Seis meses não é período curto pra se avaliar governo estadual. Afinal, o mandato do governante é de quatro anos ou oito semestres. O democrata Mauro Mendes fecha o primeiro semestre à frente do Palácio Paiaguás. Salvo melhor juízo, não há motivo para comemoração. Pior: por absoluta falta de planejamento não se pode pensar no amanhã promissor que Mato Grosso merece e que para tanto produz e recolhe impostos. Pelo respeito, gratidão e amor que tenho pela Terra de Rondon, gostaria que ao invés deste texto, a postagem fosse sobre conquistas, paz social, relação harmônica entre governador e cidadão, mas infelizmente, o que resta é botar o dedo na ferida.
Mauro Mendes ao assumir o governo sabia bem o que teria pela frente. Durante três anos e alguns meses foi aliado do governador Pedro Taques que o antecedeu. Foi mais: exercia influencia no poder, a ponto de indicar vários ocupantes dos escalões superiores para a equipe de Taques – exemplo disso é o secretário de Fazenda, Rogério Gallo, que exercia idêntica função com Taques.
O sistema democrático criou a figura da transição. Nesse período a equipe que deixa o poder se junta aos representantes da nova ordem política, numa prestação de contas informal onde são esclarecidos item por item da administração em curso, planejamento etc.
Em 1º de janeiro, ao assumir o governo, Mauro Mendes tinha pleno conhecimento da realidade. Mesmo conhecedor e contando com apoio irrestrito da tradicionalmente governista Assembleia Legislativa e da mídia amiga, o governador caminhou em círculos, não planejou, não executou obras, não desencadeou programas sociais. não conseguiu manter harmonia com servidores e não tem respaldo junto aos prefeitos – muito embora tais autoridades municipais finjam que tudo esteja bem, quando na realidade os 141 municípios estão a um passo do caos, pela incompetência do governo estadual.
Ao longo de seis meses, Mauro Mendes não conseguiu pagar salários em dia e os escalonou. Empurrou professores para uma greve que se arrasta há mais de um mês. Suspendeu pagamentos a fornecedores. Praticamente zerou a realização de obras. Não se cansa de pressionar o empresariado, por maiores alíquotas, novos impostos e o fim dos incentivos fiscais.
Governador sem diálogo, Mauro Mendes passou seis meses sem se reunir com o empresariado em busca do fortalecimento desse setor, para gerar renda, manter e criar empregos, para atrair investidores.
O setor mineral foi tratado com desdém por Mauro Mendes.
Todas as grandes demandas de Mato Grosso foram empurradas com a barriga por Mauro Mendes. Senão vejamos: a retomada ou não da obra do veículo leve sobre trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande. A construção da Zona de Processamento da Exportação (ZPE) de Cáceres. A articulação para a conclusão do Hospital Universitário Júlio Müller. A firmeza política em defesa da territorialidade mato-grossense sobre uma área de 22 mil km² em litígio com o Pará. A retomada das obras estaduais paralisadas. A restauração do Anel Viário Conrado Sales de Brito, em Rondonópolis etc.
Sem planejamento Mauro Mendes não parou para avaliar o que acontecerá com a Segurança Pública nos próximos dois anos, quando boa parte da envelhecida tropa de praças da Polícia Militar e de agentes e delegados da Polícia Civil se aposentará.
Sem executar obra, sem planejar, sem programas sociais Mauro Mendes completa seis meses de governo num Estado que apresenta índice de crescimento econômico chinês enquanto o Brasil se engatinha haitianamente.
Lamentável que isso aconteça. Lamentável também que Mauro Mendes não reconheça sua limitação e transfira a seu vice, Otaviano Pivetta, poderes para entrar em cena, consertar o estrago e criar perspectivas econômicas e sociais para Mato Grosso. Pivetta é homem de visão privilegiada.
Muito lamentável que o governo inoperante, que se esconde sob o falso manto de uma grave crise econômica permaneça contratando servidores comissionados, que não consiga reduz a folha salarial e que empregue mais de 265 barnabés de ouro na Casa Civil.
Pena que a Assembleia Legislativa permaneça crônico puxadinho do Palácio Paiaguás e não defenda Mato Grosso.
Pena que a mídia amiga se mantenha encabrestada. Essa mídia acaba de receber a informação que o governo lhe destinará R$ 70 milhões ao longo deste ano.
Pena que a quase totalidade das redes sociais continue silenciosa diante de tudo isso. Pena que essas mesmas redes sociais continuem se abastecendo de informações divulgadas pela mídia amiga.
Não vejo perspectivas. Torço pra que Mato Grosso resista por mais sete semestres, assim como resistiu a esse primeiro nesta terra de silêncio submisso (e conivente).
Que venham os próximos sete semestres. Força para suportá-los depois de seis meses do governo inoperante de Mauro Mendes.