Boa Midia

(CP) – Aripuanã, onde o Estado somente aparece para multar e punir

O rio Aripuanã gera energia elétrica
Município maior que Sergipe, Distante 215 quilômetros da malha rodoviária pavimentada em Castanheira. Com 22.714 habitantes. Onde pasta um dos maiores rebanhos bovinos mato-grossenses. Subsolo rico em minérios. Aripuanã é assim, mas vai bem além: é uma região onde o Estado somente “dá as caras” para multar, prender e exigir, mas sem cumprir todos os deveres constitucionais com os moradores daquele ente federativo.

 

A cidade

Aripuanã resiste.

Sempre resistiu, desde 1910, quando seu núcleo urbano começou a se formar em razão da construção da linha telegráfica ligando o Rio de Janeiro e Cuiabá a Manaus, pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, dois anos antes.

Seus habitantes primitivos se dedicavam ao extratismo do látex de seringueiras nativas, e sua localização era à margem do rio Roosevelt distante cerca de 200 quilômetros da cidade de agora, que é banhada pelo rio que lhe empresta o nome. À época a região pertencia a Santo Antônio do Rio Madeira, que foi rebatizada como Porto Velho, capital de Rondônia.

Em 31 de dezembro de 1943, quando Mato Grosso se preparava para o Ano-Novo de 1944, o interventor Filinto Müller emancipou Aripuanã, de Santo Antônio do Rio Madeira.

A cidade hibernou até 1966, qusando o governador Pedro Pedrossian nomeou o piloto civil Amauri Furquim prefeito do município e lhe deu carta branca para escolher um local adequado para a instação de sua sede.

O comandante Furquim buscou a experiência do topógrafo Antonio Severo Gomes, e juntamente com ele bateu o martelo sobre a instalação da cidade.

Severo Gomes fez o arruamento e criou o projeto urbanístico de Aripuanã, a exemplo do que mais tarde faria em Alta Floresta, Apiacás, Paranaíta e Colniza.

Com a nova cidade, a prefeitura daquele município pouco tempo depois deixou a saleta que ocupava como se fosse sua sede, na Travessa Dom Bosco, em Cuiabá.

Reconhecendo o papel do comandante Furquim, Aripuaná deu seu nome ao aeroporto local, que tem pista pavimentada. Parte das terras de Aripuanã são apontadas juntamente com as da República de Geórgia como as melhores do planeta.

A fertilidade desse solo, segundo o escrivão da cidade, o advogado Domingos Gonçalves de Paula, o Domingão, funciona como atrativo e tem influenciado para que todos os anos milhares de novos moradores cheguem ao lugar.

A beleza dos saltos das Andorinhas e Dardanellos, no rio Aripuanã, nas imediações da cidade, atraia turistas, mas a construção de uma usina hidrelétrica no rio Aripuanã desfigurou aquela beleza natural.

MINÉRIOS –  A multinacional Nexa Resources, sucessora da brasileira Votorantim, incrementa um grande projeto mineral no município, há alguns anos, mas em 2019 garimpeiros descobriram ouro na área com direitos minerários da Nexa.

A cidade foi literalmente invadida e ocorreram problemas sociais, que foram – ainda que momentaneamente – resolvidos graças a um acordo entre as partes com intermediação dos governos estadual e federal.

A Nexa e a Cooperativa das Mineradoras e Garimpeiros   de Aripuanã (Coopermiga) com as bênçãos da Agência Nacional de Mineração (ANM) e da Companhia de Mato-grossense de Mineração (Metamat) decidiram recentemente que durante um ano, 1.500 garimpeiros poderão garimpar em 516 hectares amparados por uma Permissão de Lavra Garimpeira (PLG).

O Estado só “dá as caras” pra multar, mas nunca aparece pra realizar

Com o cachimbo da paz aceso, Aripuanã saiu da fervura social e continua recebendo fluxo migratório ligado ao garimpo enquanto a economia dita formal avança.

Na cidade a descrença é total sobre sua ligação à malha rodoviária pavimentada em curto espaço de tempo. A cidade não é interligada à malha rodoviária pavimentada nacional.

A pavimentação na malha rodoviária para Aripuanã tem seu ponto mais ao Norte em Castanheira, distante 260 quilômetros, com trecho de 220 quilômetros sem asfalto. Ha opção por Juína, distante 200 quilômetros via povoado de Filadélfia,  totalmente sem asfalto.

Pavimentação à parte, o grande município com 25.107,968 km² na Amazônia Mato-grossense luta para melhorar seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,675 numa escala de zero a um, e sua renda per capita de R$ 33.215,39.

Fotos: Site público do Governo de Mato Grosso – Divulgação

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