A Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) foi criada em 20 de março de 2018. Esse fato alegrou as pessoas porque foi uma vitória da luta unificada e democrática de toda sociedade da região sul do Estado de Mato Grosso.
Após dois anos e vencida a primeira fase (criação), uma nova situação se colocou: a transição do Câmpus Universitário de Rondonópolis, ainda sob a tutela da UFMT, para universidade autônoma. Na segunda fase tivemos: a nomeação de uma reitora pró-tempore, destinação pelo MEC da dotação financeira e transferência dos bens patrimoniais e de recursos humanos da UFMT para a UFR. Coube à Reitoria a obrigação legal de conduzir de forma harmônica e democrática a discussão para a construção da estrutura organizacional acadêmica e administrativa da nova instituição. Foram criados alguns grupos de trabalho, dentre eles um, ainda inconclusivo, para fazer o estatuto da UFR. Outra medida pró-tempore foi transformar com algumas adaptações, o Conselho Administrativo e Acadêmico do Câmpus Universitário de Rondonópolis (CAAR) em Conselho Universitário.
Muitas ações foram realizadas e encaminhadas até o momento. Todavia, a estrutura transitória tornou-se obsoleta, contraproducente e geradora de tensões. Atualmente, um grupo de dirigentes é acusado de agir casuisticamente, propondo, inclusive, a supressão de um dos mais importantes órgãos da estrutura universitária: o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), órgão que possui função normativa, consultiva, deliberativa e decisória nas respectivas áreas acadêmicas. A argumentação de diminuir o tamanho da nova universidade para torná-la mais pragmática, célere e eficiente é inoportuna, desajuizada e infeliz. Dentre as consequências nefastas dessa supressão está a redução da possibilidade de crescimento do número de cursos, pesquisas e atividades junto à comunidade, além da qualidade da produção científica.
Para evitar que a UFR seja pensada e conduzida ditatorial e domesticamente, precisamos agir na sua consolidação enquanto instituição autônoma, democrática e compromissada com as aspirações da sociedade regional e do Brasil.
Uma das medidas urgentes é a atual administração da UFR agir democraticamente, respeitando as decisões colegiadas de todas as instâncias acadêmicas. Ao mesmo tempo, ela precisa desencadear um processo de eleições diretas, amplas e irrestritas para todos cargos e funções dos órgãos colegiados. Dessa forma, os eleitos terão legalidade e legitimidade para realizarem suas tarefas de modo harmônico e comprometido com o bem estar de todos. Se isso não acontecer, inevitavelmente teremos conflitos e danos irreparáveis.
É preciso nunca esquecer que a UFR nasceu sob a égide da vontade e luta de toda a comunidade universitária, dos representantes políticos do Estado, dos meios de comunicação, das instituições e entidades da sociedade civil e religiosa e da população. A democracia está no seu DNA.
Dr. Paulo Augusto Mario Isaac – cientista social, professor aposentado da UFMT e compromissado com a criação da UFR como uma universidade pública, gratuita e para todos.
Dra. Sílvia de Fátima Pilegi Rodrigues – Professora da UFR e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação.