Unidade com Bolsonaro e divisão entre aliados

Eduardo Gomes

andrade@eduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

 

Matéria de minha autoria transcrita do Jornal DIÁRIO DE CUIABÁ – www.diariodecuiaba.com.br

Liderados falam sobre Bolsonaro

Mato Grosso é um dos maiores redutos bolsonaristas do Brasil e por excesso de caciques o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro não elegeu senador em 2020, na eleição suplementar, por conta da pulverização dos votos. Para 2026 há congestionamento de nomes para os cargos majoritários, ainda mais se levado em consideração eventuais alianças. Numa amostragem aleatória, o DIÁRIO entrevistou políticos de direita, detentores e ex-detentores de mandatos, e dirigentes partidários, em 22 municípios formulando três perguntas comuns a todos: se foi justa ou não a condenação de Bolsonaro, se sua ausência das campanhas prejudicará ou fortalecerá seus seguidores e qual caminho a aliança liderada por ele tomará nos pleitos para o governo em Mato Grosso e o Senado.

A maioria vê injustiça na condenação. As opiniões se dividem quanto a ausência de Bolsonaro nas campanhas. Sobre o anunciado apoio de Bolsonaro a Otaviano Pivetta (Republicanos) ao governo, e a Mauro Mendes (União) e José Medeiros (PL) ao Senado, sua palavra para muitos tem peso de determinação, muito embora alguns defendam outros nomes.

Às vésperas da publicação do acórdão com a condenação de Bolsonaro, seu nome permanece em alta junto perante a classe política mato-grossense que se rotula de direita, de centro direita e de extrema direita. A convergência sobre o ex-presidente não é a mesma para a composição das chapas majoritárias. Há muita munição de ‘fogo-amigo’ sendo preparada, o que poderá levar lideranças para a oposição estadual representada pela Federação Fé Brasil formada pelo PT, PCdoB e PV, e para o PSD liderado pelo ministro da Agricultura e senador licenciado, Carlos Fávaro.

Dentre os que foram ouvidos, a ex-prefeita de Carlinda, Carmen Martines (à época, no União Brasil, e agora no Republicanos), que renunciou ao cargo por não concordar em administrar com o Brasil tendo na Presidência o presidente Lula. Também foi ouvido o vereador Ricardo da Areia (União), de Porto Estrela, que foi militante bolsonarista, mantém os ideais de direita, mas tece críticas ao ex-presidente.

Em 1015 entrevistei Bolsonaro

Em 2015 Bolsonaro era deputado federal pelo Rio de Janeiro e estava em pré-campanha para presidente. Naquele ano ele veio a Mato Grosso para participar de uma feira do agronegócio em Campo Novo do Parecis, no Chapadão do Parecis, e fez uma escala em Cuiabá, onde concedeu coletiva. Tive a oportunidade de entrevistá-lo fora da coletiva.

 

 

RONDONÓPOLIS – O prefeito Cláudio Ferreira (PL) é uma das maiores expressões do bolsonarismo mato-grossense.

Sobre a condenação, Cláudio diz que, “ela (a condenação) é uma aberração jurídica, é um ataque fortíssimo ao estado democrático de direito e infelizmente nós vamos sofrer as consequências disso”. Ainda sobre o tema, o prefeito prossegue, “a história está repleta de exemplos de que quando o estado de direito é atacado tem desdobramentos, tem consequências muito nefastas para a sociedade. Não tenho dúvida alguma que o Brasil vai terminar pagando por isso. O nosso país vai sofrer com isso”.

Analisando as consequências políticas em razão do cumprimento da seNtença por Bolsonaro, o que deve ser decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, ainda neste ano, o prefeito disse que, “sem sombras de dúvidas que o PL perde muito com a condenação do Bolsonaro, mas quem realmente está perdendo é o Brasil. O Brasil teve um grande presidente, um presidente que amou nosso país quando foi presidente”.

Cláudio não entrou em detalhes sobre as composições políticas de seu partido para as eleições estaduais de 2026, mas assegurou que estará firme em defesa dos ideais de direita. O prefeito não mencionou, mas sua mulher, a primeira-dama e secretária municipal de Promoção e Assistência Social, Alessandra Ferreira, é pré-candidata a deputada estadual.

CARLINDA – Um ato inédito contra Lula na Presidência aconteceu em Carlinda, município com 10.200 habitantes no polo de Alta Floresta. A prefeita reeleita Carmen Martins (União) anunciou em setembro de 2022, que se Lula fosse eleito presidente ela renunciaria. Carmen argumentou que não se sentiria confortável sendo prefeita tendo um condenado à frente do país. O petista venceu a eleição e em janeiro de 2023 ela oficializou seu pedido de renúncia. Ao longo de janeiro Carmen fez a transição do cargo ao vice-prefeito, fechou a porta da prefeitura e entregou a chave ao sucessor. Carmen é bolsonarista convicta e trocou o União Brasil pelo Republicanos, mas deixa claro que enquanto Lula for presidente ela jamais disputará eleição.

