Boa Midia

Hortas urbanas podem desenvolver vocação da baixada cuiabana

Empreendedorismo e agricultura são dois conceitos intimamente ligados. Mesmo sendo um dos principais – senão o principal – responsável pelo crescimento da economia do País, a produção de alimentos ainda tem uma grande demanda a ser atendida. A junção deles ganha ainda mais importância quando constatamos que apenas 3,3% da população vivem em áreas rurais, número insuficiente de pessoas para atender os 96,7% restantes, que moram nas regiões urbanas. Aliados, eles podem tanto atender a demanda por alimentos quanto gerar desenvolvimento local, emprego e renda.

Em Mato Grosso, principal estado do agronegócio, a baixada cuiabana tem a vocação de garantir alimentos aos mato-grossenses, mas todo este potencial não é explorado como deveria. Poconé, por exemplo, registra um alto índice de pessoas sem ocupação, mas que poderiam, com o apoio do Poder Público, obter excelentes resultados. Boas iniciativas podem e devem ser implementadas na cidade, como as hortas urbanas, um modelo que une segurança alimentar e geração de emprego e renda nas cidades.

Apoiadas e organizadas pela administração pública, as hortas urbanas podem reunir dezenas de produtores urbanos em espaços comunitários, usados para a produção de frutas, verduras, legumes e hortaliças, tudo sem agrotóxico. Estes alimentos podem ser adquiridos pelo próprio município para abastecer, por exemplo, a rede municipal de ensino, a um custo muito menor, ser distribuídos em programas assistenciais para famílias de baixa renda e comercializados em toda a baixada cuiabana.

Não se trata de uma ideia revolucionária. As hortas urbanas já existem em algumas partes do Brasil com resultados altamente positivos. Bastaria a chamada vontade política e a união dos entes públicos para que esta ideia se torne realidade. É um pequeno aporte de recursos, treinamento para a população que pode ser dado por pela Empaer, por exemplo, e o restante é todo tocado pela própria população.

Cidade considerada modelo sob diversos aspectos, Curitiba (PR) já está à frente quando o assunto são hortas comunitárias. Lá, mais de 30 já foram instaladas e são mantidas por meio de projetos escolares – algo importante por conta da educação ambiental – ou por associações comunitárias e cooperativas, o que gera emprego, renda e atende a uma demanda local. Depois de cinco anos o projeto vai dar um novo passo com a inauguração da fazenda urbana, que vai buscar soluções aos desafios gerados pelas hortas comunitárias, para que elas que já funcionam bem sejam ainda melhores.

A baixada cuiabana precisa de soluções imediatas para voltar a crescer, para voltar a se desenvolver. Precisa de medidas inovadoras, do resgate de sua vocação. Tenho a certeza de que as 14 cidades que compõem a região são plenamente capazes de obterem ótimos resultados com esta medida, simples, baratas e muito eficazes como as hortas urbanas.

Fábio de Oliveira é advogado, contador e mestre em Ciências Contábeis

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies