Crise existe, mas Taques, Botelho e Ramos negam
Nessa tarde de quinta-feira Pedro Taques discute os atrasos do duodécimo com Rui Ramos, Eduardo Botelho e outras autoridades dos poderes. Entre Taques e os demais há uma grave crise que todos negam e que a imprensa desqualifica. Mato Grosso está a um passo do caos institucional. A última passada antes do esfacelamento pode ser um pedido de intervenção federal – remoto – caso o governador não convença seus interlocutores que somente não paga por falta de caixa, e nesse caso, se eles não aceitarem a justificativa e decidirem optar pelas regras constitucionais; ou a continuidade da bancarrota instalada no Palácio Paiaguás, onde os recursos entram, mas não chegam à ponta para sua destinação, sem que nenhuma autoridade assuma seu papel. Independentemente do que aconteça, a realidade é muito dolorosa para a população.
Na quarta-feira (ontem) uma fonte ligada ao Tribunal de Justiça revelou que o presidente do TJ, desembargador Rui Ramos, levaria à apreciação do pleno daquele tribunal um pedido de intervenção no Estado, a ser apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelo recorrente atraso do duodécimo. Tão logo essa informação chegou à imprensa, tanto Ramos quanto Taques trataram de desqualifica-la. Um site postou uma notícia sobre tal possibilidade, mas momentos depois ela foi retirada de sua página na internet.
A suposta proposta que seria apresentada ao pleno do TJ foi substituída pela reunião de cúpula dos presidentes dos poderes agendada para essa tarde. Enquanto espera pelo encontro com Taques, Ramos administra uma receita com menos R$ 28 milhões que é o tamanho do rombo pela falta do repasse do duodécimo por parte de Taques.
Na Assembleia Legislativa o presidente Eduardo Botelho (PSB) também enfrenta falta de recebimento do duodécimo. Doce e gentil com Taques, Botelho descarta analisar possível pedido de impeachment do governador por sua prática que é considerada pedalada fiscal. Tudo que o presidente diz é em tom de submissão ao governo: se não receber (o duodécimo) até amanhã (sexta-feira) a Assembleia não terá recursos para quitar sua folha salarial, quitar o milionário e indecente FAP (sigla de Fundo de Assistência Parlamentar, que faz a alegria financeira mensal de mais de 100 felizardos).
Até a associação dos prefeitos (AMM), jogou a toalha para Taques. No começo da semana, seu presidente Neurilan Fraga esbravejou jurando que pediria o impeachment de Taques por falta de repasses regulares aos municípios nas áreas de saúde e transporte. Na quarta-feira Neurilan levou um grupo de prefeitos para uma reunião com Botelho e outros deputados. Nesse encontro, todos mediram palavras, choraram, ficaram jururus, mas ninguém falou a palavra mágica: impeachment.
A reunião dos prefeitos com deputados não resultou em nada quanto a recebimento, mas sepultou uma comissão criada por Neurilan em maio, para acompanhar e negociar com o governo e a Assembleia, as transferências constitucionais aos municípios, que Taques teima em atrasar. Essa comissão é formada por Altir Peruzzo (Juína), Jeferson Gomes (Comodoro), Fábio de Faria (Canarana), Nelson Paim (Poxoréu) e Rosana Martinelli (Sinop). No entanto, sequer a mesma foi mobilizada para discutir a questão da saúde com os deputados; dela participaram do encontro somente Peruzzo, Paim e Jeferson, ao lado de seus colegas de Vale de São Domingos, Araguaiana, Ponte Branca, Indiavaí, Alto Garças, Canabrava do Norte, Santo Afonso, Terra Nova do Norte, Marcelândia, Querência, Arenápolis, Araguainha e Cocalinho.
RESUMO – Taques insiste que há frustração de receita, que seu antecessor Silval Barbosa concedeu aumentos imorais a algumas categorias e que o governo não tem meios para equilibrar receita e despesas.
O governador está num beco sem saída, apesar da complacência dos outros poderes – pelo menos até agora. Por enquanto, a mídia abafa a situação. Até quando isso continuará, ninguém sabe. Paralelamente a isso, o empresariado que construiu estradas e executou outras obras para o governo amarga um atraso de pagamento em obras já medidas, num montante superior a R$ 300 milhões.
Amanhã é sexta-feira, o Dia D para a Assembleia receber o duodécimo. Se o dinheiro não cair em sua conta, na segunda-feira haverá desespero entre a grande multidão que recebe para assessorar os deputados.
A situação em curso é desesperadora, mas esse azedume que reflete na falta de obras e na impontualidade de pagamentos e transferências constitucionais e repasses de duodécimos poderá sofrer agravamento, já que é esperada para qualquer momento o desencadeamento de uma operação da Polícia Federal para chegar à cúpula da Grampolândia Pantaneira – grampo de milhares de ligações telefônicas de adversários políticos de Taques, e de jornalistas, médicos, advogados e de tanta gente mais que até Deus duvida.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
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FOTO: José Medeiros/Governo de MT em arquivo
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