Bê-á-bá da PEC da Blindagem em Mato Grosso
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Em Mato Grosso, onde pouco se comenta sobre os escândalos locais, as redes sociais fervilham discutindo os aspectos positivos e negativos da PEC da Blindagem, já aprovada pela Câmara e na bica para ser apreciada pelo Senado. No plano regional há três situações distintas que mostram as entranhas da imunidade parlamentar irrestrita. As três foram protagonizadas pelo ex-Comendador João Arcanjo Ribeiro, pelo à época deputado federal Pedro Henry (PP) e pelo então todo-poderoso deputado estadual José Riva (PSD).
Arcanjo comandava o jogo do bicho em Mato Grosso. Seus cambistas atuavam livremente nas calçadas dos fóruns, nas portas das delegacias e por onde mais houvesse movimentação. As extrações do bicho aconteciam duas vezes ao dia, com transmissão pelo rádio e a televisão. Nenhuma voz se levantava contra a atividade, que era considerada contravenção. O então Comendador também explorava cassinos e praticava agiotagem.

Figuras próximas ao ex-Comendador dizem que em 1997 o advogado Zaid Arbid sugeriu a ele que se filiasse a algum partido e que se candidatasse a deputado federal, mas o poderoso bicheiro não acreditava que um dia a casa cairia. À época, os congressistas eram blindados, como se quer blindar agora.
Nas eleições em 1998 Mato Grosso elegeu os deputados federais Wellington Fagundes (PL); Lino Rossi, Antônio Joaquim e Pedro Henry (todos pelo PSDB); Wilson Santos e Teté Bezerra (ambos pelo PMDB); Celcita Pinheiro (PFL) e Murilo Domingos (PTB). Se o ex-Comendador tivesse disputado, seria eleito, pela força que tinha junto à sociedade rotular, pela dinheirama que podia jogar na campanha e pelo puxa-saquismo que é uma das marcas mato-grossenses.
Arcanjo não ouviu Zaid. Em 2002 a Polícia Federal deflagrou a Operação Arca de Noé. Desmontou o império de Arcanjo, que foi condenado a longa pena, cumprida em presídios federais Brasil afora.
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Pedro Henry foi reeleito deputado federal pelo PP em 2012, quando não havia mais a blindagem que poderia ter livrado a pele de Arcanjo em 2002.
Pedro Henry foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro no escândalo do Mensalão. Com sua condenação, datada de 13 de dezembro de 2013, Pedro Henry renunciou ao cargo e se entregou à polícia para cumprir a pena de 7 anos e 2 meses em regime semiaberto, que recebeu.
A renúncia de Pedro Henry não foi solitária. Na mesma data e pela mesma razão renunciaram os deputados federais José Genoíno (PL) e Valdemar Costa Neto (PL), que ora preside o PL nacional de Jair Bolsonaro.

Seu texto é necessário, Eduardo!