Rúbia Fernanda e o acordo para implodir Medeiros e salvar Flávio Bolsonaro

Rúbia Fernanda (foto) candidata ao Senado pelo Patriota com apoio do presidente Jair Bolsonaro seria mais que uma mulher na disputa eleitoral ou um golpe político de mestre contra o deputado federal José Medeiros (Pode). Porém, segundo uma fonte em Brasília, tal candidatura se viabilizada seria a chancela para o senador democrata Jayme Campos botar panos quentes na representação suprapartidária no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado contra o senador Flávio Bolsonaro (RJ/sem partido), por suposta quebra de deocoro. Em suma: na capital federal, bem longe de Mato Grosso, estaria em curso um bem arquitetado plano para torpedear José Medeiros e – pasmem! – salvar o pescoço do filho do presidente a um preço impraticável na esfera democrática.

 

O amanhã de Flávio Bolsonaro passa por Jayme Campos

Deputado federal, Medeiros é pré-candidato ao Senado na eleição suplementar marcada para 26 de abril. Da tropa de choque de Bolsonaro, de cada 10 palavras políticas que diz ele menciona seu líder 11 vezes. Portanto, para todos, até então, o deputado era o nome de Bolsonaro na disputa que se avizinha. Mesmo com o surgimento do nome de Rúbia Fernanda, Medeiros permanece em pré-campanha.

Em campanha política não somente o voto é secreto. Números de pesquisas para consumo interno mostraram a alguns caciques mato-grossenses que Medeiros teria chance de se eleger. Isso acendeu muitas luzes amarelos. O ex-deputado federal Victorio Galli (Patriota) percebeu a situação e teria se aproximado de Jayme Campos.  Galli teria convencido o senador a articular com a família Bolsonaro a fritura de Medeiros. Fritar, mas com requinte democrático em nome dos princípios políticos do Capitão ou Mito, que são os nomes com os quais liderados de Bolsonaro consumam se referir a ele. Galli é o que se chama de político eleitoralmente defenestrado, mas sem perder a capacidade de articulação – ou cabala.

Após conversar com Galli, Jayme teria procurado Flávio Bolsonaro. Os dois falaram sobre as eleições em Mato Grosso. A assessoria de Jayme confirma o encontro, mas não tem conheccimento se o assessorado teria sugerido ao filho pra pedir ao pai que indicasse Rúbia Fernanda ao Senado, com suas bênçãos.

O certo é que a família Bolsonaro vestiu a camisa de Rúbia Fernanda deixando Medeiros a ver navios. O que Jayme decidirá no Conselho de Ética o tempo nos dirá. O certo é que o Patriota disputará com Rúbia Fernanda encabeçando uma chapa que entre seus suplentes terá o defenesttrado Galli.

A assessoria de Jayme se comprometeu em informar o posicionamento do senador sobre sua conversa com Flávio Bolsonaro, mas nao o fez. Medeiros não conversa com o autor deste texto e sua assessoria não tem autorização para fazê-lo. O deputado não gostou de uma reportagem publicada pelo repórter em 2011, sobre a fraude na ata da convenção que homologou Pedro Taques (PDT) ao Senado, com Medeiros (PPS) e Paulo Fiúza (PV) nas suplências.

Ainda sobre Jayme: o senador é irmão de Júlio Campos (DEM), que é pré-candidato ao Senado. Não é difícil imaginar que sem Medeiros na disputa, Júlio terá melhor chance de eleição.

Rúbia Fernanda é tenente-coronel da ativa da Polícia Militar e advogada. Nunca disputou eleição. Em boa parte de sua carreira exerceu funções burocráticas. Ela é casada com o tenente-coronel da Polícia Militar Wanderson Nunes de Siqueira, que preside a associação dos oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros. Wanderson em 2018 se candidatou a deputado federal pelo PV e cravou 11.337 votos e não se elegeu.

Leitão é peça desse enredo

EM CASCATA  – A Jogada para lançar Rúbia Fernanda ao Senado não teria ficado apenas a cargo de Jayme.

Outra fonte em Brasília revelou que o pré-candidato ao Senado, Nilson Leitão (PSDB) teria usado sua influência junto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina para sugerir a Bolsonao o nome da tenente-coronel.

A ministra é deputada federal pelo Democratas de Mato Grosso do Sul e dirigiu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a exemplo de Leitão, que agora é consultor altamente remunerado naquele grupo lobista do agronegócio no Congresso.

REPRESENTAÇÃO – Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado desde 25 de setembro de 2019, Jayme tem em mãos uma representação por quebra de decoro parlamentar contra Flávio Bolsonaro.

Jayme cercado pelo partlamentares que pedem a cabeça de Flávio Bolsonaro

Jayme recebeu, na manhá da quarta-feira, 19 de fevereiro, uma comitiva de parlamentares e líderes do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), da Rede Sustentabilidade (Rede) e do Partido dos Trabalhadores (PT) que apresentaram representação por quebra de decoro parlamentar contra o senador Flávio Bolsonaro. Na presidência da Comissão Jayme analisar os fatos apontados na representação e oferecer um parecer sobre o caso.

Entre os argumentos, os parlamentares acusaram o senador Flávio Bolsonaro de possuir fortes e antigas ligações com a milícia no Rio de Janeiro. Também criticaram a postura do senador em postar, na véspera, um vídeo da suposta autópsia realizada no cadáver do ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro Adriano Nóbrega, morto em Esplanada (BA) durante uma ação policial. Nóbrega era procurado pelo seu suposto envolvimento com a milícia carioca e pela suspeita de participação na morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em 2018.

Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Associação dos oficiais da PM e Bombeiros – Rúbia Fernanda então com farda de major

2 – JL Siqueira – Arquivo

3 – Agência Câmara

4 – Agência Senado

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Comentários (3)
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  • Manoel Cuiabano

    Medeiros plantou e está colhendo, seus discursos contra os trabalhadores não lhe deram aval para nada, pois é um nada, sem postura política própria, tentou se dar bem traindo seus eleitores.

  • Eduardo Augusto

    Sem logica e sem sentido essa raciocinio , pois se Jaime Campos fosse negociar alguma coisa com o Presidente Bolsonaro, para não tocar pra frente o processo de cassação do mandato do seu filho Senador Flavio Bolsanaro, ele iria exigir o apoio do Bolsonaro,para o seu irmão e candidato do DEM ao Senado Dr.Julio Campos, e não pedir para lançar uma candidata com apoio do Presidente. Totalmente furada essa sua interpretação.

  • Eduardo

    Não se trata de raciocínio, mas de informação. São fatos. Pena que as fontes, por estranhas razões prefiram o anonimato. Nada mais. Observe: se Jayme poupar Bolsonaro filho, e Bolsonaro pai apoiar Júlio, ficaria muito na cara.