Bolsonaro chega ao Araguaia 60 anos depois de JK

Jair Bolsonaro, não; Juscelino Kubitschek foi o primeiro presidente que visitou o Vale do Araguaia, em sua porção mato-grossense. Não há registros fotográficos nem arquivos de jornais, mas JK caminhou pelas ruas de São Félix do Araguaia em ‘1959, portanto 60 anos antes da presença de Bolsonaro em Barra do Garças e Pontal do Araguaia nesta quarta-feira, 5 de junho.
A revelação e detalhes sobre a visita de J.K. foram extraídos da oralidade histórica daquela região. Em janeiro de 2000 fui a São Félix do Araguaia para uma reportagem sobre os 500 anos do Brasil. Lá, ouvi a professora e pioneira dona Elza Mendes de Freitas, que se deixou tomar pela emoção ao abordar a presença do grande estadistas entre os moradores da então pequena vila diante da Ilha do Bananal.
Na sala de sua casa a professora Elza contou que em 1959 o presidente foi ao Hotel JK, na Ilha do Bananal, onde costumava descansar e oferecer festa a convidados ilustres do Brasil e exterior. Popular, aberto ao diálogo com todos e apaixonado por rapadura, ele ouviu de um funcionário que em São Félix havia uma rapadura de cair o queixo. Sem pestanejar e acompanhado por um reduzido grupo, JK atravessou o rio e desembarcou para espanto dos poucos moradores que o viram: É ele! – gritavam. Tranquilo, sorrindo, estendendo a mão indistintamente, JK foi ao bolicho onde arrematou o estoque daquilo que mais gostava.
Em sua rápida visita JK foi apresentado e abraçou o fundador do lugar, Severino de Souza, tio da professora Elza.
Bolsonaro fez uma visita interestadual ao Araguaia, com destaque para sua presença em Aragarças (GO), onde lançou o programa de recuperação ambiental Juntos pelo Araguaia.
SÃO FÉLIX – São Félix do Araguaia, primeiro município do Vale do Araguaia mato-grossense que recebeu um presidente. tem 11.615 habitantes, sua área territorial é de 16.713 km² e a cidade não tem acesso pavimentado.
A professora Elza também revelou os primórdios da colonização do lugar e o que levou a ela: tudo começou com o piauiense Severino de Souza Neves, que fugiu do Piauí para o Pará depois de uma aventura de alcova, que o levaria ao casamento na polícia – como se dizia à época.
Do Pará, Severino resolveu procurar uma nova terra, em Mato Grosso. Já casado, acompanhado por algumas famílias de empregados, num barco chegou ao lugar que julgou ideal e lançou as sementes daquela que seria a futura cidade de São Félix do Araguaia.
A escolha do nome foi feita por dona Florência da Luz, mulher de Firmino da Luz, que trabalhava com Severino. Ela, católica, tinha São Félix por protetor dos brancos contra ataques de índios. E ataques de xavantes ao povoado que se iniciava era o que não faltava.
A professora Elza contou que chegou ao lugar em 1955 e, que ainda àquela época, o temor era companhia inseparável dos moradores. O pássaro chamado Jucurutu tem o pio parecido com o sinal do xavante ao atacar. Quando a ave piava, o medo se espalhava. Ela foi a primeira professora da Escola Rural Mista de São Félix, uma tosca construção coberta com palhas de coqueiros, paredes de pau apique e piso de chão batido. Trabalhou 31 anos e seis meses na Educação.
A professora Elza empresta seu nome a uma creche municipal em São Félix do Araguaia.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Arquivo Presidência da República
Redondamente enganado!!Getúlio Vargas visitou as duas cidades bem antes.No porto antigo, bar da Gersa em Barra, tem até placa registrando a passagem dele.Em São Félix a história do Cacique Ataú que pediu a ele um cartório no Rio de Janeiro virou música de carnaval.
Caro desembargador, li que o presidente Vargas esteve na Ilha do Bananal (então Norte de Goiás), mas nunca li nem soube que ele houvesse atravessado o rio pra visitar São Félix do Araguaia. Também li sobre Vargas em Aragarças (GO) e ouvi do nosso saudoso Archimedes Pereira Lima (numa entrevista sobre a FBC) sobre as andanças de Vargas e Dutra (já presidente) em Aragarças, mas sinceramente desconhecia a ida dele à nossa Barra. Grato pela pertinente observação.