Boa Midia

Mato Grosso registra os 108 anos do nascimento de seo Fiote Campos

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

 

Mato Grosso registra nesta quinta-feira, 9 de janeiro, os 107 anos do nascimento de seo Fiote Campos,  pecuarista, empresário, político e patriarca do maior clã político mato-grossense, os Campos, seo Fiote Campos teve dois filhos governadores: Júlio Campos, atual deputado estadual, e Jayme Campos, ora senador; ele é personagem do livro DNA do melhor lugar do mundo, de minha autoria e publicado em 2023.

Na sequência o capítulo dedicado a seo Fiote Campos:

Político até na naturalidade. Quando alguém lhe perguntava: – Onde nasceu? A resposta era clássica: “Na fazenda Caninana, no limite de Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento“. Desse modo, ele, várzea-grandense, não descontentava nenhum dos dois municípios, que o tinham no rol de seus filhos. Assim era seo Fiote, que veio ao mundo em 9 de janeiro de 1917, com duplicidade de naturalidade e que esteve entre nós até 20 de setembro de 2007, quando fechou os olhos para sempre, numa unidade de terapia intensiva do Hospital Jardim Cuiabá, em Cuiabá, onde permaneceu internado por dois meses, por uma série de complicações de seu quadro de saúde; seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Várzea Grande e sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, no jazigo da família Campos, naquela cidade.

A fazenda Caninana tinha uma porção em Várzea Grande e outra em Livramento. Para não desagradar os livramentenses seo Fiote não entrava em detalhes sobre a localização da propriedade.

Não é fácil sintetizar o perfil de seo Fiote, a começar por seus laços familiares em Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento, suas duas cidades: por todas as linhagens se encontram parentes diretos e afins do homem que foi o patriarca dos Campos – maior clã político de Mato Grosso. Seus pais, Porfíria Paula de Campos e Veríssimo de Oliveira Campos, eram várzea-grandenses.

Fiote era apelido de infância do menino que perdeu o pai, Veríssimo de Oliveira Campos, que morreu vítima de diverticulite quando o filho tinha apenas 1 ano. Fiote teve dois irmãos: Maria Agostinha e Gonçalo Domingos. Órfão, foi criado pela mãe, dona Porfíria Paula de Campos.

Em Várzea Grande, até bem pouco tempo, mas antes de sua explosão populacional, era assim: se é Campos, é parente, se é Botelho, se é Barros, se é Domingos, se é Leite, se é Monteiro, não importa… Na veia de todos corre o sangue miscigenado dos Campos. Mas, não é somente isso. Se você se depara com uma escola que leva o nome de uma professora, tenha certeza de que ele ou foi seu aluno ou os dois são consanguíneos. Mas, afinal, para quem não é várzea-grandense e não sabe sobre a tradição daquele município, quem foi seo Fiote? Foi o hábil político Júlio Domingos de Campos, do PSD de Juscelino Kubitschek e Filinto Müller, que lutou pela emancipação de Várzea Grande, então distrito de Cuiabá; que foi o vereador mais votado em sua primeira legislatura (eleita em 1949); que por duas vezes foi seu prefeito. No regime militar de 1964, com o fim do pluripartidarismo, seo Fiote filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) e ao PDS, e mais tarde ao PFL e ao Democratas. Em 1951 seo Fiote elegeu-se prefeito de Várzea Grande pela primeira vez. Em 1957 conquistou o segundo mandato para aquele cargo. Depois, em 1964, mudou-se para Cuiabá e não mais disputou eleição, muito embora participasse ativamente da vida política daquela cidade e de Mato Grosso.

Ao assumir o governo, Pedro Pedrossian (1966/71) o convidou para ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado, mas seo Fiote não aceitou. Filinto Müller disputou o Senado pela última vez em 1970 e o queria na suplência, mas ele disse não. Estava decidido a não mais participar diretamente da vida pública. Comerciante, seo Fiote fundou em Várzea Grande, no ano de 1941, A Futurista, um grande atacarejo. Anos depois a transferiu para o centro de Cuiabá, de onde distribuía produtos para vários municípios. Paralelamente a isso, foi pecuarista.

Casal Amália e Júlio Domingos de Campos

Júlio Domingos de Campos, o seu Fiote, casou-se em 28 de novembro de 1944, com dona Amália Curvo de Campos. O casal teve 10 filhos: Doralice, Júlio José, Circe Bernadete, Juracy Maria, Jayme Veríssimo, João Francisco, Ivete Maria, Benedito Paulo, Marilene Auxiliadora e Márcia Auxiliadora.

Dos filhos, quatro herdaram a veia política do pai: O deputado estadual e vice-presidente eleito da Assembleia, Júlio José de Campos, engenheiro agrônomo, foi prefeito de Várzea Grande, três vezes deputado federal, governador, senador e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Jayme Veríssimo de Campos, empresário, foi prefeito de Várzea Grande em três mandatos, governador e cumpre o segundo mandato alternado de senador. A mulher de Jayme, a empresária Lucimar Sacre de Campos, foi prefeita de Várzea Grande em dois mandatos consecutivos. Benedito Paulo de Campos, arquiteto e urbanista, foi secretário de Estado em parte do governo de Blairo Maggi e prefeito de Jangada. Márcia Campos, bioquímica, foi vereadora por Cuiabá.

E a veia política? Dizem que alguns nascem com uma veia política. Foi o caso de seo Fiote, mas ela hibernou até na juventude, no final dos anos 1930, quando foi garimpar diamante em Poxoréu com o tio Luiz Coelho de Campos, o Coronel Luizinho, que foi Intendente (cargo de nomeação correspondente ao de prefeito) daquele município e mais tarde deputado estadual. O sobrinho gostou da habilidade do Coronel Luizinho e se deixou seduzir pela política.

Seo Fiote realizou importantes obras em Várzea Grande e alguns de seus herdeiros deram continuidade ao seu trabalho político.

A memória de Júlio Domingos de Campos é reverenciada em Várzea Grande, Cuiabá e Jangada.

PS – Dona Amália Curvo de Campos era enfermeira e morreu 10 de fevereiro de 2021, aos 96 anos, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, vítima da covid-19. Seu corpo foi sepultado no jazigo da família Campos, no Cemitério São Francisco, em Várzea Grande.

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