Dias Tofolli e Wellington: a República se acomoda

Toffoli correu o chapéu junto aos senadores do Bloco Vanguarda (PL/DEM/PSC). Com a água batendo no nariz, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, almoçou na terça-feira, 13, com os integrantes daquele grupo, que é liderado por Wellington Fagundes (PL), mas o presidente do Senado e membro do Vanguarda, Davi Alcolumbre (DEM-AP) não deu o ar da graça.
Oficialmente Toffoli participou de um almoço com viés institucional com os senadores, para tratar de temas da República. Na verdade, o ministro estava atrás de apoio, de blindagem contra um pedido de impeachment que a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL/SP) costura contra sua cabeça. Tanto costura – e faz questão de deixar isso bem claro – que enquanto o ministro e seus anfitriões se empanturravam, Janaína fazia peregrinação no Senado em busca de aval para a degola do magistrado que exerce o mais alto cargo no Judiciário Nacional. A deputada não engole a decisão do presidente do STF, que suspendeu todas as investigações com dados compartilhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial – atendendo a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
O clima no STF não deve ser nada tranquilo, pois além de Toffoli, seus colegas Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes também são possíveis alvos de pedidos de impeachment. Além disso, o fantasma de uma possível CPI Lava Toga, faz até a Deusa ficar ouriçada.
O ministro não comentou sobre o almoço. Wellington distribuiu nota onde informa que defendeu o diálogo entre os poderes, com cada um cumprindo seu papel. O senador entende que “este não é um momento de buscar atrito“. Também pela nota o mato-grossense revelou que tanto ele quanto seus colegas de Senado que receberam Toffoli descartam a possibilidade do possível impeachment aventado.
A recepção a Toffoli ficou por conta de Wellington e outros sete senadores do Bloco Vanguarda e de dois convidados especiais: a senadora Simone Tebet (MDB/MS), que coincidentemente ou não preside a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – onde impeachment ou nasce ou morre – e o governador democrata Mauro Mendes. Isso mesmo! Wellington levou Mauro Mendes ao encontro de seu bloco com o presidente do STF, muito embora os assuntos tratados entre as partes nada tivessem a ver com os governos estaduais. Uma fonte ligada ao senador mato-grossense observou que o convite a Mauro Mendes foi um recado político para ele, mas ou menos assim: “olha, leve em conta que o STF vem aqui no Senado conversar com a gente“.
Na segunda-feira, 12, véspera do almoço, após uma audiência pública na Assembleia Legislativa, para debater a retomada da obra do novo Hospital Universitário Júlio Müller, paralisada há mais de cinco anos, conversei com Wellington sobre uma demanda mato-grossense. Na oportunidade ele me disse que almoçaria com Toffoli. Almoçou mesmo.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Agência Senado
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