Boa Midia

Conspiração, rasteira política e ameaça a Pedro Taques: é a briga pela Senado

Esquenta a briga pelo Senado
Esquenta a briga pelo Senado

Articulações entre quatro paredes. Cooptação. Conspiração. Rasteira política. Isso e muito mais compõe o ambiente em quase todas as cúpulas partidárias e coligações em fase de costura. O vaivém longe do olhar do eleitor e sempre desmentido pelos caciques e políticos novatos tem a ver com as candidaturas ao Senado, mas em alguns casos respingam também na disputa do governo. Alguns nomes estão sacramentados. Outros, porém, estão com um pé no céu e outro no inferno; na primeira condição, Nilson Leitão (PSDB), Jayme Campos (DEM), Carlos Fávaro (PSD), Sebastião Carlos (Rede) e Waldir Caldas (Novo), além de algum nome que o Psol deverá apresentar; na outra, Adilton Sachetti (PRB), Margareth Buzetti (PP), Maria Lúcia (PCdoB), Enelinda Scalla (PT), José Medeiros (PODE), Selma Rosane (PSL) e Roberto Barra (Democracia Cristã).

Leitão dá as cartas no PSDB
Leitão dá as cartas no PSDB
Pedro e o trem que descarrilou
Selma, o estopim
Selma, o estopim

O primeiro bloco é tranquilo, Jayme e Fávaro arredondaram suas candidaturas, que serão oficializadas no dia 5 de agosto. Os dois estarão no mesmo palanque de Mauro Mendes (DEM) e Otaviano Pivetta (PDT), que formarão chapa ao governo, repetindo o que fizeram em 2010, porém por outros partidos. Sebastião Carlos e Waldir Caldas estão um passo à frente, pois seus nomes foram homologados em convenções no final de semana. O nome do Psol é mantido em sigilo, e ao que tudo indica não será o Procurador Mauro, figura mais conhecida daquele partido e que deverá se lançar ao Palácio Paiaguás. Roberto Barra foi vereador por Lucas do Rio Verde e não se reelegeu; disse que sabe da desigualdade da disputa, mas que manterá uma candidatura digna.

Lúdio: "não" ao Senado com Wellington
Lúdio: “não” ao Senado com Wellington

O segundo bloco contempla nomes de dois grupos: um, palaciano, liderado pelo governador tucano Pedro Taques; outro, de oposição, que tem à frente o senador republicano Wellington Fagundes, pré-candidato a governador.

Caldas, calmaria ao Senado
Caldas, calmaria ao Senado

Em tese, o bloco palaciano ou de situação está definido ao governo com Pedro, e ao Senado com Leitão e Selma. Na realidade não é bem assim. Até então Pedro é pré-candidato à reeleição, mas sem definição de seu companheiro de chapa. Nos últimos meses tudo correu às mil maravilhas para Pedro na sua esfera política. Porém, nos últimos dias aconteceram alguns descarrilamentos que poderão inclusive inviabilizar seu sonho de subir ao palanque por outro mandato.

Percival, o guru
Percival, o guru

A primeira vez que o trem saiu da linha para Pedro foi com a escolha de Selma para o Senado. Leitão não gostou, mas publicamente engoliu em seco. Selma causa temor generalizado na cúpula do PSDB, pelo risco que representa para Leitão – poderá dar um banho de voto nele e chegar ao Senado juntamente com Jayme ou Fávaro. Assustado, Leitão quer a cabeça de Selma, mas não seria fácil degolá-la. Ela, num desabafo que é comum aos cidadãos de bem, apontou o dedo para a sujeira do tucanato. Isso bastou para que sua sentença fosse exarada. Agora, Leitão encosta Pedro na parede: ou dá bilhete azul pra ela ou o bilhete será seu. Isso mesmo. Pedro é quem fala, quem posa de poderoso, mas quem dá as cartas no diretório e quem tem prestígio nacional é Leitão.

Adilton: ou Wellington ou nada
Adilton: ou Wellington ou nada

Pior: o bilhete que Leitão reserva para Pedro é mais letal politicamente do que se possa pensar: Leitão e Wellington conversaram muito nos últimos dias e horas. Leitão acenou com a possibilidade de jogar o PSDB no colo do senador e juntos subirem ao palanque, mantendo sua candidatura ao Senado, mas ao invés de dobrar com Pedro fazê-lo com Wellington. Um entendimento entre eles somente não aconteceu porque o ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (PDT)guru de Wellington – pediu calma. Percival entende que a candidatura de Pedro é benéfica para Wellington e que estrangulá-la somente fortaleceria Mauro Mendes em Cuiabá e Várzea Grande (onde Jayme o apoia). Percival acredita que Pedro e Mauro Mendes se neutralizam no aglomerado urbano da capital.

Maria Lúcia insiste no Senado
Maria Lúcia insiste no Senado

Pedro continua com a pompa do poder, o discurso ferino e as piadinhas infames, mas está com água acima das canelas. Se Leitão partir com os tucanos ele ficará a ver navios e Selma seria titular de uma candidatura Viúva Porcina.

