Governo se faz bom assessoramento. Juscelino planejou construir Brasilia e, para tanto, precisava de um time de primeira linha, O estadista não vacilou. Nomeou o engenheiro civil Israel Pinheiro presidente da Novacap (a estatal que responderia pela obra), Burle Marx, pra o paisagismo. Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para o projeto arquitetônico. Bernardo Sayão pra rasgar a Belém-Brasília e, assim, interligar o Brasil ao seu novo centro político. Mauro Mendes loteou o Palácio Paiaguás, No loteamento foi nomeado o deputado estadual Allan Kardec (PDT) para a Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. Romoaldo Júnior (MDB) assumiu a cadeira de Kardec na Assembleia. O governador, também, nomeou Nilton Borgato secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação. JK e Mauro Mendes nomearam muito outros nomes. Para analisarmos os primeiros seis meses do governo estadual mato-grossense tomemos Kardec por exemplo. Deixemos de lado Borgato, que inclusive foi preso em flagrante por crime ambiental e improbidade administrativa – quando prefeito de Glória D’Oeste a Polícia Civil o prendeu por utilizar maquinário na prefeitura para construção de barragem numa propriedade rural que seria sua.
O primeiro semestre do governo Mauro Mendes foi um período caracterizado por uma administração que caminhou em círculos em todas as áreas. Vejamos o casamento da Cultura com o Turismo, que foi entregue a Kardec.
Enquanto o trade turístico mundial busca bons roteiros Mato Grosso esconde seus excepcionais e paradisíacos Pantanal, temporada de praia no Araguaia, misticismo da Serra do Roncador, Chorado etc. É preciso uma sombra gigantesca pra manter na penumbra tantos atrativos assim.
Kardec não foi uma nomeação para fortalecimento da cultura, turismo, esporte e lazer. Foi composição no rateamento do poder.
Até mesmo o menos qualificado em gestão pública sabe que o manancial turístico mato-grossense se divulgado se transformaria em atividade lucrativa, em geração de emprego, em ferramenta para desenvolvimento social e crescimento do produto interno bruto (PIB).
Kardec nada fez. Estamos em plena temporada de praia no Araguaia, que é uma das boas opções turísticas de meados de ano no Brasil interior. Vivenciamos o momento das grandes feiras agropecuárias, com forte apelo ao turismo de negócios e esportivos (rodeio é a grande paixão popular mato-grossense). É tempo do Tríduo de Vila Bela da Santíssima Trindade. Nada disso despertou Kardec para exercer bem sua função.
As belezas do Araguaia ribeirinho e seus esportes aquáticos. As grandes exposições agropecuárias. A Festança do Tríduo em Vila Bela, com sua Dança do Chorado, seu incomparável conjunto Aurora do Quariterê. Nada disso despertou Kardec. Perdemos um calendário anual por incompetência do secretário da área. Essa incompetência tem que ser compartilhada por quem o nomeou, Mauro Mendes.Observadas as peculiaridades de cada secretaria, a inoperância de Kardec se repete. Quem confia na Saúde Pública? Quem confia na Segurança Pública? Quem confia nessa ou naquela secretaria?
O governador rateia o governo. Rateador e rateados são Excelências. São donos do poder. Donos do poder que contrariando a lógica teima em jogar Mato Grosso na parte mais funda do buraco onde já se encontra por condutas semelhantes de seus antecessores, Pedro Taques, Silval Barbosa, Blairo Maggi, Dante de Oliveira.
Não busquem amparo na mídia amiga. Essa situação somente será revertida ao grito. Ao grito das vozes roucas das ruas. Você pode optar entre a conivência e indignação.
Caso opte pelo silêncio, que assim continue.
Caso a opção seja a quebra do silêncio, diga que Kardec liberou R$ 100 mil para o Grupo Mascarados, de Poconé, que organiza a anualmente a Cavalhada daquele município. Diga que Mato Grosso defende e valoriza aquela manifestação cultural, mas que não aceita tal transação. Que não aceita por vários motivos: primeiro porque a mesma aconteceu na penumbra, sem que a máquina publicitária do governo fosse mobilizada para divulgar o evento; segundo, porque o povo poconeano sempre teve competência para promover a Cavalhada e que a realização da mesma não custa cifra tão elevada etc.
Grito e silêncio à parte. A incompetência administrativa, a insensibilidade que resulta na greve dos professores, o calote a fornecedores, o aumento do inchaço da máquina administrativa, o compadrio politico ou politiqueiro e outras mazelas estão presentes nos desafiando.
No todo administrativo Mato Grosso perdeu um semestre, que foi atropelado por Kardec no turismo e na cultura.
Esse prejuízo é bem visível no rateio do poder, que ora estranhamente contempla Kardec – que se mantivesse deputado estadual recebia mensalmente quase quatro vezes mais do que fatura em sua secretaria. Lembrem-se que deputado estadual tem R$ 65 mil mensais em verba indenizatória (VI).
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Maurício Barbant – Assembleia Legislativa
2 – José Medeiros em arquivo
3 – Arquivo blogdoeduardogomes