Janaína pede afastamento do governador Pedro, mas não toca no envolvimento de sites

No apagar das luzes de seu mandato, o governador Pedro Taques (PSDB) sofre duro golpe: a deputada Janaína Riva (MDB) pediu na sessão noturna desta terça-feira, 23, seu imediato afastamento do cargo. Janaína argumenta o pedido na delação premiada do empresário Alan Malouf, com homologação pelo ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, em 19 de abril, e mantida sob segredo de justiça até o dia 19 deste outubro. Malouf foi o coordenador financeiro da campanha de Pedro ao governo em 2014. A parlamentar definiu os casos citados pelo delator como sendo “espetáculo dos horrores“.
O pedido caiu como bomba na Assembleia, muito embora o mesmo fosse esperado, pois a deputada anunciou que o faria. Com a maioria dos deputados atolados em escândalos, a legislatura em curso não deverá abraçar a causa proposta, segundo o entendimento de analistas políticos. Restando poucos dias de governo, Pedro, sangrando, deverá concluir o mandato.
Caso o pedido avance, Pedro será julgado por um colegiado com cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça/TJ (que seriam sorteados) numa sessão presidida pelo presidente do TJ. Uma vez condenado, Pedro pegaria o boné e sairia do Palácio Paiaguás e ficaria proibido de exercer função pública por cinco anos.
Janaína cita 10 crimes de caixa 2 e de Caixa 3 a ele ligado, que Pedro supostamente teria cometido, segundo a delação. O suposto desvio de recursos na construção e reforma de escolas pela Secretaria de Educação, Cultura , Esporte e Lazer (Seduc), que resultou na prisão de seu titular, Permínio Pinto – agora réu confesso e também delator de Pedro – é um dos fatos relacionados pela deputada. A compra – a preços elevados – de combustível do Posto Marmeleiro, para a frota do governo; o contrato com a empresa Consignum para empréstimos consignados a servidores (a Consignum teria liberado propina durante o governo de Silval Barbosa, para atuar nessa área); extorsão aos donos da Cervejaria Petrópolis, em Rondonópolis, para assegurar concessão de incentivos fiscais; e outros supostos crimes formam o embasamento para o pedido de afastamento imediato.
O presidente da Assembleia, Eduardo Botelho/DEM, que foi reeleito, encaminhará o pedido para Procuradoria Jurídica da Assembleia, e após parecer deverá enviá-lo à apreciação do plenário. Botelho é um dos sete deputados denunciados pelo Ministério Público por suposta participação numa organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran.
Da tribuna a deputada pediu pressão popular sobre Pedro.
A deputada apresentou um leque de denúncias sobre o governador, mas foi cautelosa deixando de lado os quatro sites delatados por Maluf, por supostamente terem recebido dinheiro de Pedro ‘por fora‘. São eles: midianews. folhamax, reportermt e rdnews, todos de Cuiabá.
A delação de Maluf é abrangente. Atinge Pedro, outros políticos, empresários, institutos de pesquisa e órgãos de imprensa. Nem mesmo Janaína, que apontou o dedo para o conteúdo da fala de Maluf – o empresário delatou em busca de benefícios para amenizar sua condição perante a Justiça -, alcançou todos os citados. No seu pedido, que pode resultar no primeiro afastamento de um governador mato-grossense do cargo por supostos crimes dessa natureza, a parte da Imprensa citada na delação ficou de fora.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Arquivo Marcos Lopes/Assembleia Legislativa
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