto aos cidadãos dos citados países, abre a porteira brasileira ao turismo, a empreendedores, estudiosos, pesquisadores, enfim, à comunidade dos quatro, o que é bom. Os Estados Unidos representam o Paraíso para brasileiros; temos uma grande colônia naquela nação, principalmente em Boston e seu entorno. O Canadá é uma espécie de queridinho para quem busca trabalho bem remunerado, segurança e paz. A Austrália sempre povoou a mente brasileira e tem forte colônia tupiniquim. O Japão é um destino especial, sentimental, dos decasséguis, que fazem a rota inversa à de seus ancestrais.

Relação internacional tem que ser em mão dupla. Bolsonaro não levou essa regra diplomática em  conta. Mesmo interessante, a dispensa precisaria da contrapartida dos quatro países.

Mato Grosso é receptor de levas migratórias, mas tem pouca presença fora de suas divisas e das fronteiras brasileiras. Há mato-grossenses nos Estados Unidos, Japão e Espanha, além de outros países. Mesmo com essa tímido vaivém internacional no âmbito das movimentações dos cidadãos, a Terra do Marechal Rondon registra nos anais da história um fato relevante nas relações entre povos e estados.

No começo dos anos 2000 os Estados Unidos criaram mecanismos para blindar a entrada de estrangeiros em seu território. Um deles foi a identificação biométrica dos nacionais de 169 países, incluindo o Brasil.

A exigência dos Estados Unidos não foi questionada pelo Brasil. O Itamaraty permaneceu em silêncio, sem invocar o princípio da reciprocidade.

O silêncio da diplomacia brasileira foi constrangedor, mas a altivez nacional não chegou à lona, pois em Cuiabá o juiz federal Julier Sebastião da Silva exigiu que todos os cidadãos dos Estados Unidos, para entrarem no Brasil teriam que ser fotografados e identificados biometricamente – o famoso tocar piano.

O amargo da decisão de Julier sofreu descaracterização com o passar do tempo, que tratou de volatiliza-lo. Julier foi excessivamente sério nessa nação de contemporização.

A recíproca não mais existe e Bolsonaro tratou de jogar a pá de cal sobre o que sobrou dela. Estamos de joelhos diante do rei.

Julier deixou a magistratura por aventura política.

Mato Grosso sem memória e incapacitado de reconhecer o que alguns de seus filhos fizeram pelo Brasil vê o ridículo de seus jornalistas e formadores de opinião em cena. É o circo.

Eduardo Gomes – editor de blogdoeduardogomes

FOTO: Arquivo blogdoeduardogomes

1 comentário
  1. Inácio Roberto Luft Diz

    Caramba – que palavras, nobre!!

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies