Ibama e criminosos continuam botando fogo em veículos na Amazônia
Mais um capítulo da triste novela de veículos que são incendiados na Amazônia. Na tarde da terça-feira, 7, homens não identificados atearam fogo numa camionete do Ibama na Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, de 182 mil hectares, no município de Colniza (a área se estende ao município de Aripuanã), divisa com Amazonas e Rondônia. Policiais civis, militares e federais estão à procura dos autores.
Que novela é essa?
Antes desse episódio em Colniza, vários caminhões, tratores, motos, camionetes e balsas garimpeiras foram incendiados pelo Ibama; veículos daquele órgão ambiental tiveram o mesmo fim, por ações criminosas de grupos supostamente ligados a madeireiros ou empresários da indústria florestal de base, como gostam de se identificar.
Nenhum dos lados tem razão nessa estranha prática de queimar bens e ao mesmo tempo provocar danos ambientais, pois a fumaça dos incêndios é impregnada de metais pesados e o óleo e líquido de baterias podem contaminar córregos, rios e o lençol freático.
O Ibama tem cobertura legal para queimar os veículos que não consegue remover das áreas de desmatamento ou garimpo clandestino, onde são localizados. Os criminosos que respondem com a mesma moeda não podem fazê-lo. Independentemente da legalidade ou não da incineração, ambos os casos são práticas incompatíveis com a lógica e com o respeito ambiental.
Um dos mais influentes líderes do setor madeireiro no Nortão disse sob condição de anonimato – temendo represálias – que a prática do Ibama é mais criminosa do que a resposta encontrada por grupos aos quais ele também recrimina. A mesma fonte observa que ao invés de botar fogo em caminhões e outros veículos, o lógico seria doa-los para prefeituras da região onde se encontram. “Não há dificuldade alguma em retirar os carros da área; basta querer”, analisa.
Em nome da lei o Ibama leva adiante sua estranha política de queimar veículos e balsas. Por falta de lei, figuras ligadas à extração de madeira, ouro e diamante retrucam na mesma moeda.
VAZIO
A Região da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt enfrenta o vácuo do Estado em todas as suas esferas. Lá, não existe uma UTI sequer, não tem faculdade, asfalto somente pode ser visto por fotografia, a segurança é arremedo, as escolas são desestruturadas, não existe sequer plano para se investir em saneamento naquele canto esquecido de Mato Grosso. A mão do Estado somente aparece em Guarita-Roosevelt para aplicar multas ambientais, fomentar discórdia entre os moradores e os indígenas (por propostas de expansão de reservas) e para fazer biometria em busca de votos.
Moradores de Colniza concordam com a necessidade da fiscalização ambiental, mas ao mesmo tempo querem ver a presença do Estado nas áreas de atendimento sob sua responsabilidade.
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