Série criada para focalizar pré-candidato ao Senado na eleição suplementar de 26 de abril, UM NOME AO SENADO também aborda o contexto político em que se inseriam ou se inserem seus personagens. Daí, que neste capítulo, ao invés de um nome, o texto versa sobre uma decisão da Executiva Regional do PV, que em 20 deste mês de janeiro, decidiu indicar três nomes à disputa. São eles: o secretário municipal de Serviços Urbanos de Cuiabá, José Roberto Stopa; o deputado estadual Faissal Calil; e o vereador pela capital, Mário Nadaf.
Antes dessa decisão da cúpula do Partido Verde a série focalizou a advogada Sirlei Theis (PV), que foi candidata a vice-governadora em 2018 na chapa encabeçada pelo senador liberal Wellington Fagundes. Entre os filiados de seu partido Sirlei é o nome mais conhecido em Mato Grosso, tanto por sua recente disputa a cargo majoritário estadual, quanto pelas palestras que profere em municípios focalizando a defesa da mulher vítima da violência doméstica. Em razão desse contexto aconteceu sua inclusão à série, que iniciou exatamente com seu nome.
A decisão da cúpula do PV levou o site a criar um capítulo dedicado a ela.
Focalizar Stopa, Faissal e Nadaf isoladamente seria o mesmo que colocar o site a serviço do PV, que somente poderá lançar um nome. Levem ainda em conta que anteriormente Sirlei foi personagem de um capítulo.
Toda decisão partidária merece respeito. Com o PV não pode ser diferente. Mesmo assim, nenhum delas está isenta nem acima de questionamento.
Uma fonte confiável da Prefeitura de Cuiabá assegura que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) tem controle sobre o PV e o PTB, e que os “negociaria‘. Negociar, nesse caso não seria uma negociata envolvendo dinheiro, mas como se diz no bordão eleitoral, jogar os dois partidos no colo de outro (partido) numa versão politiqueira da famosa Prece de São Francisco. Mais detalhadamente ainda: Emanuel quer disputar a reeleição em outubro e precisa costurar uma aliança. Daí, que ofereceria as duas siglas para apoiarem algum grupo ao Senado, em troca do apoio desse ao seu plano de continuar na prefeitura.
Como assim? ‘Negociar…’.
Em Mato Grosso há jogadas políticas que mesmo revoltantes merecem entrar para o anedotário.
Em 2018 o então prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, presidia o PPS Regional. Numa jogada ou rasteira política o à época governador Pedro Taques (PSDB) derrubou Percival, e seu secretário de Educação, Marco Marrafon, assumiu o partido. Percival tem uma história política construída eleição a eleição. Foi vereador por Rondonópolis, vice-prefeito e três vezes prefeito daquele município; exerceu mandatos de deputado federal e deputado estadual, e integrou o secretariado do ex-governador Carlos Bezerra. Nem esse histórico o impediu de ser jogado na sarjeta. Após derrubar Percival, Marrafon se candidatou a deputado federal e não passou de 27.022 votos apesar da máquina eleitoral montada para elegê-lo.
O deputado federal Emanuelzinho comanda o PTB em Mato Grosso, muito embora seu dirigente seja o ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo; Emanuelzinho é filho de Emanuel. Stopa, o presidente regional do PV é secretário de Emanuel na prefeitura; a bancada do Partido Verde à Câmara de Cuiabá, à exceção de Felipe Wellaton, reza pela cartilha do prefeito. Ou seja, os dois partidos respiram o ar que o prefeito de Cuiabá permite que chegue aos seus pulmões.
Não é difícil entender que Emanuel tenha absoluto controle sobre os dois partidos. Os petebistas sequer falam em lançar candidato ao Senado. Os verdes o fazem, mas com três nomes afinados com Emanuel. Segundo a fonte, Sirlei foi excluída da relação dos pré-candidatos por não fazer o jogo do prefeito.
