Blindagem do Paletó recebe injeção de meio milhão
Crise? Na relação da prefeitura com a Câmara Municipal de Cuiabá não há crise.
Tanto é verdade que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) acaba de reforçar o caixa do Legislativo com meio milhão de reais para despesas com a mídia.
A suplementação acontece exatamente no momento em que a CPI do Paletó volta à cena. O presidente da Câmara, Misael Galvão (PSB), que defende Emanuel com unhas e dentes, emitiu nota argumentando que a dinheirama tem origem em remanejamento do duodécimo, que é de R$ 57,25 milhões.
Coincidência e justificativa à parte, a montanha de dinheiro chega aos cofres da Câmara exatamente no momento em que a Imprensa poderia fechar o cerco sobre Emanuel. Com dotação em caixa, Misael poderá administrar o noticiário evitando que o desabonador episódio do Paletó volte às manchetes.
Suplementação ou remanejamento, à parte, a Câmara recebe em média R$ 158.333 todos os dias, inclusive aos domingos, feriados e independentemente de chuva ou sol. Oficialmente por opção política a maioria da Câmara integra a base de sustentação de Emanuel e o blinda ao extremo, Junto a analistas políticos, a razão para tamanho apoio apesar do inevitável desgaste em razão das fortes imagens do vídeo do Paletó, tudo não passa de jogo de interesse.
CPI do Paletó é como se tornou conhecida a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de Cuiabá criada para apurar o caso Paletó
PALETÓ

É o mais vergonhoso capítulo da política entre quatro paredes em Cuiabá. Há dois anos a TV Globo exibiu no Fantástico um vídeo onde o então deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) aparecia recebendo pacotes de dinheiro de Sílvio Corrèa, no gabinete do mesmo. Com o bolso abarrotado, Emanuel Pinheiro deixou cair um dos pacotes, sorriu e tratou de embolsá-lo – a sabedoria popular lhe deu o apelido de Paletó.
Sílvio Corrêa à época era chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa (mandato de 2010 a 2014). Sílvio e Silval em delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, informaram que se tratava de pagamento de mensalinho em troca de apoio na Assembleia.
Não somente Emanuel Pinheiro foi filmado no gabinete de Sílvio recebendo pacoteiras de dinheiro. Além dele, os à época deputados estaduais Hermínio Barreto, Ezequiel Fonseca, Alexandre Cesar, José Domingos Fraga e Luciane Bezerra, também foram contemplados com a dinheirama. O ex-deputado estadual Airton Português também compareceu ao caixa informal no Palácio Paiaguás – Português foi acompanhado por sua irmã, a ex-secretária de Estado Vanice Marques.
Emanuel Pinheiro nega que se tratasse de propina; ele somente não consegue explicar como um grupo de deputados foi ao chefe de Gabinete do governador pegar dinheiro, como se fosse o desfecho de uma romaria financeira. Os demais filmados, também juram inocência.
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