Japão, 6 e 9 de agosto de 1945. Ataques atômicos destroem Hiroshima e Nagasaki, horrorizam o mundo. Transcorridos 74 anos, potências nucleares estão a um passo da guerra. O site ambienta em Mato Grosso um fato sobre aquela amarga página da humanidade
Japão, 09 de agosto de 1945. Um cogumelo subiu ao céu. Deixou 39 mil mortos. Nagasaki virou escombros. Masanobu Kazurayama não entendia o que acontecia. Era criança.
Continuava a brincar na estrada perto da cidade que a ignomínia da guerra acabara de destruir até que alguém o levou para uma vala no quintal de sua casa onde a vizinhança se escondia dos bombardeios.
O menino Kazurayama escapou ileso, mas passou a infância testemunhando a dor física dos atingidos pelo ataque, e o sofrimento dos que perderam parentes, amigos e conhecidos para o poder avassalador da terrível arma utilizada pelos Estados Unidos contra a população japonesa.
Kazurayama virou hibakusha, como são conhecidos no Japão os sobreviventes das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial.
Nas discretas reuniões da colônia nipo-brasileira em Mato Grosso, Kazurayama prega a cultura da paz com a credibilidade de quem sobreviveu ao horror atômico. Seus ensinamentos repercutem entre os conterrâneos e seus descendentes nascidos brasileiros e que há décadas contribuem para o desenvolvimento mato-grossense.
PS – Texto extraído do livro DOIS DEDOS DE PROSA EM SILÊNCIO – PRA RIR, REFLETIR E ARGUIR publicado em 2015 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade com ilustração de Generino e capa de Édson Xavier, sem apoio das leis de incentivos culturais