Selma, Fabris e o encontro com a morosa Justiça Eleitoral

Essa é a Deusa que julgará os parlamentares

Ou eleição suplementar para uma vaga no Senado e um novo deputado estadual, ou somente eleição suplementar, ou apenas um novo deputado, ou nada disso. Essas são as três opções que a morosidade da Justiça Eleitoral nos oferecem seis meses depois das eleições parlamentares em outubro do ano passado, onde a juíza Selma Rosane de Arruda (PSL) elegeu- senadora e o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) reelegeu-se. Selma cumpre mandato. Fabris foi impedido de tomar posse. Ambos são réus em ações eleitorais.

Na terça-feira, 9, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprecia um recurso de Fabris. Na mesma data o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julga Selma.

Selma foi denunciada pelo então candidato ao Senado, Sebastião Carlos (Rede), de desembolsar R$ 1,2 milhão para pagamento de um agência de publicidade e esconder essa movimentação em sua declaração de gastos eleitorais. O também candidato a senador, Carlos Fávaro (PSD) e o Ministério Público Eleitoral chancelaram a papelada de Sebastião.

Selma no Senado

Sentindo-se acuada, a senadora usou mídia social para apontar o dedo acusador ao desembargador Pedro Sakamoto, relator da ação a que responde. Segundo ela, Sakamoto teria antecipado que votaria por seu fuzilamento processual. A Amam, entidade que representa a magistratura estadual entrou em cena distribuindo uma nota de desagravo contra ela.

Ex-juíza, Selma conhece bem os meandros da magistratura e sabe que pisa em brasa – sem trocadilho. Caso o TRE derrube o registro de sua chapa partidária,  a ação subirá ao TSE, e paralelamente ao trâmite, seu mandato sangrará. Se em sentença final seu mandato for pulverizado haverá eleição suplementar para recomposição da representação mato-grossense no Senado.

Eleição suplementar para o Senado é fato inédito em Mato Grosso. Caso isso aconteça será mais uma demonstração da morosidade da Justiça Eleitoral, pois os fatos denunciados contra Selma ocorreram bem antes da eleição.

Fabris eleito sub judice

ASSEMBLEIA – A legislação é complexa e nos remete ao vaqueiro português que ficava na porteira do curral para conferir a boiada. Ele contava os cascos, dividia por quatro e chegava ao total de cabeças. Pois é. Fabris pediu registro de candidatura para disputar a reeleição. A Justiça Eleitoral o considerou ficha suja por conta de uma condenação colegiada por improbidade administrativa. Improbo ou não, ficha suja ou não, Fabris foi para as urnas sub judicie  e recebeu 22.913 votos.

Matematicamente eleito Fabris foi impedido de tomar posse. Quem  ganhou a mamata do mandato foi o deputado estadual Allan Kardec, do PDT coligado com o PSD de Fabris.

Caso o recurso de Fabris seja acatado no TSE ele poderá ficar com a cadeira de deputado, mas mesmo assim Kardec porderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

Enquanto a ação tramita Kardec nada de braçadas no cargo de secretário estadual de Cultura no governo de Mauro Mendes, onde recebe salário bem menos do que a soma do salário de deputado e a verba indenizatória de R$ 65 mil – coisas da política que nem Freud explica. A cadeira de Kardec na Assembleia é ocupada pelo suplente Romoaldo Júnior (MDB).

Caso Kardec caia, será a segunda mudança na Assembleia. O primeiro que pegou o boné foi Guilherme Maluf (PSDB), que foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado na vaga do aposentado precoce Humberto Bosaipo. A cadeira parlamentar de Maluf foi ocupada pelo suplente tucano Carlos Avallone.

PERSONAGENS – Fabris, Maluf, Bosaipo, Avallone e Romoaldo ou foram presos, os são processados, ou são réus, ou são delatados. Coisas da política mato-grossense.

XUXU – O deputado Ederson Dal Molin, o Xuxu Dal Molin (PSC). está com os pés no cadafalso no TRE, onde responde por uma ação em que é denunciado por campanha extemporânea, numa secretaria da prefeitura de Sorriso, município onde foi vice-prefeito. O caso Xuxu será tema de outra matéria.

Redação

FOTOS:

1 – Figurativa

2 – Agência Senado

3 – Secretaria de Comunicação da Assembleia Legislativa

 

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