Cuiabá, 31 de janeiro de 1971. O Brasil dá importante passo para a política de integração nacional com a ocupação do vazio demográfico amazônico. Naquela data o 9º Batalhão de Engenharia de Construção (9º BEC) hasteou sua bandeira no centro geodésico da América do Sul, com a missão principal de compartilhar com o 8º BEC, de Santarém, a abertura da BR-163 que nós chamamos de Cuiabá-Santarém e os paraenses de Santarém-Cuiabá.
A obra da BR-163 foi delegada ao Exército pelo Ministério dos Transportes e sua execução era considerada estratégica dentro do Plano de Integração Nacional e dos bordões que a inspiravam: “Integrar para não entregar” e “Terra sem homens para homens sem terra”. O coronel José Meirelles, comandante do 9º BEC, deveria executá-la até a divisa com o Pará, numa extensão de 793 km, onde o mesmo se encontraria com o 8º BEC. Porém, o ritmo dos trabalhos foi tão intenso que a frente da obra rumo Norte estendeu seu trecho ao córrego Santa Júlia, no Pará, 321 km à frente, perfazendo a extensão de 1.114 km.
Formador de cidadania. Assim sempre foi o 9º BEC ao longo de décadas em Cuiabá. Ex-soldados ocupam lugar de destaque no contexto mato-grossense e a uma só voz elogiam aquela unidade militar, que recebeu o nome de Batalhão General Couto de Magalhães, o homem público que governou Mato Grosso, fundou Várzea Grande e sonhou com a abertura de uma rodovia paralela ao rio Tapajós, para interligar Mato Grosso ao Pará e criar um corredor comercial que permitisse o escoamento de diamante para a Europa tendo como ponto de embarque marítimo o porto de Santarém, na foz do Tapajós no Amazonas, onde a navegação é classificada como marítima.
Ao longo de minha trajetória não somente acompanhei o trabalho daquela unidade militar, como, também, no cargo de governador de Mato Grosso no período de 1983 a 1986, firmei convênios com o mesmo, o que resultou em importantes obras para nossa população.
Ao assumir o governo em 1983 Mato Grosso vivia o período pós-divisão territorial, que em 1979 criou Mato Grosso do Sul. Para suprirmos as grandes e diversificadas demandas por serviços públicos, buscamos recursos externos e estabelecemos parcerias com a União, por meio de convênios para que executássemos obras delegadas.
No cargo de governador mantive o melhor nível de relacionamento com o 9º BEC e após o governo nossa relação não foi diferente, pois sempre reinou a reciprocidade do respeito e da admiração entre nós.
A cordialidade facilitou para que Mato Grosso buscasse no profissionalismo e na ética dos oficiais e praças do 9º BEC, o braço forte que tanto precisávamos para tantas demandas. Foi assim, que juntos, Mato Grosso e 9º BEC, pavimentaram a BR-070 de Cuiabá a Barra do Garças e naquela cidade asfaltaram a pista do aeroporto, com 1.598 metros de extensão; também em parceria o 9º BEC participou do asfaltamento de parte da BR-163, no trecho compreendido entre o Trevo do Lagarto, de Várzea Grande, e Nova Santa Helena.
Em outras obras o 9º BEC também esteve ao lado de Mato Grosso. Além das construções, os militares daquele batalhão demonstraram solidariedade com o povo mato-grossense. Em 1972 fui eleito prefeito de Várzea Grande, e em 1974 exercia o cargo; naquele ano nosso Estado foi atingido por uma grande cheia dos rios da Bacia do Prata. Várzea Grande foi parcialmente alagada e muitas famílias tiveram que deixar suas casas. Desde o primeiro e até o último momento da tragédia climática, tivemos a mão estendida dos militares. O à época comandante do 9º BEC, coronel Ewald Antônio Moura da Trindade, participou pessoalmente do resgate, socorro às vítimas e remoção de famílias.
O 9º BEC orgulha Mato Grosso pela formação que ao longo de décadas transmite aos nossos jovens em idade militar, pelas obras que executa e por sua presença em missões internacionais da ONU.
Pelos 54 anos do 9º BEC na terra mato-grossense, data que se celebra nesta sexta-feira, 31 de janeiro de 2025, parabenizo seu comandante, o tenente-coronel João Paulo Carvalho de Alencar, seus oficiais, praças e funcionários civis.
Parabéns 9º BEC.
*Júlio Campos – engenheiro agrônomo e empresário, Júlio José de Campos é deputado estadual e 1º vice-presidente eleito da Assembleia Legislativa; foi professor da Universidade Federal de Mato Grosso, vice-presidente da Embratur, prefeito de Várzea Grande, três vezes deputado federal, governador, senador, vice-presidente do Senado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
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