Vários participantes do grupo de WhatsApp Boamidia, de Cuiabá, foram eleitos e reeleitos em 6 de outubro em vários municípios. Desejando bom cumprimento de mandato a todos, o blog posta aleatoriamente uma matéria com cada um deles.
A empresária nascida em Porto dos Gaúchos, administradora de empresas, gestora pública, ex-vereadora e vereadora eleita por Porto dos Gaúchos, Kelly Cristina Duarte Bundchen (União), está entre os participantes do grupo, que foram vitoriosos nas urnas.
Kelly Duarte foi eleita com 165 votos pela legenda do União Brasil, partido do qual é presidente em seu município, e ela comemora não somente sua vitória, mas, também, a eleição de sua correligionária Luciene Bundchen Macedo, para vereadora. “Das nove cadeiras na Câmara, a mulher porto-gauchense conquistou quatro, o que representa avanço do empoderamento feminino”, ressalta.
Kelly Duarte além de experiência parlamentar, tem berço político, conhece a realidade de seu município e sonha em cumprir um mandato produtivo, para todos, indistintamente, porque segundo ela, “o que conta é o crescimento e o desenvolvimento de minha terra”.
BERÇO – A veia política de Kelly é hereditária. Seu pai, Jair Duarte, foi prefeito de Porto dos Gaúchos num dos momentos mais difíceis de Mato Grosso: o pós-divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul, e ainda assim realizou uma administração que marcou época graças ao seu tino administrativo e ao apoio que recebeu do então governador e agora deputado estadual, o seu correligionário Júlio Campos (União).
A Comarca de Porto dos Gaúchos, que é a primeira do Nortão, foi instalada na administração de Jair Duarte graças a uma parceria entre o governo e a prefeitura, para a cessão do terreno e a construção da sede do Judiciário, numa época em que havia vazio da presença física da Justiça em Porto dos Gaúchos e nos demais municípios daquela região, que ainda estava em processo de colonização.
A mãe de Kelly, Carmen Duarte, presidiu a Câmara Municipal e se elegeu prefeita em 2008 tendo dedicado especial atenção às questões sociais. A prefeita Carmen venceu muitas lutas, mas perdeu a mais importante, ao ser vencida por um câncer, em 14 de março do ano passado, quando enfrentava aquela doença internada em Sorriso.
O SONHO – Porto dos Gaúchos nasceu da visão do empresário gaúcho Guilherme Meyer, o Willy, que sonhou em criar uma cidade no vazio demográfico amazônico à margem do rio Arinos, diante das ilhas Matrinchã e Jacutinga, que por seu formato ganharam o sugestivo nome de Coração Partido.
Em 23 de março de 1955 com o desembarque num porto no rio Arinos, de uma comitiva gaúcha liderada pelo fundador do lugar, que recebeu o nome de Porto dos Gaúchos, o sonho de Willy começou a ganhar forma. A abertura da clareira para a formação da vila, aconteceu numa gleba à época pertencente a Diamantino.
Em parceria com alemães, Meyer plantou o seringal de cultivo pioneiro em Mato Grosso. Seu projeto de colonização foi nacionalmente o primeiro a ser homologado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra), que antecedeu ao Incra. À época, a construção da BR-163 não passava de uma proposta engavetada de um dos sonhos do presidente Juscelino Kubitschek.
A cidade banhada pelo rio Arinos é parcialmente pavimentada, a água chega a todos os domicílios, mas não há coleta nem tratamento de esgoto. Comarca de primeira entrância Porto dos Gaúchos tem 5.690 habitantes e 6.862,118 km². O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,685 numa escala de zero a um.
TREME TERRA – Situada a 259 metros acima do nível do mar e sobre uma falha geológica com aproximadamente 7 quilômetros de extensão, Porto dos Gaúchos aprendeu a conviver com abalos sísmicos. Essa situação levou a Universidade de Brasília (UnB) a atuar na região, monitorando a situação local e da vizinha Tabaporã. O maior tremor de terra no Brasil aconteceu naquela região, às 2h03 de 31 de janeiro de 1955 alcançando 6,6 pontos na Escala Richter, considerado forte; essa escala vai até 10. Tremores com menor intensidade ocorreram por lá. Em 23 de março de 2005 um forte abalo chegou a 5,2 pontos; à época difundiu-se a falsa informação de que teria acontecido um teste nuclear no Campo de Provas Brigadeiro Velloso, da Aeronáutica, na Serra do Cachimbo, no Pará, perto de Guarantã do Norte.
MEMÓRIA – A colonização de Porto dos Gaúchos ficou a cargo da Colonizadora Noroeste de Mato-grossense (Conomali), de Meyer e sócios. Essa empresa construiu a Estrada da Baiana (MT-338), numa extensão de 145 quilômetros ligando a então vila à Estrada do Rio Novo. Antes dessa via o acesso ao lugar era feito por avião ou pela Hidrovia do Arinos, no período das águas altas. Assessorado por um grupo qualificado, Willy contou com a participação de José Pedro Dias, o Zé Paraná, em sua equipe. Mais tarde Zé Paraná fundaria Juara e Tabaporã.
Quem viajava da recém-criada vila de Porto dos Gaúchos para Cuiabá e vice-versa tinha parada obrigatória na Pensão da Baiana, onde a pioneira na região, Rosalina de Jesus Maciel – a Baiana – a todos atendia e seu trabalho ganhou reconhecimento: a rodovia MT-338 recebeu o nome de Estrada da Baiana.
O município emancipou-se de Diamantino em 11 de novembro de 1963 por uma lei de autoria dos deputados Walderson Coelho e Agapito Boeira, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Fernando Corrêa da Costa.
Meyer foi o primeiro prefeito do município e morreu em Porto Alegre (RS) no dia 8 de fevereiro de 1994. Seu corpo foi enterrado na capital gaúcha. Posteriormente, numa cerimônia discreta com a presença de familiares, na manhã do sábado, dia 9 de junho de 2018, os restos mortais de Meyer foram sepultados no cemitério municipal em Porto dos Gaúchos .
Em 18 de março de 1997 o governador Dante de Oliveira sancionou uma lei de autoria do deputado José Riva denominando de “Rodovia Guilherme Meyer” o trecho da MT-220 entre a BR-163 e Porto dos Gaúchos. A reverência à memória do fundador não foi respeitada. Em 17 de março de 2016 o governador Pedro Taques sancionou nova lei, essa de autoria dos deputados Dilmar Dal’Bosco e Baiano Filho rebatizando o mesmo trecho de “Rodovia Ivete Maria Crotti Dorner”. Ivete morreu em 6 de maio de 2015 num acidente naquela estrada; a camionete que ela dirigia capotou. A homenageada era mulher do prefeito de Sinop e ex-deputado federal Roberto Dorner, que à época era companheiro político de Taques.
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