Fiscalizar uso de avião por candidatos
A vastidão territorial de Mato Grosso – quase continental com seus 903 mil km² – exige que candidatos utilizem aviões para visitarem municípios. Essa prática é adotada tanto por políticos em busca de cargos majoritários quanto pelos que concorrem nas eleições proporcionais. Alguns roteiros nos primeiros dias da campanha chamam a atenção pelo custo das viagens para cobri-los.
Numa amostragem de políticos em viagens, os candidatos ao Senado Nilson Leitão (PSDB), Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD), e os concorrentes ao governo Mauro Mendes (DEM), Pedro Taques (PSDB) e Wellington Fagundes (PR), cujas assessorias distribuíram notas sobre suas andanças.
Eis alguns exemplos de viagens divulgados pelas assessorias dos respectivos candidatos:
Leitão – quinta, 16 em Sorriso, Sinop e Rondonópolis. Sexta, 17, em Dom Aquino. Sábado, 18 em Alta Floresta.
Mauro Mendes e Fávaro – sábado, 18, em Confresa.
Pedro – domingo, 19, em Cáceres.
Mal a campanha começou e Wellington foi a Sapezal, Comodoro e Juína.
Jayme Campos visitou Juína
Os questionamentos sobre essas viagens, são: o Ministério Público Eleitoral tem controle sobre os planos de voos das aeronaves que transportam os candidatos e assessores? Há cruzamento dos planos de voos com o noticiário que estampa as visitas?
No caso de Pedro, há outro fator que deve merecer atenção especial do Ministério Público Eleitoral: a possibilidade de uso da máquina do governo a serviço da tentativa de reeleição de Pedro. No domingo, 19, o governador vai a Cáceres numa agenda híbrida – oficial e política. Como separar os dois compromissos para que o contribuinte não custeie a ida do governador? Como saber se a parte institucional da viagem não seria uma forma de ludibriar a prestação de contas com os gastos de campanha?
A jornada eleitoral está apenas começando. Se não houver rigorosa fiscalização, o abuso do poder econômico e do poder político poderão influenciar no resultado das urnas. Se o Ministério Público Eleitoral não atuar com rapidez, urgência e transparência no quesito do uso do transporte aéreo, poderemos ser vítimas de eleições viciadas.
O ponto crucial da fiscalização é o transporte aéreo, que exige permanente cruzamento de informações entre o Ministério Público Eleitoral, a Infraero, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Aeronáutica e autoridades nos municípios.
Antes que seja tarde demais, que uma rigorosa e permanente fiscalização seja acionada para monitorar a utilização do avião na campanha eleitoral.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTO: Ilustrativa
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