Carmen vê a condenação de Bolsonaro como injusta e avalia que a ausência do ex-presidente nas campanhas em Mato Grosso “não será boa para a direita”.

Carmen não tem dúvida quanto aos seus votos em 2026. “Vou tentar votar em quem for menos melancia”, diz num largo sorriso. Sonhadora, ela espera que Bolsonaro reverta a situação e dispute a Presidência, “quero votar nele novamente”, planeja. Para o governo sua escolha é Otaviano Pivetta, “Mauro Mendes é bom governador, mas o Pivetta será melhor ainda”, avalia.  Para o Senado ela pretende votar em Antônio Galvan (DC), “esse não é melancia”, e em Mauro Mendes (União).

VILA RICA –  Clebis Lourenço Neto, o Vereador Clebinho (PL), exerce o cargo pela segunda vez consecutiva. O vereador vê injustiça e irregularidade na condenação. Segundo ele, Bolsonaro teria que ser julgado em primeira instância. A ‘injustiça’ também se estende a condenados pelo 8 de janeiro. “Teve gente que estava na porta do Supremo com uma Bíblia nas mãos”. Clebinho disse que não concorda com baderna e depredação, “mas daí não se pode generalizar condenado todos a 17 anos de prisão”.

Clebinho acredita que a condenação fortalecerá o PL em Mato Grosso. Quanto a 2026 ele é cauteloso e para o governo defende um nome que pacifique o bolsonarismo e o lulismo. Se o seu partido escolher alguém com o perfil pacificador ele acredita que o apoiará, mas em caso contrário, não.

CURVELÂNDIA – O prefeito Jadilson Alves de Souza (União) é militante de direita.

Jadilson acha injusta a condenação, pois segundo ele, não há provas que incriminam o ex-presidente. Resignado, diz que não resta saída senão acatar o que a Justiça determinou.

O prefeito não acredita que o cumprimento da pena prejudique eleitoralmente a direita em Mato Grosso, pois mesmo ausente Bolsonaro permanece líder com capacidade de transferir votos.

Quanto às candidaturas ele pede ponderação e aguarda o desenrolar dos fatos. Jadilson cita que seu partido tem grandes líderes, que devem ser seguidos e que saberão escolher os nomes certos da direita para os cargos em disputa.


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Bolsonaro é Galvan, que é Bolsonaro

SINOP – Naquele município a reportagem ouviu Antônio Galvan (DC), dirigente ruralista, ex-presidente da Aprosoja Brasil e pré-candidato ao Senado; e o médico, empresário, ex-deputado estadual e ex-senador Jorge Yanai, que na Assembleia foi o autor do projeto que criou a Universidade do Estado de Mato Grosso.

Galvan vê como absolutamente injusta a condenação de Bolsonaro e dos presos e condenados pelo 8 de janeiro. Segundo ele, o ex-presidente está com a saúde debilitada e ser acontecer ‘algo’ com ele o ministro Alexandre de Moraes será responsabilizado.

Segundo Galvan, a prisão de Bolsonaro, quer seja domiciliar ou na Papuda, terá efeito negativo na esfera eleitoral para o bolsonarismo, porque sua voz não será ouvida ao longo da campanha.

Galvan destaca que foi candidato ao Senado em 2022, pelo PTB e que ficou em segundo lugar na disputa, com 337.003 votos (25,95%) numa chapa partidária com os suplentes Pastor Jairo e Marli Franchini; o pleito foi vencido por Wellington Fagundes (PL).

Pré-candidato ao Senado, Galvan acredita que terá o apoio de Bolsonaro, mesmo com o ex-presidente cumprindo pena. “Ele (Bolsonaro) sabe que sempre o defendi e tenho certeza de que estaremos juntos mais uma vez. Galvan defende que o eleitorado vote nos nomes da direita, sob a bandeira de Bolsonaro.

Yanai contra extremismo

Jorge Yanai avalia que a única razão para a condenação “é política” e sua eventual prisão o impedirá de visitar os municípios para alavancar os candidatos parceiros. Vejo também que muitos se aproveitam de Bolsonaro, grudam nele e lá na frente mostram que o DNA deles não é o mesmo DNA de direita. “Mas enfim, a condenação dele acaba prejudicando o movimento de direita”, acrescenta.

