O Brasil sangra em Brasília aos olhos do mundo e diante de um povo crítico seletivamente. O Congresso é uma vergonha e o governo federal, idem. O Supremo Tribunal Federal está sob fogo cruzado, criticado por ativismo político. Os partidos tornaram-se contas-correntes preferenciais para depósitos milionários do Fundo Eleitoral. As emendas parlamentares desmoralizam o poder político. O cenário acima descrito não mudará facilmente nos próximos anos e tende a piorar. Isso, por conta do acovardamenteo, conivência, subserviência e a velha mania de se levar vantagem em tudo nos municípios, que formam a base territorial brasileira – e também nos estados.
Não pensem que a podridão do Congresso é restrita ao Distrito Federal. Dentre os 513 deputados e 81 senadores, 11 são mato-grossenses.
Nas bolhas das redes sociais sobram críticas ao Parlamento Brasileiro, mas não se fala nos congressistas de Mato Grosso, em suas emendas cabulosas, em suas alianças políticas. Nem o maior dos videntes sabe responder qual a composição que fará Jayme Campos ou Wellington Fagundes, ou até mesmo se os dois comporão uma chapa; salvo o PT, não há fidelidade partidária e cada um abraça aquele que melhor lhe interessa; poderemos ver dobradinhas sem alicerce partidário: Mauro Mendes e Max Russi; Pivetta e Janaína Riva; José Medeiros e Mauro Mendes; é aquilo que Stanislau Ponte Preta chamou de Samba do Crioulo Doido. Não há retidão nem definição política na Terra de Rondon. O sujo de ontem assume uma bandeira política e fica ungido. Não se leva em consideração o grupo político do candidato nem seu histórico de militância em grupos políticos corruptos do passado. Nada é avaliado. Berço, convívio e práticas corruptas confessadas sob rótulos de amenidade não pesam na hora do voto.
O governo Lula é execrado pela estranha forma encontrada para que as condenações que lhe foram impostas no escândalo da Lava Jato, fossem anuladas. Por aqui não é diferente e ninguém não fala nada. O episódio do Paletó, a corrupção confessa de José Riva praticada ao longo dos 20 anos de seu controle sobre a Assembleia e o afastamento e a readmissão de cinco conselheiros do TCE, são alguns exemplos, mas há outros: o governo Silval Barbosa caracterizado pela corrupção passou e não há um preso sequer respondendo pela corrupção rebatizada improbidade administrativa; logo após o governo, vários foram processados, condenados em primeira instância e presos, numa extensa lista que inclui Silval, Roseli Barbosa, Eder Moraes, Afonso Dalberto, Sílvio Corrêa, Chico Lima, José Nunes Cordeiro, Marcel de Cursi, Pedro Nadaf, César Zilio e tantos outros – todos estão em liberdade.
Um rumoroso caso de corrupção no Detran em que as investigações apontaram as participações de Eduardo Botelho, Wilson Santos, Pedro Henry e outros, está providencialmente abafado e ninguém se manifesta.
A bancada federal bolsonarista mato-grossense é agressiva contra Lula e não mede palavras. No entanto, Carlos Fávaro (PSD) destinou uma emenda atípica de 29 milhões para a prefeitura da pequena Jangada e os governistas Jayme Campos, Wellington Fagundes, Coronel Fernanda, José Medeiros, Gisela Simona, Coronel Assis, Nelson Barbudo e Rodrigo da Zaeli não se manifestaram. Ao Lula eles criticam, mas ao colega congressista mato-grossense, não. Qual dos dois lados está errado ou ambos são peça da mesma engrenagem?
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Se Mato Grosso refletisse ainda que um segundo, não iria para as redes sociais criticar o Congresso estando em silêncio por aqui, inclusive sobre a Assembleia Legislativa, que em junho foi abalada por uma matéria do UOL dando conta de que 14 deputados estariam envolvidos num esquema sujo de compras superfaturadas de kits para a agricultura familiar por meio de emendas executadas pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar (Seaf), quando o titular da mesma era Luluca Ribeiro, que ocupava o cargo por indicação de Janaína Riva (MDB).
Dentre os citados no escândalo das emendas, algumas figuras do alto clero da Assembleia. Da relação fazem parte Eduardo Botelho (União), à época da liberação das emendas era presidente da Assembleia; Juca do Guaraná (MDB); Doutor João José (MDB); Gilberto Cattani (PL); Fabio Tardin (PSB); Júlio Campos (União); e Faissal Calil (PL).
Como consertar o Congresso com o espinho das emendas parlamentares estaduais para a agricultura familiar cravado na garganta da Imprensa mato-grossense, que não toca no assunto nem com reza brava? Com a Assembleia calada? Com o Ministério Público tão distante quanto a verdade no Congresso em Brasília?
Como criticar o Supremo Tribunal Federal sem falar sobre o Tribunal de Justiça de Mato Grosso, ora com magistrados monitorados por tornozeleiras eletrônicas e nadando e com juiz afastado?
A crítica ao Supremo torna-se hipocrisia ou forma de desopilar o fígado.
O domingo ficaria pequeno para citar todos os envolvidos nos grandes escândalos em Mato Grosso.
A milenar sabedoria chinesa nos ensina que ou se deve estar calado ou dizer coisa que valha mais que o silêncio. Se os críticos no plano nacional não podem citar as causas, que não ataquem seus efeitos.
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