Desenvolvimento de Mato Grosso tem página escrita por Sinjão Capilé
João Augusto Capilé Júnior, ou simplesmente Sinjão Capilé, noascido em Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, quando aquele município pertencia a Mato Grosso, passou a infância e juventude em Dourados, de onde mudou-se para Cuiabá em 1961, onde escreveu importante capítulo do desenvolvimento mato-grossense.
Sinjão foi prefeito de Dourados (agora Mato Grosso do Sul) no período de 1945 a 1947. Na prefeitura criou a Colônia Municipal, que foi o primeiro projeto de reforma agrária executado no Brasil por um município; essa colônia deu origem ao município de Itaporã.
Em Dourados Sinjão foi um dos fundadores do Jornal O Progresso e seu redator-chefe; o presidente daquele períodico era Weimar Torres e o compositor de artes gráficas Nauristides Brandão; Sinjão usava o pseudônimo de Jota Júnior e assinava a coluna “Aquarela da Vida”.
Nos meios políticos, inicialmente Sinjão militou do PSP do líder paulista Adhemar de Barros. Em 1958 assinou ficha de filiação na UDN e nas asas daquele partido mudou-se para Cuiabá, com a missão de presidir a Comissão de Planejamento da Produção (CPP), que era o braço administrativo do governo mato-grossense. A CPP seria transformada na Companhia de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (Codemat), estatal extinta numa reforma administrativa nos anos 1990.
Na direção da CPP Sinjão fundou as vilas de Salto do Céu, Rio Branco e Lambari D’Oeste, nos anos de 1962 e 63 e, com isso abriu a primeira frente de colonização na vastidão territorial do município de Cáceres, na região Oeste, faixa de fronteira com a Bolívia.
No final da década de 1960, Salto, Rio Branco e Lambari ganharam impulso com a chegada de centenas de famílias de agricultores mineiros e capixabas. Posteriormente emanciparam-se de Cáceres, preservando seus nomes
Também à frente da CPP Sinjão teve papel de destaque na instalação da primeira usina de açúcar em escala industrial em Mato Grosso, a Usina Jaciara, na cidade do mesmo nome, na região de Rondonópolis.
Sinjão presidiu a Companhia Telefônica e Cuiabá e no exercício do cargo integrou a cidade ao sistema de Discagem Direta à Distância (DDD), conquista tão importante no setor das comunicações quanto a ligação da capital mato-grossense às linhas telegráficas que no início do século passado levaram as impressões digitais do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Calmo e discreto, nos últimos anos Sinjão lia, tocava violão, cantava e dedicava-se exclusivamente à família, principalmente aos netos, bisnetos e trinetos. Uma de suas filhas, dona Iris Capilé, foi casada com o jornalista João Alves de Oliveira, fundador do jornal Diário de Cuiabá, do qual ela é diretora.
Vítima de complicações pulmonares , aos 99 anos, Sinjão fechou os olhos para sempre em 02 de junho de 2015, no Hospital São Mateus, em Cuiabá. Seu corpo foi velado e sepultado na capital mato-grossense.
Da Redação
FOTO: José Medeiros
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