Yanai se sente confortável em votar em figuras ligadas à direita, “pois a gente está mais ligado aos princípios e aos preceitos que a direita prega. Também acho que é uma oportunidade que a direita terá para lançar novos talentos, novas personalidades, que possam beneficiar o país. Considero assim, que o ex-presidente Bolsonaro é um caso excepcional, daqueles que acontecem uma vez a cada milhões de anos, com tamanho carisma, de repente com sua figura consegue entrar na imaginação das pessoas fazendo que elas entendam que ele seria a solução para nosso país e essa figura vai demorar para aparecer em outra liderança tão forte e tão carismática dessa forma. Isso a gente sabe que nasce do nada, que foi uma empatia que a população criou.

Eu me considero de centro à direita. Gosto das coisas equilibradas. Os extremismos não são bons. O extremo da esquerda é extremamente nocivo e o extremo da direita também é nocivo. Entendo que o centro à direita é uma parte da política, das ações que vem a satisfazer aqueles que brigam pelo conservadorismo, pela educação, pela identificação do ser humano de forma respeitosa, é uma coisa que tenho comigo desde criança e não vou mudar. Portanto, sinto-me confortável para votar em outra pessoa, de perfil de direita caso Bolsonaro não possa ser candidato.

ÁGUA BOA – O empresário Maurício Cardoso Tonhá (União) é uma das vozes mais destacadas do agronegócio, com base nos princípios cristãos, da família e da propriedade; é bolsonarista. Maurício Tonhá presidiu a Câmara Municipal e cumpriu dois mandatos consecutivos de prefeito. Sobre a condenação, Maurício Tonhá entende que o julgamento de Bolsonaro não foi legítimo,  foi político, sem o direito de defesa. Segundo ele, Moraes com seu grupo político, “fez o que quis”.

Maurício Tonhá avalia que os bolsonaristas, “certamente tirarão proveito desta injustiça”.

Sobre as pré-candidaturas postas para os cargos majoritários, “não agradam a maioria do eleitorado”, finalizou.

ARIPUANÃProfessor Valdecy Vieira – Tesoureiro do PL e ex-vereador.

Valdecy vê a condenação como ‘aberração’. Segundo ele, em nenhum outro país um juiz julga alguém que supostamente teria tentando matá-lo, e acrescenta que Bolsonaro não exerce mandato, o que necessariamente obriga que uma ação contra ele tramite em juízo singular inicialmente.

Para Valdecy, o cumprimento da pena por Bolsonaro enfraquece o PL, pois “o que não é visto não é desejado”, e que em pouco tempo o nome do ex-presidente será apagado.

Quanto ao pleito de 2026, Valdecy deixa claro que tem o pé atrás em relação a Wellington Fagundes e Otaviano Pivetta, e que talvez ele vote em outro nome, muito embora todos sejam peça do mesmo sistema que controla a política local; ele gostaria de renovação, e citou o nome do empresário Odílio Balbinotti, que chegou a ser cogitado para candidato ao governo.

Cláudia Gervazoni é Bolsonaro para sempre

CANARANA –  Médica pediatra, presidente municipal do PL e ex-candidata a prefeita, Cláudia Márcia Gervazoni Costa integra o núcleo duro do bolsonarismo em Mato Grosso.

Sobre a condenação, ela afirma com total convicção que: “é profundamente injusta. Pergunto: qual foi o crime cometido? Manifestar opinião agora é crime? O que estamos presenciando é uma clara perseguição de natureza ideológica e política, conduzida por setores da esquerda que se infiltraram nas instituições”.

Cláudia Gervazoni acrescenta que essa condenação não se baseia em fatos concretos, mas sim em um ativismo judicial de viés político, que ameaça as liberdades individuais e o próprio Estado Democrático de Direito.É preocupante ver o Supremo Tribunal Federal se transformando em um ator político, quando deveria ser o guardião imparcial da Constituição.

Para ela, em Mato Grosso, a direita está muito bem consolidada e tem raízes profundas, principalmente pelo perfil conservador, cristão e produtivo do nosso povo. No entanto, o cumprimento da pena imposta pelo ministro Alexandre de Moraes pode sim influenciar o cenário eleitoral — não pela força dos fatos, mas pela forma como os grandes veículos de comunicação de alcance nacional vão tratar o tema. Infelizmente, a maioria desses meios — como a Rede Globo e outros com forte viés ideológico — têm atacado constantemente o presidente Jair Messias Bolsonaro e distorcido narrativas. Isso pode impactar parte do eleitorado menos informado. “Mas nós, da direita mato-grossense, temos a responsabilidade de contrapor essas narrativas, mostrar a verdade”, retruca.

