Mato Grosso à deriva com hospitalização de Mauro Mendes
“Mal com ele, pior sem ele”. Esse ditado da sabedoria portuguesa espelha bem o vácuo momentâneo no cargo de governador de Mato Grosso, com a hospitalização do governante democrata Mauro Mendes, na capital paulista, em 31 de julho. Essa situação não pode continuar. É imprescindível que se dê posse, de imediato, ao sucessor legal. A população é assolada por uma pandemia, que causou 2.051 mortes e contaminou 60.409 enquanto o Palácio Paiaguás permanece acéfalo, mas demonstrando carinha de anjo igual menino que ganha pirulito.
Mauro Mendes está internado numa unidade de terapia intensiva (UTI do Hospital Sírio e Libanês. Seu quadro de saúde é cercado de mistério, mas a versão até agora apresentada é essa: o governador estaria com pneumonia – que o teria acometido na sexta-feira, 31 de julho, quando se encontrava na capital paulista. O que passa disso é tratado como segredo de estado, guardado a sete chaves.
Pneumonia se manifestar agressiva, de uma hora para outra, aparentemente não se trata de algo comum. Mesmo assim, respeitemos a (quase) informação divulgada pelo governo estadual. Também desconsideremos que em plena pandemia o governante estivesse numa sexta-feira em São Paulo, quando se sabe que os negócios do Estado são tratados em Brasília, e que sua zelosa assessoria de Imprensa não tivesse divulgado sua agenda – antes de sua entrada no hospital.
É preciso observar que Mauro Mendes testou positivo para o novo coronavírus, que manteve isolamento domiciliar e que se recuperou. Também é ncessário citar que o governador tem somente um rim, pois doou o outro à sua mulher, Virgínia Mendes.
Que Mauro Mendes se recupere, Que volte a gozar de saúde plena e reasssuma sua vida privada e pública, mas, nem por isso, se pode calar: é preciso cobrar seu imediato afastamento do cargo. Mato Grosso não pode ficar à deriva, e prevendo esse tipo de situação se criou a linha sucessória.
A Assemblea Legislativa, sempre submissa a Mauro Mendes, precisa assumir sua responsabilidade e afastá-lo, pois o mesmo, por sua condição de saúde, não tem condições de pedir o afastamento. O Legislativo sabe que tal medida não pode mais ser postergada, ainda que haja perspectiva de breve alta hospitalar. Em sua composição a legislatura em curso tem quatro médicos: Dr. Gimenez (PV), Dr. Eugênio PSB), Dr. João (MDB) e Lúdio Cabral (PT). Coincidentemente ou não, nenhum deles se afastou do cargo para exercer a medicina em sua plenitude nesse momento de dor e de falta de profissionais de saúde – os quatro, também por conhecimento funcional, deveriam liderar o convencimento aos colegas, pelo bota-fora temporário.
A linha sucessória de Mauro Mendes é encabeçada pelo vice-governador Otaviano Pivetta (PDT); se Pivetta ao invés de cumprir com seu dever optar por não assumir, pra que não perca elegibilidade, uma véz que é pré-candidato ao Senado na eleição suplementar em novembro, que se entregue o governo ao presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (DEM).
Botelho é citado enquanto virtual candidato ou a prefeito de Cuiabá ou ao Senado. Caso o deputado também fuja do compromisso, optando pelo carreirismo político, que se dê posse ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Carlos Alberto Aleves da Rocha.
Em meio a tudo isso, a eventual posse do desembargador nesse período pré-eleitoral seria exclente, pois afastaria Mato Grosso do risco de utilização da chamada máquina pública para influenciar no resultado de eleições municipais e até mesmo ao Senado.
Claro que esse tema não repercutirá junto ao governo, que se faz de morto. Claro, também, que a Imprensa Amiga permanecerá calada pra não ferir sensibilidades. Claro que o internauta mato-grossense continuará livre pra escolher sua leitura.
O ditado que abre esse editorial não precisa de tradução nem explicação. A administração de Mauto Mendes não é boa, mas pior ainda é não ter governador. Saúde para ele e governo para Mato Grosso.
Eduardo Gomes – Editor de blogdoeduardogomes
FOTO: Mayke Toscano – Site público do Governo de Mato Grosso
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