O segundo descarrilamento por enquanto é moral, mas pode ganhar contorno judicial. O cabo da PM Gérson Luiz denunciou em depoimento à Justiça que Pedro foi o chefe do criminoso ciclo de gravações clandestinas de adversários e outras figuras, no episódio que ganhou o nome de Grampolândia Pantaneira  – escrever sobre isso seria redundância. Apesar da blindagem da quase totalidade da Imprensa e do silêncio conivente da Assembleia Legislativa, Pedro está sob cerco moral. Se o Ministério Público tiver interesse, em pouco tempo o escândalo baterá às barras dos tribunais. Leilão, de sonso, só tem a cara, mas quando ele notar que a arapongagem bota em risco seu projeto político, sem pestanejar dará um pontapé em Pedro – isso pode acontecer nas próximas horas, independentemente do pensamento de Percival. Caso essa hipótese prevaleça Wellington agarrará Leitão com as duas mãos sem se preocupar com eventual crescimento de Mauro Mendes em Cuiabá com o reforço das viúvas de Pedro.

Medeiros: ou com Wellington ou candidatura solo
Medeiros: ou com Wellington ou candidatura solo

ADILTON O deputado federal Adilton Sachetti poderá disputar o Senado no palanque de Wellington, apesar de os dois serem de Rondonópolis, o que em tese criaria a imagem de regionalização das candidaturas majoritárias de sua coligação.

BUZETTI – A empresária Margareth Buzetti, que nunca disputou mandato, tenta uma vaga para concorrer ao Senado na coligação com Wellington. Seu partido, o PP, oficialmente é liderado pelo deputado federal Ezequiel Fonseca (um dos denunciados pelo Gaeco no rombo de R$ 30 milhões no Detran), mas quem dá as cartas é o senador licenciado e ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Pela lógica, Adilton levaria a melhor numa disputa interna com ela: afinal, Blairo é Adilton desde piazinho, gurizinho ou menininho, como queiram. Dispensável é acrescentar algo mais para mostrar que Adilton está com a faca e o queijo na mão pra ser candidato.

Fávaro com Pedro: acabou
Fávaro com Pedro: acabou

MARIA LÚCIAEx-reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli costura seu nome ao Senado há muito tempo. Wellington compartilhava com ela esse desejo. Porém, Percival (olha ele aí novamente) entende que melhor seria Maria Lúcia para vice-governadora, com Adilton e o petista Lúdio Cabral ao Senado.

Enelinda quer ser o nome do PT
Enelinda quer ser o nome do PT

Maria Lúcia me disse que seu plano para o Senado continua firme. Lúdio assegurou que seu projeto é se lançar para deputado estadual. Porém, onde há fumaça, há fogo. No final de semana o PT decidiria seu rumo para as eleições: se coligaria com Wellington ou se lançaria a professora Edna Sampaio ao governo e a também professora Enelinda Scalla ao Senado. Acontece que os petistas tucanaram, ou seja, estão no topo do muro à espera da decisão de sua Executiva no próximo dia 5. O martelo do PT será batido pelo triunvirado (deputado federal) Ságuas Moraes, (deputado estadual) Valdir Barranco e Altir Peruzzo (prefeito de Juína). Esse trio anda numa imaginária moto de cujo escapamento sai o barulho Weeeeeeeeeeeeeeeelintontonton… Weeeeeeeeeeeeeeeelintontonton.

Jayme dobra com Mauro Mendes e Pivetta
Jayme dobra com Mauro Mendes e Pivetta

Moto à parte, tudo sugere que o PT sobe ao colo de Wellington e terá que indicar um nome ao Senado. Ságuas, Barranco e Peruzzo não aceitarão. Resta Lúdio. (Percival ressurge no texto). Percival analisa que Lúdio seria o mais votado no aglomerado urbano de Cuiabá e que teria boa votação nos demais municípios, o que consequentemente canalizaria votos para Wellington.

MEDEIROS – Em 2010 Medeiros (à época PPS) foi eleito primeiro suplente de senador na chapa de Pedro (então PDT). Pedro renunciou ao se eleger governador em 2014. Os dois se desentenderam. Mauro Mendes fechou sua composição ao Senado. Resta Wellington, com o congestionamento ora mostrado. Sobraria uma candidatura solo ou uma revisão dos planos políticos, com ele ficando fora da disputa ou tentando uma cadeira de deputado federal ou de deputado estadual.

Sebastião Carlos tenta uma vaga
Sebastião Carlos tenta  vaga

SENADO – Dos senadores mato-grossenses somente Medeiros tenta espaço para brigar por novo mandato. Wellington eleito em 2014 sonha com o governo. Blairo, que chegou ao Senado juntamente com Pedro em 2011, ocupa o Ministério da Agricultura. Seu primeiro suplente Cidinho dos Santos (PR), também licenciado, está fora da disputa eleitoral. O segundo suplente em exercício, Rodrigues Palma (PR) apenas cumpre tabela e não será candidato a nenhum cargo.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 e 10 – Agência Senado

2 – Agência Câmara

3 e 11 – Gabinete de Comunicação do Governo

4, 8  – Arquivo

5, 6 9 – Eduardo Gomes

7 – Arquivo Assembleia Legislativa

12 e 14 – Vanessa Moreno

13 – J.L. Siqueira

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