Sobre as eleições do próximo ano, ela diz, “Eu, Dra. Cláudia Gervazoni, coloco-me à disposição do Partido Liberal (PL) para as eleições de 2026, e já me apresento como pré-candidata à Prefeitura de Canarana em 2028, com o propósito de somar forças com a direita de Mato Grosso e do nosso país. O PL de Mato Grosso tem um grande líder e pré-candidato ao governo, o senador Wellington Fagundes, e nacionalmente um nome incontestável à Presidência da República é o presidente Jair Messias Bolsonaro”.

Sobre as diretrizes partidárias para 2026, a médica Cláudia Gervazoni diz que a determinação do partido é clara: fortalecer as alianças com os partidos de centro-direita e ampliar o espaço da direita em todo o país. Estou firme e comprometida com o PL, trabalhando para fortalecer a direita em Mato Grosso e no Brasil!

NOVO HORIZONTE DO NORTEAgenor Evangelista da Silva (União) secretário municipal e ex-prefeito.

Agenor não acha justa a condenação e entende que o cumprimento da pena fortalecerá o bolsonarismo mato-grossense.

Sem citar nomes, garantiu que votará e trabalhará por candidatos do centro e da direita.

CONFRESAVereador Professor Hamilton (Republicanos).

“A prisão de Bolsonaro não tem outro roteiro a seguir, a não ser se houvesse uma guinada de 180 graus. Vejo como injusta, como a prisão da maioria dos condenados pelo 8 de janeiro. Não vejo crime em ocupar, mas sou contra depredar; quem depredou tem que pagar. Mas, a condenação de Bolsonaro deixa claro que o sistema é contra ele.

O vereador acredita que o cumprimento da pena fortalecerá o bolsonarismo mato-grossense. E vê com bons olhos a anunciada aliança do PL com seu partido, em apoio a Pivetta.

Confresa é a segunda maior cidade do Vale do Araguaia e suas lideranças defendem a regionalização do voto, para aumentar a representatividade política.

 “Apoio a união da direita pela representatividade da população da nossa região”, acrescenta o vereador dando tom regional à sua fala, mas sem renunciar ao bolsonarismo.

ALTA FLORESTA – Policial Civil e vereador Darli Luciano da Silva, o vereador Luciano (PL) é bolsonarista e tem como mote a defesa da família, dos valores cristãos e da pátria.

O vereador Luciano critica a condenação de Bolsonaro e entende que ela resulta de um sistema judicial que mais atuou para defender interesses políticos do que em nome da lei.

Na avaliação dele ainda é cedo para saber se o cumprimento da pena terá efeito negativo ou positivo sobre o bolsonarismo nas urnas em 2026. “O tempo nos dirá”, pondera.

Quanto a 2026, o vereador sustenta que apoiará nomes da direita para todos os cargos. “Tanto faz que seja Michelle, Tarcísio ou outro nome para presidente, estarei com ele”. Sobre Mato Grosso, onde ainda não há definição sobre todos os cargos majoritários, ele aguarda o frigir dos ovos, mas com a certeza que estará no palanque da direita.

Vice-prefeito Marquinhos

PLANALTO DA SERRA – No município a reportagem ouviu dois bolsonaristas: o vice-prefeito, que é presidente do Diretório Municipal do PL, Marcos Antônio Sampaio Rodrigues, o Marquinhos; e o vereador Enildo Lemes (União).

Marquinhos vê a condenação como “tremenda injustiça” e avalia que sem a participação de Bolsonaro o caminhar do PL será mais difícil, “pela falta do general na linha de frente”.

Para 2026 Marquinhos disse que condiciona seu voto aos candidatos que assumirem publicamente o compromisso com o impeachment de ministros do STF. Para o Senado, seu primeiro voto será para Antônio Galvan (DC) e o segundo, talvez para Mauro Mendes, que tem sido bom governador para Planalto da Serra. Para o governo ele está à deriva; diz que o senador Wellington Fagundes “agora defende Bolsonaro por conta de seus interesses”; e descarta Otaviano Pivetta, que estaria recebendo apoio do ex-presidente.

Marquinhos observa que 65% do eleitorado mato-grossense é bolsonarista e que mesmo assim o PL não tem um candidato PO (na linguagem pecuária a sigla significa Puro de Origem) e que ele não votará em melancia redonda (Wellington) nem em melancia quadrada (Pivetta).

Enildo Lemes avalia como injusta a condenação de Bolsonaro. Citou que coisas piores aconteceram no governo passado, e que Bolsonaro não foi condenado por corrupção e que “no tempo dele (Bolsonaro) o Brasil andava”.

