De vida pública
Em tempos de paz o Brasil nunca esteve tão apreensivo, triste e enlutado quanto agora por conta da pandemia do coronavírus. Esse sentimento nacional é o mesmo no âmbito regional em Mato Grosso, onde a doença não contamina tantos quanto na maioria dos estados. O menor número de casos não alivia a dor mato-grossense, por 34 mortos e 1.090 contaminados até esta quinta-feira, 21 de maio; somos povo sob risco do agravamento da situação e não temos governo eficiente, não contamos com infraestrutura hospitalar nem com os ditos formadores de opinião – salvo uma exceção aqui, ali ou acolá.
Que Deus estenda a mão sobre Mato Grosso.
O caos na saúde pública mato-grossense vai muito além da falta de infraestrutura hospitalar nas poucas cidades onde há hospitais. Ela beira o vácuo do Estado na maiora dos municípios, que dependem exclusivamente do Dr. Ambulância, que remove pacientes para hospitais regionais ou até mesmo Cuiabá, dependendo de seus quadros.
A pandemia despertou Mato Grosso para a ineficiência do governo estadual e das prefeituras na área da saúde. Despertou, mas até agora não conseguiu mobilizar a população em defesa de investimentos imediatos pra reversão da situação. Precisamos gritar, esbravejar, sair às ruas.
A chamada caixa de ressonância pra pressionar governo e prefeituras por melhorias na saúde seria Cuiabá. Infelizmente a capital não se sensibiliza com o abandono da população. Políticos preocupados em levar mais vantagens tratam de ampliar seu poder e nhapar mais e mais nas tetas do poder; sindicalistas, quase sempre atrelados ao núcleo de mandachuva, fazem barulho setorizado, mas sempre com o cuidado de não elevarem muito a voz, pra não contrariar quem realmente manda; nas redes sociais, os ditos formadores de opinião demonstram valentia para atacar o presidente Bolsonaro, o ex-presidente Lula, o ministro Paulo Guedes, os militares, o STF, o Congresso (com a devida prudência da omissão dos nomes dos 11 congressistas de Mato Grosso) e tantos outros poderosos que vivem bem distantes da nossa terra, mas não têm uma linha sequer em defesa de nossa gente.
Somos uma pequena população de 3.4 milhões de habitantes distribuída em 141 municípios numa área de 903 mil km² – quase continental. Nossa densidade demográfica é baixa e há vazios populacionais. Esse perfil exige que a saúde pública esteja próxima ao cidadão. Não podemos concordar com a incúria administrativa reforçada pela submissão parlamentar e a conivência sindical que deixa nossa gente entregue à própria sorte.
Que os moradores dos municípios fora de Cuiaba/Várzea Grande e dos principais polos se mobilizem. Elevemos nossa voz, ainda que a cúpula da estrutura política e social continue a nos desconsiderar. Gritemos por um novo Mato Grosso. Levemos adiante um brado de protesto contra esse verdadeiro genocídio em que se transforma a ineficácia do governador democrata Mauro Mendes; da Assembleia Legislativa presidida por Eduardo Botelho (DEM) e seundada por Max Russi (PSB); e da bancada federal formada pelos senadores Jayme Campos, Wellington Fagundes e Carlos Fávaros, e os deputados Carlos Bezerra, Rosa Neide, Neri Geller, Emanuelzinho Pinheiro, Juarez Costa, José Medeiros. Dr. Leonardo e Nelson Barbudo.
Gritemos por saúde. Peçamos a Deus que possamos sair fortalecidos – mesmo enlutados – da pandemia. Que no dia a dia tenhamos força e disposição pra mudarmos Mato Grosso e que essa mudança no plano político comece neste ano, com um coletivo voto de protesto suficientemente forte para impedir a reeleição dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 141 municípios.
Sejamos mais Mato Grosso e exorcizemos os políticos e sindicalistas que fazem de seus mandatos ferramentas de interesse próprio nesta terra de população honrada, de tanto sol, tanta luz, tanta produção agrícola, tanto rebanho bovino, tanta extração mineral, tanta receita tributária e de tantos políticos e sindicalistas que precisam ser banidos da vida pública.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista
eduardogomes.ega@gmail.com
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