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Apiacás é destaque em livro sobre o Nortão

Apiacás

Apiacás integra o rol de cidades colonizadas por Ariosto da Riva no Nortão por intermédio da Integração, Desenvolvimento e Colonização (Indeco), que loteou uma extensa área nas divisas com o Pará e Amazonas. A vila que mais tarde se transformaria naquela cidade foi fundada oficialmente em 15 de maio de 1983. Porém, desde 1979, alguns garimpeiros já trabalhavam em baixões na região.

A proposta de Ariosto, a exemplo do que aconteceu anteriormente na vizinha Paranaíta, era implantar um projeto agropecuário voltado, sobretudo, para a produção de guaraná, cacau, cupuaçu, látex, arroz, feijão e milho. Os primeiros proprietários rurais que chegaram à área se dedicaram à agricultura e, na zona urbana, pequenos comerciantes iguais a Raimundo Moreira, o seo Zelão, se instalaram em rústicas casas de madeira.
Ainda em 1983 garimpeiros descobriram garimpos de ouro em vários pontos do município. A notícia se espalhou e as fofocas arrastaram milhares de aventureiros para o lugar.

Apiacás tornou-se o paradeiro de garimpeiros. A construção civil transformou o lugar num verdadeiro canteiro de obras. Cabarés com lindas mulheres recrutadas em Goiânia e outras capitais permaneciam superlotados e preferiam receber em grama de ouro ao invés da moeda oficial. Aviões mono e bimotores com garimpeiros, compras para o rancho e diesel para os motores que lavavam o cascalho decolavam a todo o instante da pista de terra da vila para as clareiras rasgadas na selva de onde se extraía o metal. Homicídios por motivos fúteis. Shows de rebolado, strip-tease e musicais com artistas de projeção nacional a exemplo de Walter Basso, Rogéria, Roberta Close, Gretchen, Waldick Soriano e Amado Batista eram rotineiros nas casas noturnas.

Uma cidade de forasteiros! Essa era a melhor definição que se podia dar a Apiacás, uma terra que no auge do garimpo era uma babel onde o garimpeiro pobre anoitecia rico e podia amanhecer novamente na pobreza, ou até mesmo ser morto por alguém que simplesmente queria mostrar que tinha coragem para matar o semelhante.

Usina São Manoel
Usina São Manoel

A febre do garimpo passou em 1995, pela queda internacional do preço do grama do ouro, pela dificuldade de sua extração manual e também por injunções da política econômica do governo federal. Os garimpeiros se foram, deixando para trás enormes áreas degradadas, rios contaminados pelo mercúrio e os chamados filhos do garimpo, aqueles gerados por prostitutas e cujos pais jamais serão conhecidos.

Estima-se que 55 mil garimpeiros de todos os cantos do Brasil trabalharam em Apiacás. Com o fim do garimpo, a economia buscou a agricultura, a pecuária e a extração madeireira, mas essa última atividade tem ciclo curto e agora capenga. O município enfrenta problemas agrários com focos de tensão social na luta pela posse da terra. Em fevereiro de 2001, cinco homens, supostamente pistoleiros, foram linchados por posseiros na Gleba Raposo Tavares, onde estavam a serviço do proprietário Euclides Dobri, depois que a Justiça lhe concedeu reintegração de posse da referida área.

A cidade não tem sistemas de captação e tratamento de esgoto, que é lançado em fossas. O lixo urbano é jogado a céu aberto num lixão. Na divisa com o Pará e segundo maior município do Nortão, Apiacás tem 20.377.499 km², com 9.551 residentes e sua densidade demográfica é de 0,42 habitante por quilômetro quadrado. O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 120.038.000 e a renda per capita é de R$ 12.978,53. A pecuária é o principal sustentáculo da economia, com rebanho bovino de 219.002 cabeças de mamando a caducando, mas a extração de madeira continua, porém em escala cada vez menor. Em 2016 Apiacás exportou US$ 79.000 (FOB) em peças de madeira para a Bolívia e no período nada importou.

No município de Apiacás e em fase final de construção a UHE São Manoel, no rio Teles Pires, produzirá 700 MW. Sobre ela leia o tópico Energia, no segundo capítulo; sobre parques florestais, no mesmo capítulo, leia Preservação.

A Reserva Estadual Ecológica de Apiacás, com 100 mil hectares, criada em junho de 1994 pelo governador Jayme Campos, situa-se no ponto mais ao norte do município. A região onde se localiza essa área de preservação permanente é conhecida por Gleba Pontal, por ser o encontro das águas dos rios Juruena e Teles Pires, que formam o rio Tapajós. Apiacás e um dos divisores das bacias do Teles Pires e do Juruena, e ao mesmo tempo é o ponto de junção desses rios, na tríplice divisa com Amazonas e Pará. No encontro das águas nasce o rio Tapajós.

Isolado da malha rodoviária pavimentada, Apiacás fica a 50 quilômetros da MT-208 em fase final de asfaltamento na ligação de Nova Monte Verde com Alta Floresta. O trajeto entre a cidade e aquela rodovia foi incluído há cinco anos ao plano de integração de todos os municípios por asfalto, mas o governo não mostra interesse político pela obra.

A reserva indígena Apiaka-Kaiabi no município tem 457.242 hectares (ha) e pertence aos apiakas e caiabis. A Funai estuda a criação da reserva Pontal do Apiaka, dos mesmos índios.

Em Apiacás a UHE São Manoel gerará 700 MW. Leia o tópico Energia, no segundo capítulo, e saiba sobre essa usina.

INSTITUCIONAL – O distrito de Apiacás no município de Alta Floresta foi criado em 30 de abril de 1986 por uma lei de autoria dos deputados Benedito Santiago e Osvaldo Sobrinho, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Júlio Campos. A emancipação aconteceu em 6 de julho de 1988 por uma lei de autoria do deputado João Teixeira, aprovada pela Assembleia e sancionada pelo governador Carlos Bezerra. Apiacás é sede de comarca de primeira entrância.

PS – Texto extraído do capítulo sobre Apiacás no livro Nortão: BR 163 – 46 anos depois publicado em 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade sem apoio das leis de incentivos culturais.

A população atual de Apiacás é de 10.133 habitantes.

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