Sobre a disputa ao governo, o vereador diz que não votaria em Wellington Fagundes, e a alternativa é votar em Jayme Campos (União), “pelas coisas que ele fez para a nossa região”.

CUIABÁ – Rafael Beal Ranalli (PL) registrou sua candidatura a vereador em 2024 com o nome de Policial Federal Rafael Ranalli e se elegeu. Rafael Ranalli é ultraconservador e crítico ácido da esquerda. Jonildo José de Assis, o Coronel Assis, é coronel aposentado da PM e disputou a primeira eleição em 2022, quando foi eleito deputado federal pelo União Brasil

No entendimento de Rafael Ranalli a condenação é injusta, pois não houve tentativa de golpe de estado e os atos no período citado pela ação foram movimentos desarmados e sem a participação das Forças Armadas. Além disso – acrescenta – “o ex-presidente nunca estimulou o golpismo e estava fora do Brasil quando do 8 de janeiro. Reforçando sua fala, Rafael Ranalli observa que o voto do ministro Luiz Fux atesta a inocência de Bolsonaro.

Rafael Ranalli acredita que o bolsonarismo não será muito atingido caso Bolsonaro tenha que cumprir a pena que o STF lhe impôs. No entendimento dele, o ex-presidente é uma espécie de entidade, que inspira a população a sonhar, a acreditar no Brasil, mas admite que o cumprimento da pena poderá ter reflexos sobre o eleitorado não alinhado com ele. Tranquilo em relação a 2026, avalia que mesmo sem o ex-presidente no palanque a direita mato-grossense terá bom desempenho, “historicamente o PL recebe 60% dos nossos votos”, acrescenta. Segundo ele, com ou sem a presença do Mito (é assim que o chama) o cenário político será favorável à direita, pois é grande a capacidade de transferência de votos de Bolsonaro, “acho que ele transfere entre 85% a 90% dos votos aos que apoia”, sintetiza.

Sobre 2026 Rafael Ranalli tem duas certezas. A primeira é que seu nome estará entre os candidatos a deputado federal pelo PL. A outra é que ele respeitará a decisão nacional de seu partido sobre as disputas majoritárias. Até então – segundo ele – o nome ao governo era o de Wellington Fagundes, porém, nos últimos dias o presidente regional do PL, Ananias Filho, disse à imprensa que Valdemar da Costa Neto – cumprindo determinação de Bolsonaro – o informou que o ex-presidente defende a candidatura de Otaviano Pivetta (Republicanos) ao governo com Mauro Mendes (União) e José Medeiros (PL) ao Senado. Rafael Ranalli observa que cumpre as determinações do diretório nacional, e que ficará ao lado dessas chapas caso se confirme o que foi dito por Ananias, mas que defende a filiação de Pivetta ao PL.

Coronel Assis costurando sua candidatura para 2022

Para o Coronel Assis, a condenação é completamente injusta. A condenação foi puramente política, persecutória, revanchista e sem provas.

Na avaliação dele, com certeza, o impedimento de Bolsonaro participar das eleições será um prejuízo à democracia. “Mas avalio que a direita continuará forte e com atuação firme. Em Mato Grosso, um estado caracterizado pelo pensamento de direita, manterá seu posicionamento nas eleições de 2026”, observa.

Sobre sua participação nas eleições em 2026, o Coronel Assis disse que, “meu projeto é à reeleição. Quanto à possibilidade de mudança de partido, posso afirmar que tenho recebido convites de diversas siglas, inclusive para permanecer no União Brasil. Essa definição será feita no momento oportuno. Quanto à conjuntura das eleições de 2026, avalio que todos os nomes de direita e alinhados ao presidente Bolsonaro possuem legitimidade para a disputa e acredito que até o momento da definição, este cenário vai estar bastante consolidado”.

Indefinido quanto à sua filiação partidária, o deputado não emitiu opinião sobre as disputas internas na direita, pelas candidaturas ao governo e ao Senado.

FELIZ NATALVereadora, professora e parceleira no Projeto de Assentamento ENA, Raquel Roll (Podemos) é bolsonarista sem radicalismo. Ela é contra o bolsonarista radical que lança mão do revólver e o esquerdista que invade propriedade.

A vereadora Raquel entende que a condenação foi injusta. “Eles se apegaram muito na questão das joias, do cartão de vacina do presidente, mas não houve roubo, isso, não”.

Para ela, a condenação e a consequente prisão de Bolsonaro prejudicarão o bolsonarismo, “com certeza”. A vereadora avalia que muitos temerão defender o grupo bolsonarista temendo retaliações contra o município e o Estado.

