Lista de doenças com potencial epidêmico divulgada pela OMS
Paula Laboissière
Agência Brasil – Brasília
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou este mês sua lista de patógenos com potencial de desencadear uma epidemia. Mais de 30 patógenos integram o levantamento, incluindo desde velhos conhecidos, como a dengue e o vírus influenza, até ameaças mais recentes, como o vírus Nipah.
O vírus causador da mpox, que desencadeou um surto em 2022 e pode voltar a ser decretado como emergência internacional em saúde pública, também faz parte da lista.
“Essa não é uma lista exaustiva nem indica as causas mais prováveis da próxima epidemia. A OMS revisa e atualiza essa lista à medida em que há necessidade e à medida em que as metodologias mudam”, destacou a entidade, ao citar que o levantamento tem como base doenças classificadas como prioritárias entidade. São elas:
Covid-19
Infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. O SARS-CoV-2 é um betacoronavírus descoberto em amostras obtidas de pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Pertence ao subgênero Sarbecovírus da família Coronaviridae e é o sétimo coronavírus conhecido a infectar seres humanos.
A infecção acontece por meio da exposição a fluídos respiratórios de três maneiras: inalação de gotículas muito finas ou partículas de aerossol; deposição de gotículas respiratórias e partículas nas membranas mucosas expostas na boca, no nariz ou nos olhos, seja por respingos diretos e sprays; e tocar diretamente membranas mucosas com as mãos sujas por fluídos respiratórios contendo o vírus.
Febre hemorrágica da Crimeia-Congo
A CCHF, na sigla em inglês, é uma doença viral geralmente transmitida por carrapatos. Também pode ser contraída por meio do contato com tecidos animais onde o vírus entrou na corrente sanguínea, o que acontece durante e imediatamente após o abate dos animais. Os surtos de CCHF, segundo a OMS, constituem uma ameaça aos serviços de saúde pública, uma vez que o vírus pode levar a epidemias, apresenta taxa de letalidade elevada (entre 10 e 40% dos casos), pode resultar em surtos em hospitais e unidades de saúde e é difícil de ser prevenido e tratado.
A doença é considerada endêmica em todo o continente africano, nos Balcãs, no Oriente Médio e na Ásia. Descrita pela primeira vez na Península da Crimeia em 1944, ela recebeu o nome de febre hemorrágica da Crimeia. Já em 1969, foi comprovado que o agente patogênico era o mesmo responsável por uma doença identificada em 1956 na Bacia do Congo, resultando na nomenclatura atual.
Ebola
A doença causada pelo vírus Ebola é descrita como uma zoonose cujo morcego é considerado o hospedeiro mais provável. Quatro dos cinco subtipos foram registrados em animais nativos da África. De acordo com o Ministério da Saúde, acredita-se que o vírus foi transmitido para seres humanos a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos-espinho. A doença é considerada uma das mais importantes na região da África subsaariana, ocasionando surtos esporádicos em diversos países.
O agente da doença é um vírus da família Filoviridae, do gênero Ebolavirus, descoberto em 1976 a partir de surtos ocorridos ao sul do Sudão e ao norte da República Democrática do Congo, próximo ao Rio Ebola, mesmo nome dado ao vírus. A enfermidade, conhecida anteriormente como febre hemorrágica ebola, é classificada como grave, com taxa de letalidade que pode chegar a até 90%.
Doença de Marburg
De acordo com a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), durante a primeira epidemia da doença – que ocorreu em 1999 e no anos 2000 na República Democrática do Congo –, a taxa de mortalidade chegou a 70% dos casos. Um surto grave envolvendo dois grandes centros, Marburg (Alemanha) e Belgrado (Sérvia), levou ao reconhecimento inicial da doença.
Os surtos foram associados a laboratórios que realizavam pesquisas com macacos verdes (Cercopithecus aethiops) oriundos de Uganda. Posteriormente, surtos e casos esporádicos foram identificados em Angola, na República Democrática do Congo, no Quênia, na África do Sul e em Uganda. A taxa média de mortalidade é de cerca de 50%, mas já variou de 24% a 88%, dependendo da cepa e do gerenciamento de casos.
Febre de Lassa
Doença hemorrágica que causa sérios danos a diversos órgãos, reduzindo a capacidade de funcionamento do corpo. De acordo com o MSF, a enfermidade afeta de 100 mil a 300 mil pessoas todos os anos em toda a África Ocidental e causa cerca de 5 mil mortes. Em 2023, na Nigéria, foram identificados 8.978 casos suspeitos e 1.227 casos confirmados, conforme dados do Centro Nigeriano de Controle de Doenças.
É transmitida por uma espécie de rato. Na Nigéria, o animal é encontrado principalmente em três estados no leste e sul do país: Edo, Ondo e Ebonyi. Quando roedores infectados se alimentam, deixam vestígios do vírus através de sua saliva e fezes.
O vírus é contagioso e pode se espalhar de pessoa para pessoa por meio de fluidos corporais, incluindo saliva, urina, sangue e vômito. A doença geralmente atinge o pico do número de casos na estação de seca, quando os ratos procuram comida nas casas das pessoas.
Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS)
O tipo de coronavírus responsável pela doença é transmitido para humanos a partir de dromedários infectados. O vírus foi identificado em animais de diversos países do Médio Oriente, da África e do sul da Ásia. Ao todo, 27 países notificaram casos de MERS desde 2012. Até o momento, 858 mortes foram notificadas como tendo sido associadas à infecção ou complicações relacionadas
As origens do vírus, segundo a OMS, não são totalmente compreendidas, mas a análise de diferentes genomas virais indica que ele pode ter se originado em morcegos e, posteriormente, foi transmitido a dromedários. A transmissão entre humanos, de acordo com a entidade, é possível, mas apenas alguns casos foram notificados, entre membros de família que vivem na mesma casa. Em unidades de saúde, entretanto, a transmissão entre humanos é mais frequente.
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