Contando ninguém acredita
O meu falecido tio e padrinho Luiz Gomes, de grata memória, era um contador de estórias. E uma delas era o seguinte: que lá no interior do Pernambuco, onde ele nasceu, deu uma seca tão forte e tão prolongada que um dia, quando menos se esperava, choveu feijão. E ele repetia: feijão! E, prosseguia, contando ninguém acredita!
Algumas coisas tão inusitadas que acontecem nesse Brasil varonil, contando ninguém acredita! Não vou enumerá-las por que não é este o objetivo deste artigo. Na era digital não se vive sem as facilidades da Internet e dos meios digitais de comunicação que estão cheios de armadilhas para pegar os incautos e aqueles não versados nos segredos da nova tecnologia. Se os débitos das faturas é em conta corrente, o perigo é ainda maior, pois automaticamente e sem uma rigorosa vigilância vai-se estar pagando coisas que não solicitou e nem se sabe o que é: suporte, antivírus, firewall; adicional de assinatura; navegação segura; assistência; divulgação fácil; revisão go home e por aí vai a mão gato que solapa o seu rico dinheirinho, mês após e ano após ano.
O meu e-mail, que é uma marca que carrego há 20 anos, estava com todos os encargos acima citado. Na última fatura eu paguei R$ 216,00. Repito R$ 216,00 reais. Nele constava mais 4 agregados que usufruíam da assinatura. Já pensou o pagamento deste valor em 1 ano, em 20 anos, daria uma pequena fortuna que me foi rapinada, na mão grande, pois os pretensos serviços colocados na minha conta me foram impostos, sem a anuência, e eu nunca os utilizei e nem precisei deles. Uma outra empresa que eu estou acionando na Justiça, colocou na minha conta até jogos infantis e outros adereços por longos anos e cobrou religiosamente por tais serviços.
Pedi para a um estimado amigo que é versado nos segredos da tecnologia digital para fazer uma revisão na conta do meu e-mail. Mandou tirar todos os penduricalhos inúteis, acima descritos, e a minha conta foi reduzida de R$ 216,00 para, pasmem, R$ 14,90 mantendo ainda os meus agregados.
Pois é, Tio Luiz, contando ninguém acredita!
Meu pai, de saudosa memória, dizia que este é um país de ladrões. E a confirmação da sua providencial afirmação está em relatos como o acima descritos
Espero ajudar a todos que me leem a verificar as suas contas digitais, pois de repente estão sendo solapados, na surdina e na maior cara de pau, por empresas inescrupulosas.
P.S. – Impor sorrateiramente e cobrar dos usuários por serviços que não solicitaram e nem precisavam é fraude. Tais serviços são prestados por empresas concessionárias do serviço público que abandonaram os usuários nas mãos inescrupulosas das concessionárias. Este é bem o retrato do Brasil.
Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT
rgnery@terra.com.br
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