Sobre 2026 ela é cautelosa. Revela que foi sondada por pré-candidatos a deputado estadual e deputado federal, mas que avaliará com serenidade os nomes até encontrar aqueles que poderão ser mais úteis ao seu povo e a Feliz Natal. Seu perfil é conservador e ela se identifica com Bolsonaro, mas terá que pisar com cautela para que seu voto se reverta em benefício para seu município.

NOVO MUNDO Marcos Bessa (PP) cumpriu quatro mandatos de vereador.

Marcos Bessa acha que a condenação de Jair Bolsonaro foi “uma covardia”, não arreda o pé de seguir Bolsonaro e entende que a condenação prejudica muito o bolsonarismo porque o povo quer ver a presença dele.

Seu voto é exclusivo para bolsonaristas. Para o governo ele defende o nome do senador Jayme Campos (União) e para o Senado, o governador Mauro Mendes (União), mas não cita qual será seu segundo voto para senador. Marcos Bessa argumenta que tanto Jayme quanto Mauro defenderam o nome de Bolsonaro quando ele foi candidato a presidente em duas eleições. Sem mencionar candidatura a deputado federal, ele  destaca que votará em Dilmar Dal Bosco (União) que tentará mais um mandato de deputado estadual. O voto para Dilmar é em defesa do regionalismo, pois aquele parlamentar é domiciliado em Sinop, a principal cidade do Nortão, que é a região de Novo Mundo.

POXORÉU – Gaudêncio Filho Rosa de Amorim – Poeta, escritor, cientista político, presidente da Comissão Provisória Municipal do PL de Poxoréu e filiado ao partido desde 1992, nas eleições que elegeram o médico Walterly Ribeiro da Silva à prefeitura. Gaudêncio foi candidato a vice-prefeito pelo PL em 1996 e candidato a prefeito em 2024, também pelo PL e, ao longo do período sempre defendeu as candidaturas do senador Wellington Fagundes e do saudoso deputado Jota Barreto. E Carlos Antônio do Carmo, o Mineiro (PL), que foi presidente da Câmara e lidera a resistência civil no distrito de Jarudore, contra as ameaças de desintrusão daquela localidade para a criação de uma terra indígena dos bororos.

Sobre a condenação de Jair Bolsonaro, Gaudêncio entende que ela parece injusta, motivada por uma espécie de revide e intolerância da esquerda, mediante provas probatórias com viés subjetivo; um provável arranjo de convenções para tirar um forte candidato da corrida presidencial em 2026, “daí, parece-me injusta a condenação, provavelmente valendo-se da bilateralidade das leis”.

Para Gaudêncio, “é provável que uma ínfima parcela conservadora da população seja abrangida por respingos da condenação, porém, no geral, o sentimento deve ser o da vitimização de uma direita muito forte no Estado, alicerçada na pujança do agronegócio e de há muito tempo indignada com uma esquerda quase sem força de reação em Mato Grosso”, analisa. Gaudêncio acrescenta que Mato Grosso não sofre grandes prejuízos  com a condenação, “ao contrário, se fortalece na união de forças para defender seus candidatos da direita”.

 Gaudêncio sustenta que continua firme e forte comprometido com as bandeiras do PL, sobretudo para fortalecer a candidatura do senador Wellington Fagundes ao governo, “que me parece ser o único com a força motriz para unir  Mato Grosso com desenvolvimento regional e prosperidades para o cidadão em razão de sua experiência parlamentar e do seu perfil municipalista, porque é nos municípios que a vida acontece”, resumiu.

Mineiro: Jarudore está com Bolsonaro

Mineiro classifica a condenação como “uma grande injustiça e na realidade uma perseguição política”. Quanto ao fato de que Bolsonaro não poderá participar das campanhas, porque estará cumprindo a pena que o STF lhe impôs, Mineiro entende que a ausência dele é prejudicial, mas por outro lado, avalia que que, “quanto mais o Alexandre bater no Bolsonaro, maior será a revolta e com isso o PL somente tem a crescer.

Sobre as eleições em 2026 Mineiro destaca o nome de Wellington Fagundes. Para o Senado ele defende o nome do deputado federal José Medeiros. “É a hora do José Medeiros. O nome dele se destaca no Brasil e até no exterior”.

Bolsonarista convicto, Mineiro diz que, “Jarudore está de cabeça erguida e em pé, com Bolsonaro”.

 

Ricardo no auge do bolsonarismo

PORTO ESPERIDIÃO – Ricardo Pereira Junqueira, o Ricardo da Areia (União) é vereador pelo quarto mandato consecutivo, teve um período de deslumbramento com Bolsonaro, mas, agora, vê o ex-presidente por outro ângulo.

