Organizar uma nova instituição é uma tarefa hercúlea. Exige responsabilidade administrativa e social, dedicação, espírito coletivo e altruísta, desprendimento, capacidade de liderança e inteligência.
Esses não podem ser atributos de apenas uma pessoa, mas de muitas que participam da construção da nova criatura. Esse desafio está sendo experenciado por vários trabalhadores na nova Universidade Federal de Rondonópolis. Eles e elas só podem alcançar sucesso se tiverem o apoio, o trabalho incansável e a confiança da comunidade universitária e de toda a sociedade da região sudeste de Mato Grosso. Mas, confiança e apoio a gente conquista. Nada vêm de graça.
Para construir uma instituição é preciso que todos tenham consciência do que ela significa.
Segundo o sociólogo Joseph H. Fichter (1973, p. 297): “instituição social é uma estrutura relativamente permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o objetivo de satisfazer necessidades sociais básicas”. Sua existência depende da coesão entre seus componentes. Embora deva funcionar como uma unidade social, ela não é separada das outras instituições e deve ter um código de conduta construído com a participação e assentimento de todos os seus membros. Neste sentido, sua estruturação não pode ser feita por um grupo de pessoas que se julga iluminado e que, erroneamente, defende interesses domésticos, fisiológicos, corporativos e monocráticos.
Desde as civilizações da antiguidade, o conceito de instituição se desenvolveu juntamente com os de democracia e civilidade. Por isso, os regimes autoritários e os políticos despóticos odeiam a harmonia das instituições e agem para enfraquecê-las. O nascimento da UFR em um momento obscuro da história da democracia, no Brasil, é um desafio gigantesco porque está em jogo a sua própria subsistência.
No caso da UFR, a maioria dos seus membros são adeptos da vida, da educação pública e gratuita para todos e em todos os níveis. Por isso, a maioria de seus construtores está convicta de quen a natureza da nova universidade deve ser democrática, nasceu da necessidade e da vontade de uma sociedade que quer o melhor para os seus filhos. Ou seja, uma formação intelectual, forjada nos conhecimentos científicos e filosóficos, na cultura e no desenvolvimento tecnológico, na geração de empregos e na qualidade vida proporcionada por meio ambientalmente sustentável.
A universidade é uma instituição que se sustenta a séculos por resistir aos ataques da ignorância contra a inteligência humana. Neste sentido, a UFR é também símbolo de resistência. Negar isso é desprezar a sua própria natureza institucional.
Dr. Paulo Augusto Mario Isaac – Cientista social, escritor e curador do ArteFatos Museu Indígena pauloisaac.com. Professor aposentado da UFMT, foi um dos líderes do movimento Pró-UFR em sua origem