Precedente
Em 2018 o PV elegeu dois deputados estaduais. Faissal Calil e Dr. Gimenez; o primeiro era vereador por Cuiabá, e o outro, tem domicílio em São José dos Quatro Marcos, na faixa de fronteira. Naquele ano, Emanuelzinho se elegeu deputado federal com 76.781 votos, dos quais, 27.376 recebidos em Cuiabá. Na mesma eleição, o candidato mais votado do PV àquele cargo foi o tenente-coronel PM Wanderson Nunes de Siqueira que cravou 11.337 votos sendo 5.317 do eleitorado cuiabano.
A mesma fonte observou que a votação de Wanderson não teve origem partidária, mas que seria resultante do apoio que ele recebeu da família miliciana, por sua condição de oficial da Polícia Militar.
A votação do PV para deputado federal em Cuiabá teria sido freada para não dificultar a eleição de Emanuelzinho. A fonte questiona: alguém viu a cúpula do PV pedir votos para seus candidatos a deputado federal? Ela mesma responde: “não”.
O recado de Misael Galvão
Em Mato Grosso o PSB é presidido pelo deputado estadual Max Russi, que integra a base governista na Assembleia Legislativa.
O governador Mauro Mendes (DEM) e o prefeito são adversários. Misael é citado enquanto virtual companheiro de chapa de Emanuel. Caso permanecesse no seu antigo partido Misael seguramente não teria legenda para dobrar com Emanue. Daí, correu para o colo político de Emanuelzinho. Ou alguém duvida que Max Russi não defenestraria Misael pra agradar o chefe Mauro Mendes?
O amanhã
Esse apelido, Paletó, brotou da sabedoria popular. Na legislatura de 2011 a 2014 Emanuel era deputado estadual e integrava uma comissão da Assembleia Legislativa criada para fiscalizar as obras da Copa do Mundo de 2014. Em delação premiada ao Ministério Público Federal e homologada pelo Supremo Tribunal Federal, o então governador Silval Barbosa declarou que pagou mensalinho a parlamentares pra que não criassem embaraços à corrupção nas obras da Copa do Mundo de 2014.
Em 2017 a TV Globo exibiu vídios de deputados recebendo pacotes de dinheiro de Sílvio Corrêa, então chefe de Gabinete de Silval. Dentre os contemplados com as boladas, Emanuel.
O pacote de dinheiro que caiu do bolso do paletó foi um acidente de percurso.
Com os bolsos do paletó abarrotados de dinheiro, Emanuel deixou cair um pacote. Abaixou, o pegou, sorriu e trocou frase curta com Sílvio, A população chocada com o vídeo lhe deu o antológico apelido.
A julgar pelo desempenho do PV para deputado federal na eleição de 2018 em Mato Grosso e pela forte ligação com Emanuel dos três nomes lançados ao Senado, e se a fonte não estiver errada, estamos diante de mais um capítulo da história política mato-grossense capaz de fazer o lendário Nhonhô Tamarineiro se revirar no túmulo
PS – Esse é o décimo sétimo capítulo da série UM NOME AO SENADO.
Leiam os anteriores:
1 – UM NOME AO SENADO: Sirlei Theis
2 – UM NOME AO SENADO: Waldir Caldas
3 – UM NOME AO SENADO – Neri Geller
4 – UM NOME AO SENADO – Nilson Leitão
5 – UM NOME AO SENADO – José Medeiros
6 – UM NOME AO SENADO – Maria Lúcia
7 – UM NOME AO SENADO – Carlos Fávaro
8 – UM NOME AO SENADO – Gisela Simona
9 – UM NOME AO SENADO – Max Russi
10 – UM NOME AO SENADO – Adilton Sachetti
11 – UM NOME AO SENADO – Carlos Bezerra
12 – UM NOME DO SENADO – Procurador Mauro – PSOL
13 – UM NOME AO SENADO – Blairo Maggi
14 – UM NOME AO SENADO – Carlos Abicalil
15 – UM NOME AO SENADO – Dr. Leonardo
16 – UM NOME AO SENADO – Otaviano Pivetta
Continuem acompanhando a série – única postagem que focaliza os virtuais candidatos ao Senado na eleição suplementar em abril.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Agência Senado
2 – Facebook Sirlei Theis
3 – Agência Câmara
4 – Assessoria Câmara Municipal de Cuiabá
5 – Divulgação Partido Verde
6 – Sobre Imagem da TV Globo