Ricardo da Areia vê a condenação como “injusta, uma burrice e uma tolice” e “como uma guerra entre os poderes da direita e da esquerda”. O vereador acrescenta que Bolsonaro quando no poder pisou na esquerda, que agora dá o troco, mas ele não vê justificativa legal para tanto, “pois o Bolsonaro não cometeu crime”. Para ele, o cumprimento da pena não influenciará na campanha bolsonarista em Mato Grosso. Quanto ao seu papel em 2026 ele julga que ainda é cedo para assumir posicionamento; espera o andar da carruagem.

O vereador participou das duas campanhas de Bolsonaro para presidente. Na primeira, o então deputado federal Jair Bolsonaro gravou um vídeo aconselhando um adolescente filho de Ricardo da Areia.

Desiludido com Bolsonaro e com o radicalismo das correntes de direita e da esquerda, Ricardo da Areia diz que não se sente de direita nem de esquerda. Ele, porém, tem recaídas e elogia o ex-presidente. A desilusão com o ex-presidente foi ganhando forma na medida em que Bolsonaro abusava de um linguajar chulo e impróprio para um chefe de Estado, e pela participação do radicalismo de direita no governo.

Ainda sobre 2026 o vereador diz que não acredita que Mauro Mendes seja de direita ou bolsonarista; ele recapitula uma visita que Bolsonaro fez a Cuiabá, quando deixou de ir ao encontro do governo, para almoçar com um grupo de policiais militares, num evento organizado pelo coronel Assis, da Polícia Militar, que se elegeu deputado federal em 2022. “Acho que o Mauro Mendes engoliu o choro, mas ele não engole o Bolsonaro, pois aquilo foi uma desfeita”, opinou.

Em meio à incertezas, Ricardo da Areia tem duas convicções: está desiludido com Bolsonaro e não vota na esquerda.

ALTO ARAGUAIAGustavo Melo (PSB) foi prefeito de Alto Araguaia em dois mandatos consecutivos. Mesmo filiado ao PSB ele é político de direita.

Sobre a condenação Gustavo disse que, “não vê justiça na sentença”. Quanto à impossibilidade de Bolsonaro participar das campanhas em Mato Grosso ele acredita muito que a presença do ex-presidente ajudaria muito mais nas eleições, e lamenta que até agora somente o presidente Lula já está definido como pré-candidato.

Quanto ao deputado estadual Max Russi (PSB), que sinaliza apoio a Otaviano Pivetta ao governo, Gustavo diz que, “Max é a grande liderança do nosso partido e iremos acompanhá-lo nas suas decisões, inclusive participar com o apoio em quem o partido decidir”. Acrescentou que, “durante minha gestão como prefeito de Alto Araguaia, de 2017 a 2024,  Max foi um parceiro de primeira e contribuiu muito com obras na educação, na infraestrutura, no social e ações na saúde, além de disponibilizar recursos através de emendas”.

Gustavo revelou que, “minha esposa Priscila Dourado realmente recebeu o convite do deputado Max para novamente disputar a eleição como candidata a deputada estadual no Vale do Araguaia e tentar vaga na Assembleia Legislativa. É uma situação que estamos discutindo e qualquer afirmativa neste momento é muito prematura”, resumiu.

ITANHANGÁ – Genivaldo Malheiros (PSB) é vereador por Itanhangá e militante de direita.

Segundo ele, a condenação de um líder político, “do jeito que foi feito pela esquerda, não tem como ser justa. Mas, eu não esperava outra coisa da esquerda”.

Sobre a ausência de Bolsonaro nas campanhas eleitorais, ele entende que o melhor seria sua participação tanto em Mato Grosso quanto nacionalmente em busca de outra gestão. Ele reconhece que o ex-presidente não poderá fazer isso, mas acredita que os ideais de direita continuarão, e os da extrema direita, mais ainda.

Genivaldo demonstra otimismo político quando o assunto é 2026. Segundo ele, a direita vai seguir Otaviano Pivetta para governdor. Ainda por sua avaliação, a bancada de esquerda na Assembleia será reduzida em Mato Grosso, “onde com a força do trabalho tudo acontece”, finalizou.

ARAGUAINHA – Em Araguainha, o menor município de Mato Grosso, a professora aposentada Maria José Azevedo, a Professora Zezé, sempre militou na direita e foi eleitora de Jair Bolsonaro. Na vida pública ela foi prefeita filiada ao PR.

