Governo se fecha: Mauro baixa omertà por 30 dias sobre finanças

Silêncio absoluto, isolamento total numa espécie de omertà política. nenhum diálogo num período de 30 dias. Essa a proposta apresentada pelo governador Mauro Mendes (DEM) em sua primeira coletiva após ser empossado.
Alegando que o governo está em situação análoga à da recuperação judicial de empresas falidas ou a um passo disso, Mauro disse com clareza que precisa de tempo. Precisa de tempo para botar a casa em ordem. Porém, o governador não revelou como ficarão os compromissos constitucionais de sua administração com os repasses do duodécimo, com as transferências aos municípios e com folha salarial.
O governador insistiu na tecla da redução do custo da máquina pública, e para tanto, reiterou seu discurso de demitir três mil comissionados e outros servidores. Acrescentou que na próxima semana encaminhará um conjunto de leis (na verdade, projetos de lei) para a Assembleia Legislativa. Sem detalhar os projetos, falou em revisão tributária que incluiria o Fundo Estadual de Habitação e Transporte (Fethab).
Questionado sobre calendário para quitação do 13º em aberto de alguns servidores, desconversou. Com cautela citou que o secretário de Fazenda, Rogério Gallo, terá tempo para lhe informar sobre a situação. Gallo, foi secretário de Mauro quando prefeito de Cuiabá: é um dos ex-secretários do governador anterior, Pedro Taques, mantido no cargo por Mauro.
Na rapidez da entrevista, que durou 20 minutos, Mauro não falou sobre o silêncio de Gallo sobre a questão da situação análoga a empresa em recuperação judicial. Gallo, que respondia pela Secretaria de Fazenda (Sefaz), é a figura indicada para informar ao novo governador sobre as finanças do governo.
Uma densa nuvem de isolamento cobre Mauro e sua equipe. Mato Grosso terá que esperar um mês para saber o que acontece em seu governo.
O isolamento anunciado e agora em vigor, não mereceu destaque da Imprensa, que optou por outros temas relacionados ao novo governo. Os poderes, Ministério Público e a associação dos prefeitos (AMM) não se manifestaram.
O período de isolamento, segundo Mauro, “é necessário”. O governador pediu a compreensão da Imprensa e dos prefeitos, com os quais não dialogará no período. Seu antecessor, Pedro Taques, também se isolou ao assumir o Palácio Paiaguás. Em silêncio, criou o programa Bom Pagador, que na verdade se transformou num grande calote do governo a fornecedores e prestadores de serviço.
No isolamento de Pedro Taques em seus primeiros momentos no governo, Mauro esteve ao seu lado e assim permaneceu até o começo do ano passado, quando entrou na disputa eleitoral concorrendo com o ex-aliado Pedro Taques. Fora do governo Mauro manteve no secretariado estadual parte de seus antigos assessores na prefeitura.
O discurso de Pedro Taques no ontem, que se sustentava numa suposta crise nacional sem precedentes foi bem absorvido por Mauro e sob um ângulo ainda mais desanimador: as finanças estão desequilibradas, o governo gasta muito e mal, e há um rombo entre receita e despesas que somente Gallo sabe, mas sobre isso Mato Grosso terá que esperar até fevereiro, faça chuva ou faça sol.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Mayke Toscano – Governo de Mato Grosso em 1º de janeiro
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