Boa Midia

Apesar do hoje a meta é o amanhã

O governador Mauro Mendes
O governador Mauro Mendes

Sempre termina mal o que não começa bem. Porém, essa lógica deixa uma fresta para um bom final. Peçamos a Deus – por Mato Grosso – que o mandato de Mauro Mendes consiga saldo positivo apesar de seu conturbado e nebuloso silêncio sobre a realidade das finanças do governo. Inaceitável que a garantia constitucional sobre a transparência dos poderes não seja suficientemente capaz de dar números exatos ao que ora acontece entre quatro paredes no Palácio Paiaguás. Inconcebível a postura do governador, que se diz à espera de dados, quando se sabe que o mesmo teve participação siamesa na administração de seu antecessor Pedro Taques, e que seu secretário de Fazenda, Rogério Gallo, exercia a mesma função com Taques.

Mauro tem o dever de saber sobre as finanças de Mato Grosso. Dever político, dever administrativo e dever de quem nomeou Gallo para a Secretaria de Fazenda no governo Taques. Somem-se ainda os dados levantados ao longo da transição, para que não reste dúvida sobre o conhecimento do governador sobre a realidade.

Mauro continuar tomando pé da situação não é coerente com Mato Grosso. Não é justo com o servidor público. Não é republicano com os outros dois poderes. Não é compatível com a magnitude do cargo de governador,

Mato Grosso não pode aceitar com naturalidade o que ora ocorre. O governo tem calendário rígido para repasses de duodécimo, de transferências aos municípios e com a folha de pagamento. Ultrajante o governador parcelar salário e escaloná-lo como se acabasse de assumir uma função sem nenhum conhecimento sobre sua receita, sua despesa, sobre investimento e custeio, sobre amortização de dívida. Mauro não chegou ao poder. Ele simplesmente inverteu a posição com seu amigo e antecessor Taques, e para sua maior intimidade com os números manteve a chave do cofre central com Gallo.

Se não houver uma reação vigorosa e imediata estaremos fadados à queda do raio no mesmo lugar pela segunda vez, só que agora com estragos maiores por conta dos danos anteriores.

A reação tem que ser de cobrança, mas também exige mea culpa. O Fórum Sindical, que cobra pontualidade tem que somar à essa justa reivindicação o questionamento sobre o inchaço da máquina pública, o pagamento de salários tão altos que se tornam imorais. A Assembleia Legislativa, que sempre é subalterna ao governo, precisaria assumir postura de seriedade, o que parece ser difícil pela composição da legislatura que chega ao fim, e pela quantidade de reeleitos – em sua maioria corresponsáveis pelo caos administrativo que duramente prejudicou Mato Grosso nos últimos anos.

Lamentável que o governador recém-empossado tenha começado tão mal, quando deveria iniciar o governo fazendo jus ao voto de confiança que recebeu da generosidade do povo mato-grossense para administrar, muito embora na iniciativa privada sua gestão não seja a mais recomendável, a julgar pela recuperação judicial de seu grupo empresarial Bimetal. Que pena a palpável e visível continuidade do governo Taques.

Sempre é possível mudar, desde que se tenha humildade e se peça perdão, mas o discurso de Mauro não aponta para isso. Ele está na contramão da realidade olhando o passado onde busca justificativa para o cenário atual, que segundo ele deixa Mato Grosso em situação análoga à empresa em recuperação judicial.

Ao povo resta pedir a Deus e torcer para que os acontecimentos nos primeiros dias do governo sejam volatilizados pelo tempo. Que Mauro encontre o caminho, que não se prenda a figuras e ao modo comportamental do período Taques. Do lado de fora do Palácio Paiaguás existem quase três milhões e meio de cidadãos que tanto podem ser beneficiados quanto alvos das decisões tomadas pelo novo governador.

A lógica que deixa uma fresta para se consertar erros é uma luz no fim do túnel. Tomara que ela ganhe brilho, que ilumine Mato Grosso, ainda que para tanto seja preciso desconsiderar os primeiros dias do governo de Mauro. Que ele recomece do zero, botando preto no branco, mudando parte do secretariado, admitindo que tinha conhecimento da realidade, mas que optou por um estranho silencio – quando deveria ter alertado o servidor com antecedência.

Tomara que esse percalço seja superado e que surja um relacionamento respeitoso entre governante e governados, sem sombra de Taques, sem memória do ontem e do agora, porque a meta é o amanhã.

Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes

FOTO: Christiano Antonucci – Governo de Mato Grosso

1 comentário
  1. Manoel Diz

    O estado está realmente inchado, por grupos econômicos que tomaram conta das receitas dos impostas pagos por trabalhadores e empresários de verdade e não os que recebem incentivos fiscais, securitização de dívidas e contratos superfaturados, que gera concentração de riquezas, concorrência desleal e desemprego pois, provoca o fechamento fe empresas que não recebem as benesses do dinheiro público, se esse esquema não for desfeito haverá sempre a crise.

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