FOGO – Um bote internacional armado sobre a Amazônia

As chamas que devoram parte da Amazônia Legal são extremamente nocivas ao Brasil e ao meio ambiente universal. Porém, mais nocivo ainda poderá ser a reação internacional contra o Estado Brasileiro, com base na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 29 de junho de 2006 com a chancela do governo do presidente Lula da Silva.

Por ordem de Lula, o Brasil assinou essa Declaração ao lado de pequenos países sem aldeamento indígena, mas os Estados Unidos e a Rússia disseram não à decisão que nasceu de uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, Suíça.
Na quinta-feira, 22, o presidente francês, Emmanuel Macron postou declaração no Twitter, que levará a questão dos incêndios na Amazônia à reunião da cúpula do G7, no balneário de Biarritz, nesse final de semana. Governantes e políticos de outros países também se manifestaram em tom ácido. Artistas e esportistas de renome internacional não economizaram críticas ao Brasil e seu presidente Jair Bolsonaro.
Se faltava uma justificativa ainda que entre aspas para a comunidade internacional voltar seu olhar de cobiça sobre a Amazônia, não falta mais. Incêndio com suas chamas destruidoras é um fundamento perfeito para o mundo civilizado partir em defesa dos povos independentes que vivem aldeados na Amazônia – a ONU garante isso.
Basta uma liderança indígena pedir socorro à ONU, que de imediato os boinas azuis saltarão de paraquedas sobre a floresta e a ocuparão com seus barcos em seus incontáveis rios navegáveis. O cenário é sombrio. Muito sombrio. Lula reconheceu a independência dos povos indígenas, cada qual com sua etnia, seus costumes e, agora, com seus direitos assegurados pelas Nações Unidas.

Não é mera coincidência que recentemente criou-se um grupo em mídia social para defender a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao cacique caiapó Raoni Metuktire, que é amigo do astro Sting e de outras figuras do jet set internacional. Raoni é aldeado na terra indígena Capoto/Jarina, no Nortão e considerado o brasileiro mais conhecido na Europa – até mais que o rei Pelé.
O momento exige muita diplomacia política brasileira. Também exige a união de todos. A origem ainda não bem esclarecida de tanto fogo e o ódio ideológico que se espalha pelas redes sociais e na mídia podem acender a chama da tentativa do esfacelamento territorial brasileiro.
Tenhamos em conta algo extremamente grave. Usando a defesa dos povos indígenas e de seus territórios, a ONU (fazendo o jogo europeu e americano) pode nos mandar a fatura do esfacelamento territorial da Amazônia, inclusive de parte da Amazônia Legal no Vale do Araguaia, Nortão e Chapadão do Parecis.
No contexto do fogaréu é preciso analisar a questão muito além das chamas: pela defesa da indissolubilidade da territorialidade nacional.
Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso em arquivo
2 – O Antagonista – internet
3 – – Arquivo blogdoeduardogomes
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