Entrevista de um gago
No distante ano de 1962 surgiu no Atlético um lateral direito bom de bola que só ele. Seu nome: Armindo Antonio Gonçalves, apelidado de Pelezinho. O jogador brilhou também na seleção mato-grossense de futebol e em 63 acabou ingressando no Mixto.
Pelezinho não dava entrevistas para radialistas e jornalistas – naque¬le tempo ainda não existia televisão em Mato Grosso… – nem por decreto de Deus. Não era por nada não! Acontece que Pelé era gago e raramente conse¬guia balbuciar alguma palavra…
Em 1963, a Portuguesa de Desportos de São Paulo veio jogar com o Mixto no Dutrinha. Como sempre, o estádio estava lotado. Para variar, Pe¬lezinho deu um show de bola naquela tarde, sendo considerado pela crônica esportiva daqui e de fora que cobriu o jogo como um dos maiores destaques do amistoso.

Terminada a partida, vencida pela Lusa por 2×1, os repórteres de emissoras paulistas correram na direção de Pelezinho, ainda dentro do campo, para entrevistá-lo. Quando um repórter perguntou ao jogador mixtense o que ele tinha achado do jogo, Pelezinho começou a responder: “Ah, ah, ah, oh, ah, ah, oh, ah, ih, ih…”
Percebendo que não ia sair nada da boca de Pelezinho, o repórter encerrou a entrevista: “Acabou de falar o excelente lateral direito do Mixto…”
Durante muito tempo, a entrevista de Pelezinho foi motivo de muita gozação. E Pelezinho não reagia às brincadeiras dos companheiros, porque se o fizesse, certamente ia ter briga, como sempre acontece quando alguém tenta conversar com um gago…
PS – Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino.
Comentários estão fechados.