Em 22 de setembro, Osmari Azevedo, marido da Professora Zezé, morreu vítima de um infarto após sofrer um AVC: Osmari foi prefeito de Araguainha. Enlutada, ela está afastada do cenário político, mesmo assim conversou com o DIÁRIO e ponderou sobre a condenação, “houve o ato de golpe realmente? Ou houve baderna, arruaça?”. Ela entende que ignorantes e mal-educados entraram nos palácios para destruir patrimônio, e defende punição para eles. Sobre Bolsonaro sua avaliação é a de que para ele cumprir pena seria necessário a apresentação de provas contundentes, “o que não há”, resume.

Demonstrando desencanto com a classe política a Professora Zezé disse que não apoiará nenhuma candidatura de direita ou de esquerda. Concluiu afirmando que, “o Brasil está carente de políticos com ideais patrióticos, que pensem no meio ambiente, para a preservação do país; e que pensem na Educação formal, social e profissional gratuita para todos, como a única forma de evolução do povo.

JUARA – O jornalista e produtor rural bolsonarista Aparício Cardozo presidiu a Câmara e foi secretário municipal. Aparício.

A condenação é desnecessária. Não sei se precisava chegar a tanto, mas, se o STF o condenou ele vai ter que cumprir a prisão e está fora das eleições de 2026.

Acredito que a prisão ajuda os que ele apoia; certamente vão levar vantagem principalmente junto aos radicais, que seguem Bolsonaro onde ele for, independentemente de partido ou candidato – vão vê-lo com vítima.

Sobre as eleições em Mato Grosso acredito que ainda tem muita água para rolar por baixo da ponte, mas, certamente o apoio de Bolsonaro ao Pivetta dá uma leve vantagem para o vice-governadorm já que em Mato Grosso a esquerda é fraca e o agro é de direita e muito forte. Acredito que o Pivetta sai com uma leve vantagem, até pelo uso da máquina do governo, que sempre acontece, queiram ou não. Com o Bolsonaro apoiando o Pivetta, que é de outro partido, deixando de apoiar o seu correligionário Wellington Fagundes. Acredito que esse vai ser o maio impasse dessa eleição, pois o Wellington não vai deixar barato, vai brigar. Como nós gaúchos dizemos: vai ser uma peleia de foice no escuro”, arrematou.

SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA – o piloto comercial e pecuarista José Antônio de Almeida, o Baú (PL), foi prefeito em dois mandatos alternados e suplente de deputado estadual. Baú se identifica como “bolsonarista até debaixo d’água”.

De São Félix, Baú acompanha a movimentação política em Brasília e lamenta a condenação,. Para ele, Bolsonaro, “é o nosso líder, corretisimo”. Baú teme que o ex-presidente não consiga reverter sua condenação e inelegibilidade, porque, “o Lula faz de tudo para arrebentar com ele.

Com ou sem a presença de Bolsonaro, Baú acredita que a direita vencerá as eleições em Mato Grosso, mas reconhece que a ausência do ex-presidente prejudica sua corrente política.

Baú defende o bordão da direita conservadora, “Deus, Pátria, Família e Liberdade”. Segundo ele, seu município é conservador e o mesmo acontece com Mato Grosso.

Casado com a vice-prefeita Nilda Maria Almeida (PRD), que exerce o cargo pela segunda vez alternada, Baú disse que votará nas indicações que Bolsonaro fizer para a disputa eleitoral em Mato Grosso, e citou como prováveis candidatos o senador Wellington Fagundes, para o governo, e o deputado federal José Medeiros (ambos do PL), para o Senado, porque são, “gente nossa”.

Fotos:

1 – Agência Brasil

2 – Dinalte Miranda

3 – Ednilson Aguiar 4, 5, 7, 9, 10, 11, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 27 e 28 – Facebook 

6, 13, 23 e 29 – Eduardo Gomes 

8 – Maurício Barbant

12 – Prefeitura Novo Horizonte do Norte

15 – Câmara Municipal Alta Floresta

26 – Câmara Municipal Itanhangá

 

 

 

 

 

 

 

Comentários (5)
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  • Dulce Lábio

    Matéria extremamente informativa, indicando os rumos e linha de pensamento dos nossos políticos, os eleitores precisam conhecer os bastidores onde se decide o futuro do nosso País. Parabéns, Brigadeiro, texto isento e reflexivo em momento político conturbado e confuso.

  • Inacio Roberto Luft

    Excelente compilação

  • Marcos Bessa

    Muito bora a matéria
    Marcos Bessa – Novo Mundo

  • Jorge Yanai

    Muito obrigado amigo. Deus continue abençoando seu conhecimento e talento jornalístico privilegiado !!!
    Jorge Yanai – Sinop

  • Aparicio Cardozo

    Muito boa a matéria Eduardo, parabéns e obrigado pela parte que sou citado, grande abraço
    Aparício Cardozo – Juara