É inaceitável a prorrogação de mandatos
O movimento encabeçado por entidades ligadas aos atuais prefeitos e vereadores [AMM-Associação Mato grossense dos Municípios] e CNM [Confederação Nacional dos Municípios] pelo adiamento e unificação das eleições para 2022, é a defesa escrachada de interesses pessoais e corporativistas.
Não são verdadeiros e nem convincentes os argumentos usados por atuais prefeitos e vereadores, que o calendário eleitoral deve ser mudado em função da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, a saúde da população e as dificuldades financeiras das prefeituras. O que querem mesmo é ganhar no grito, mais dois anos de mandato, sem passar pelo crivo da população e continuar usufruindo das benesses do poder.
Cabe um questionamento no objetivo da PEC– Proposta de Emenda a Constituição- apresentada pelo senador de Mato Grosso, Wellington Fagundes (PL), propondo o cancelamento da eleição, coincidência de mandatos eletivos e eleições gerais em 2022. O que ele pretende em querer atropelar o legítimo e democrático processo eleitoral?
Quem acompanha mesmo que superficialmente a carreira política deste senador e os gastos astronômicos de suas campanhas eleitorais, percebe que a nupérrima preocupação com os custos das eleições municipais, não combina com o seu perfil político.
Não custa lembrar que Fagundes foi citado pelo ex-governador Silval Barbosa em sua delação premiada, e posteriormente, investigado na operação Ararath por suposto recebimento de propina.
Já outro defensor do adiamento das eleições e prorrogação de mandatos, é o presidente da AMM, Neurilan Fraga, que ocupa o cargo sem legitimidade, pois nem prefeito é. Ele mudou o estatuto da entidade, abrindo precedentes para permanecer no cargo, após o término de seu mandato.
Portanto, é habituado a fazer manobras amorais para suprir seus interesses escusos. Está à frente da AMM há vários anos, como se esta entidade fosse sua propriedade particular, usufruindo de um salário superior a R$ 18 mil reais. Dinheiro proveniente de repasses feitos pelas prefeituras.
Está claro e evidente que agem para arbitrar seus interesses pessoais, contra as normas da ordem democrática de direito. Porém, a população não deve aceitar que movimentos usurpadores, interfiram na constitucionalidade que rege e norteia a legitimidade do processo eleitoral.
Diante, da pandemia do coronavírus, a sociedade e os milhares de pessoas espalhadas pelo Brasil, entendem caso haja um adiamento na data da eleição da realização do pleito, para os meses subsequentes a outubro. Mas o cancelamento, transferindo e unificando as eleições em 2022, é impreterível. Não podemos aceitar que prevaleça mais esta tentativa de insídia contra a nossa democracia.
Prefeitos e vereadores eleitos no pleito de 2016, receberam votos do eleitor para um mandato de 4 anos. E não para 6.
A prorrogação de mandatos nada mais é do que um golpe. Uma atitude antidemocrática, fascista e contrária a vontade da população.
Por conseguinte, é inaceitável esta tentativa sórdida de unificar as eleições para 2022 e prorrogar mandatos de prefeitos e vereadores para 6 anos.
José Vieira do Nascimento é Editor do Jornal Mato Grosso do Norte -Jornalista, pós graduado em comunicação e marketing
mtnorte@terra.com.br
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