Boa Midia

Governo não tem um real sequer para quitar dívidas com municípios e prefeitos aceitam essa situação

Reunião de Max Russi com os prefeitos
Reunião de Max Russi com os prefeitos

Muito barulho e pouca chuva. Esta frase bem resume o que aconteceu nesta semana na relação da associação dos prefeitos (AMM) com o governo Pedro Taques. Segundo o presidente da entidade, Neurilan Fraga, caso o Palácio Paiaguás não apresentasse nesta sexta-feira uma proposta razoável calcada em valores e prazos para a quitação dos repasses constitucionais e da transferência de Fundos pendentes às prefeituras, seria levada à apreciação dos prefeitos uma proposta pedindo o impeachment de Taques. Resumo: em nome de Taques o chefe da Casa Civil, Max Russi, discutiu o assunto com a AMM deixando claro que não há fonte orçamentária para quitar a dolorosa. A fala de Russi ao invés de levar o pedido (do impeachment) à votação, foi aceita e Mato Grosso chega ao fim do terceiro ano do mandato de Taques num mar de incerteza.

A reunião de Russi com os prefeitos aconteceu na AMM e teve a participação de congressistas e deputados estaduais. O Chefe da Casa Civil não criou expectativa. Simplesmente citou que o caixa está zerado. Sua fala passou pela perspectiva de recebimento ainda neste ano de uma parcela do FEX e de uma dívida da Conab, e do aporte de uma emenda parlamentar federal para a Saúde.

O Auxílio Financeiro para o Fomento às Exportações (FEX) para o governo estadual ratear com os municípios será de R$ 496 milhões. Seu desembolso é previsto para a segunda quinzena de dezembro, mas antes do Natal.

A dívida da Conab é de R$ 109 milhões, data de 1985 e sua origem foi a falta de recolhimento de ICMS por parte daquela empresa vinculada ao Ministério da Agricultura. Seu pagamento tem um labirinto pela frente: precisa de caixa, depende de aprovação da Secretaria do Tesouro Nacional e de ser incluída ao Refis. Não há previsão para sua quitação. Desse montante 25% pertencem aos municípios por se tratar de receita de ICMS.

A emenda parlamentar federal é impositiva, seu montante chegaria a R$ 126 milhões, segundo o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), que participou da reunião. Bezerra antecipou que a bancada acompanhará sua destinação, para que a mesma realmente chegue aos municípios.

 

DESFECHO – A quitação da dívida com os municípios é um compromisso em aberto. Pior: devedor e credores sequer sabem o montante exato e, aparentemente, não há o menor interesse do Palácio Paiaguás em dar números a essa situação. A única certeza é que não há recurso próprio do governo para tanto. Mesmo assim os prefeitos concordaram com Russi.

A situação é ainda mais grave, porque segundo Russi, o governo não conseguiu recursos para quitar o duodécimo de setembro e outubro. Além disso, o chefe da Casa Civil revelou que 92% das receitas do governo são destinadas à folha salarial, duodécimo e custeio da máquina, e que 6% são para pagamento de juros.

Mesmo sem uma luz sequer no fim do túnel, para que o governo possa cumprir suas obrigações constitucionais com os repasses, Taques mantém a movimentação de receita e despesa guardada a sete chaves. Desde o final do ano passado, o Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças de Mato Grosso (Fiplan) fora do sistema, o que impede seu acesso como permite a Lei da Transparência.

Prefeitos voltam para seus municípios sem a resposta que a população espera. Enquanto isso prefeituras reduzem o número de servidores comissionados, fecham postos de Programa de Saúde da Família e suspendem o transporte escolar.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTO: Assessoria da AMM

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies