Deputadas estaduais paulistas recebem ameaças de morte
Elaine Patricia Cruz – Agência Brasil
SÃO PAULO
Deputadas estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) receberam no último sábado (31) mensagens de e-mail com ameaças de morte e de estupro. O texto encaminhado às deputadas paulistas tinha teor violento e ofensivo e citava nominalmente algumas parlamentares.
A deputada Andréa Werner (PSB) conta que recebeu o e-mail e que estava em Brasília quando foi informada por sua assessoria sobre as ameaças.

“Minha assessora foi a primeira que viu e notou que todas as deputadas estavam copiadas e me comunicou. Em princípio, o meu chefe de gabinete não queria me deixar ler, mas eu insisti para ler e é um conteúdo extremamente violento, com ameaças de morte e de estupro, com coisas muito detalhadas e de uma forma até estranha, que chocam mesmo quando você lê. Eu sempre brinco que eu estou acostumada a ser xingada, pois sou ativista há muito tempo, mas eu nunca tinha recebido nada parecido com isso”, relatou.
“O que ficou muito claro com essa ameaça, principalmente porque foi direcionada para todas as deputadas da Alesp, é que a misoginia e o ódio para com uma mulher nos espaços de poder não tem preferência política do tipo: ‘Ah, eu vou ameaçar só as da esquerda’. Não, esta ameaça foi para todo mundo. Eles têm ódio a todas as mulheres no espaço de poder e eu acho que isso ficou muito claro com esse e-mail”.
Em entrevista à Agência Brasil, a deputada Marina Helou (Rede) avaliou o ataque como “inaceitável” e exige uma resposta da Casa.

“Esse foi um ataque inaceitável que ameaça todas as deputadas da Casa no corpo do e-mail. Foram ameaças bastante violentas e literais, tornando-se uma questão importante e que exige resposta institucional, de investigação e de acolhimento para que não fique sem resposta esse ataque frontal à democracia e à participação das mulheres na política”, defendeu.
As duas parlamentares disseram já ter sofrido ameaças outras vezes, mas nunca com essa amplitude, direcionada às deputadas de direita e de esquerda.
“Foi realmente um ataque direcionado às deputadas mulheres mostrando que existe uma busca por intimidar mulheres na política e para mostrar que esse lugar não deve ser ocupado por mulheres. E isso é absolutamente inaceitável. É preciso garantir que todos se sintam seguros e que as mulheres se sintam seguras no exercício de sua função”, ressaltou a deputada.
Algumas parlamentares não quiseram conversar com a imprensa sobre o caso. Outras estavam em viagens ou em reuniões e não puderam falar com a reportagem da Agência Brasil que esteve nesta terça-feira (3) na Alesp.
A deputada Ana Carolina Serra (Cidadania) se pronunciou por meio de nota e manifestou “seu mais firme repúdio a toda e qualquer forma de violência e tentativa de intimidação dirigidas às deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo”.
“Diante da gravidade dos fatos, e com o objetivo de não prejudicar as investigações em andamento, a parlamentar informa que, por orientação de sua assessoria jurídica, não emitirá declarações públicas sobre o caso neste momento. Reafirma-se, por fim, o compromisso inegociável com a legalidade, o respeito às instituições democráticas e a proteção da integridade de todas as mulheres no exercício de seus mandatos”, informou a assessoria da deputada.
Também por meio de nota, o presidente da Alesp, André do Prado (PL), manifestou solidariedade às deputadas estaduais. Ele afirmou que “nenhuma agressão pode ser tolerada”, e determinou que as polícias Civil e Militar fossem acionadas para investigar o caso.
