De inútil
Justino Malheiros, presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, acaba de anunciar a criação de uma comissão presidida por Gilberto Figueiredo para analisar a proposta de enxugamento da folha de pagamento com a exoneração de 460 – pasmem! Quatrocentos e sessenta – servidores comissionados.
Essa informação não pode ficar restrita a uma notícia. Sob todos os aspectos tem que ser tratada de modo opinativo.
É muito vergonhoso a Câmara falar em exonerar 460 comissionados. A vergonha não é pela exoneração em si, mas pela existência de tantos decorativos servidores remunerados com o dinheiro do contribuinte cuiabano, enfurnados na ociosidade daquele improdutivo Legislativo, sempre submisso aos prefeitos, sempre sem identidade parlamentar na acepção da palavra, sempre fora do contexto de seu tempo.
Ao invés de uma comissão para analisar a situação, o ideal seria que o Ministério Público instaurasse um inquérito para apurar responsabilidade pelas nomeações e pela aceitação das mesmas para preenchimento formal de cargos rotulares que escondem interesses eleitoreiros dos donos do poder.
É triste a constatação de que Cuiabá não tem esgoto tratado em índice satisfatório mínimo. É triste saber que a rede física escolar cuiabana é formada por verdadeiros fornos, que colocam em risco a saúde de alunos, professores e servidores nessa terra abençoada e de altas temperaturas. É triste a falta de milhares de vagas nas creches municipais. É triste a precariedade e a limitação das policlínicas. É triste a falta de tratamento do lixo. É triste a balbúrdia do mosaico fundiário urbano, com milhares de imóveis sem titulação. É triste a existência de mais de 600 quilômetros de ruas sem pavimentação. É triste ainexistência de política ambiental para proteger os córregos que nascem na área urbana. É triste a falta de transporte coletivo digno. É triste a população ser refém do crime. Tudo isso gera uma tristeza que fica ainda maior quando se sabe que a Câmara é um ralo por onde escoam os recursos que poderiam amenizar o cenário predominante na esfera pública na quase tricentenária cidade de Pascoal Moreira Cabral.
A Câmara não precisa de mais uma comissão. O que ele precisa é de enxugamento, de trocar o apadrinhamento pela funcionalidade em nome do coletivo. O que ela precisa é de drástica redução de seu – legal, mas – imoral duodécimo.
Em respeito a Cuiabá sua legislatura em curso precisa botar os pés nos chão, sair do mundo fantasioso criado por mentes de doentias condutas politiqueiras e tratar a cidade com o devido respeito, coisa que ora não se vê e que leva o cidadão a dar crédito ao ditado popular que diz, “Vereador é Sua Excelência, o Inútil”.
EDUARDO GOMES DE ANDRADE
Editor
blogdoeduardogomes2017@gmailcom
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