Boa Midia

Antônio Mulato vira nome de creche em Livramento

Assessoria

Várzea Grande

O senador Jayme Campos participou, na manhã da sexta-feira (24), da inauguração da Creche Municipal Antônio Mulato, na comunidade quilombola Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento. Os recursos, da ordem de R$ 380 mil, foram garantidos pelo senador junto ao Orçamento da União. A creche será capaz de atender a cerca de 70 crianças quilombolas. O prefeito, Silmar Gonçalves, também participou da inauguração.

“A comunidade do Mata Cavalo sonhava há muito tempo em ter uma creche, então transferi os recursos e o prefeito Silmar construiu a obra. Para mim, é uma oportunidade ímpar fazer com que os quilombolas tenham condições para deixarem seus filhos em um lugar seguro e acolhedor, de maneira que continuarei trabalhando em benefício dos quilombolas de todo estado”, afirmou Jayme.

O senador também reservou recursos para a construção da Casa de Longa Permanência dos Idosos de Livramento, além de emendas para o asfalto e saúde da cidade.

 

Assistência social

Jayme na inauguração

Dentro do esforço de Jayme Campos em promover mais inclusão e assistência social à população mato-grossense, também estão previstos recursos de emendas orçamentárias do senador junto ao Ministério da Cidadania na ordem de R$ 30 milhões para promover a construção e qualificação dos espaços utilizados pelos Centros de Assistência Social (CRAS e CREAS) em 41 municípios de todo estado.

 

PS – Antônio Mulato, que empresta o nome a creche é personagem do meu livro DNA do melhor lugar do mundo, em sua primeira edição, publicada em maio de 2023, sem apoio das leis de incentivos culturais. O capítulo a ele dedicado está posta abaixo.

Antônio Mulato

 

Mato Grosso perdeu o brilho do olhar de Antônio Mulato, mas os quilombolas de seu Mata Cavalo em Nossa Senhora do Livramento e das demais áreas quilombolas Brasil afora ganham uma lendária fonte de inspiração para a luta pela terra, a manutenção cultural e dos costumes dos descendentes de escravos.

Antônio Benedito da Conceição, o Antônio Mulato, nasceu em 12 de julho de 1905. Tinha 113 anos ao fechar os olhos para sempre, na tarde do sábado, 15 de setembro de 2018, no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande onde se submetia a tratamento.

Considerado o homem mais velho de Mato Grosso, Antônio Mulato nasceu e viveu no Quilombo de Mata Cavalo, município de Nossa Senhora do Livramento. Filho de escravos, foi líder do quilombo, onde teve 18 filhos e dezenas de netos, bisnetos e tataranetos.

Defensor da educação. Sua luta pela implantação de uma sala de aula em Mata Cavalo começou na década de 1940, quando seus filhos já estavam em idade escolar e não havia na região um único local onde pudessem estudar. A primeira sala era de barrote, coberta com palhas de babaçu e piso de chão batido. Os alunos apoiavam os cadernos no colo para poder escrever. Mas a professora não aceitou os filhos de Antônio Mulato e ele teve que recorrer às autoridades locais; ainda assim, a sala de aula funcionou por pouco tempo e os moradores do quilombo tiveram que se reunir para construir um outro espaço, com as aulas sendo ministradas pela professora Tereza Conceição Arruda, sua filha.

 

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O quilombo de Mata Cavalo é o único em Mato Grosso que conta com uma escola com 400 alunos, seis salas de aula, inauguradas em 2012 e construída com recursos do governo federal. Além da educação, Antônio Mulato também foi líder na luta pelo direito à propriedade – titulação das mais de 400 famílias que moram no quilombo de Mata Cavalo, que já recebeu a certificação pela Fundação Palmares. Esse é um dos seus legados.

Antônio Mulato foi personagem de várias reportagens que produzi ao longo de décadas. Nosso último encontro foi casual. Nos encontramos no Palácio Paiaguás, em 22 de junho de 2016. Alegre e elegante num impecável paletó, fez questão de demonstrar que continuava “em forma”. ‘Plantou bananeira’, rodopiou e esbanjou vitalidade para a idade. Enquanto exibia-se, segurei seu chapéu e seus óculos. Ao nos despedirmos insistiu para que eu o visitasse novamente, no barraco de sempre. Não nos encontramos mais.  O fotógrafo Dinalte Miranda registrou nosso encontro.

Descanse em paz, valente Antônio Mulato. A causa quilombola continua, mas seu eterno ‘momento’ merecido é de desfrute celestial.

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